Marx Lenin: conheça a história do 'cria' do Flamengo que vai jogar na Rússia!
Em entrevista exclusiva, o atleta falou sobre suas dificuldades e conquistas
Por Ana Carolina Moraes*
Nascido em Volta Redonda, mas criado em Niterói, o jovem jogador Marx Lenin dos Santos Gonçalves, de 20 anos, deixa os gramados do Flamengo para se dedicar ao futebol russo. O jogador, que treinou futsal por anos na quadra do Tio Sam, localizado no Barreto, agora foi contratado pelo Akron Togliatti, da 2ª divisão da Rússia (antiga União Soviética). Em entrevista exclusiva para o jornal O SÃO GONÇALO, Marx fala sobre suas dificuldades e sobre a trajetória nas categorias de base do Rubro-Negro.
Tudo começou em 2004. Aos 4 anos, Marx começou a se interessar por jogar futsal e sua mãe e seu pai o apoiaram. "Eu comecei a treinar numa escolinha pequena em Volta Redonda. Aos 6 anos, fui pro Sesi e depois tive uma passagem de oito meses pelo Fluminense. Depois, iniciei o treinamento do futsal no Tio Sam e, aos 9 anos, comecei a jogar futebol de campo no Flamengo. Fiquei no Tio Sam até 2011, quando o futsal acabou no local. Depois, fiquei jogando futsal e futebol de campo no Fla. Aos 12 anos, parei de jogar o futsal e me dediquei apenas ao futebol de campo no Flamengo ", disse o jovem sucesso carioca.
O jogador, que nasceu em Volta Redonda, morou no Barreto dos 9 aos 18 anos e já mostrava sua habilidade com a bola pelas 'peladas' da região. "É o que eu amo fazer", disse Marx. O jogador se mudou para Vargem Grande em 2018 para ficar mais perto dos treinos do Flamengo.
Em 2015, ele foi chamado para participar da Seleção Brasileira Sub-15. A partir daí, ele teve seu primeiro contato com os gramados internacionais, já que o Mundial sub-15 ocorreu na França. "Ficamos em quarto lugar, mas foi uma sensação incrível ter jogado lá. Imagina, com 15 anos, tipo uma criança ainda, realizando o sonho. Foi uma emoção muito grande, é o sonho de todo jogador representar o seu país. Jogamos com seleções adversárias maiores que a gente, foi uma experiência importante!", disse o jogador que se prepara agora para ir para a França.
Mas, nem só de vitórias vive o jovem criado no Flamengo. Marx aproveitou a entrevista e relembrou como foi para ele ver alguns de seus companheiros morrerem na tragédia do CT do Ninho do Urubu, que ocorreu em janeiro de 2019.
"Eu lembro que eu estava dormindo em casa, porque a minha categoria sub-20 estava de férias. Minha mãe me acordou desesperada e me contou o que aconteceu. Eu achei que a área que estava pegando fogo era a parte da área dos monitores, quando eu liguei a TV, eu vi que a parte que estava pegando fogo era do alojamento e, inclusive, eu já tinha ficado lá. A partir daí, eu comecei a chorar e contei para minha mãe que a parte que estava queimando era a dos atletas", disse Marx.
Ele contou que os jovens que morreram eram da categoria sub-14/sub-15. Marx contou que conhecia muitos desses jovens e que eles se espelhavam na categoria dele para evoluírem no esporte.
"Foi um choque! Lembro que me arrumei e fui para o Ninho. Vi lá os pais e mães dos atletas. Eles eram só crianças brincando de ser jogador, todo mundo ali buscando dar um futuro melhor para sua família, alguns vieram de longe para realizar o sonho ainda novos. Foi triste! Como sempre fomos mais velhos, eles se espelhavam na gente e a gente neles. Tratávamos eles com o maior carinho", disse Marx emocionado.
Não poderíamos deixar de perguntar a Marx Lenin sobre a curiosidade de seu nome. Isso porque, desde novo, ele é questionado sobre o fato de se chamar "Marx", como o filósofo Karl Marx, e "Lenin", do ex-primeiro-ministro da União Soviética (atual Rússia) Vladimir Lenin.
"Quando me perguntaram a primeira vez, eu era pequeno e nem sabia responder quem era Marx ou Lenin. Minha mãe, então, respondeu a pergunta e chegou em mim dizendo que eu deveria passar a estudar quem eram eles, porque daqui pra frente essas perguntas sobre o meu nome aumentariam", disse Marx em meio às risadas.
O nome, na realidade, é uma homenagem ao pai de Marx, Antônio Marques, que faleceu em 2016. A mãe do jovem jogador queria homenagear o nome do pai, mas escrevendo de uma forma diferente, daí surgiu o Marx. Já o nome Lenin, foi por questão de estilo.
Marx, que finalizou seu contrato com o Flamengo no início deste ano, agora se prepara para viajar para a Rússia. "O Akron Togliatti entrou em contato com meu empresário no mês passado e me chamou para essa nova aventura. Eu aceitei! Acho que no começo vou demorar um pouquinho a me acostumar pela questão da saudade, mas depois, eu me acostumo", disse ele que contou que a felicidade contagiou sua família. "Creio que meu pai está lá de cima muito feliz por mim também", disse ele.
Marx ainda não possui uma data para sua ida a Rússia. No entanto, ele já afirmou que está se preparando para a sua adaptação em um dos países mais frios do mundo. "Eu gosto de frio, mas o de lá é surreal! Mas, vamos nos acostumar. Sobre o idioma, por enquanto, eu só falo inglês, mas vou me adaptar", disse o jogador de 20 anos.
Para quem quiser acompanhar mais sobre a vida de Marx e seu mais novo desafio na Rússia, basta seguir o mesmo em seu Instagram: @_10marx.
Para conferir a matéria anterior sobre a contratação de Marx no Akron Togliatti, basta clicar aqui.
*Estagiária sob supervisão de Marcela Freitas