Familiares acusam Pronto Socorro de São Gonçalo de negligência médica
Médicos desobedeceram ordem judicial
Por Marcela Freitas
Familiares do motorista Leonardo Pinto dos Santos, de 42 anos, acusam médicos do Pronto Socorro de São Gonçalo (PSSG), no Zé Garoto, de negligencia médica e desobediência à ordem judicial. Leonardo morreu menos de 48 horas após dar entrada na unidade com diagnóstico de Acidente Vascular Cerebral (AVC).
De acordo com o administrador Claudio Barbosa, de 42 anos, cunhado da vítima, Leonardo que era morador do Galo Branco, foi levado ao hospital, na última sexta-feira (4), com diagnóstico inicial de AVC. No entanto, de acordo com familiares, uma tomografia para confirmar a suspeita só foi feita após insistência, na madrugada de sábado para domingo, quando conseguiram transferi-lo numa ambulância especial para o Hospital Estadual Alberto Torres (Heat), no Colubandê, já que o tomógrafo da unidade municipal estaria quebrado.
“Ficamos sabendo da internação no sábado e, de imediato, fui ao hospital. Quando cheguei, o primeiro questionamento que fiz foi a respeito da tomografia, já que só ela poderia mostrar se era AVC hemorrágico ou isquêmico. A médica disse que não havia feito porque a esposa dele não levou a identidade. Mesmo achando estranho, fui até à casa deles e, em menos de 15 minutos, retornei com o documento. Ela disse que necessitaria transferi-lo para o Heat, mas não havia ambulância. Fui até o hospital pedir ajuda e no caminho fomos informados que a Samu iria fazer a remoção até o Colubandê”, disse o cunhado.
Constatada a hemorragia, a unidade estadual não pode manter internado o paciente lá, que voltou para o PSSG. Familiares decidiram, então, procurar o plantão judiciário do Tribunal de Justiça, no Rio, para tentar a liberação de Leonardo da unidade municipal para algum outro hospital. O pedido da família foi deferido pelo juiz. Mas, para a transferência, a família precisava de um laudo dos médicos do PSSG sobre o caso, negado pelos profissionais, mesmo com ofício judicial em mãos.
“Pedi ao médico o laudo e ele disse que não daria. Fui ao plantão judiciário, que me garantiu que ele deveria cumprir a ordem. Voltei ao hospital e a resposta que recebi do médico era que ele poderia esperar 12 horas para responder”, disse Claudio.
De acordo com a irmã de Leonardo, a esteticista Luciana Oliveira, 38, desesperados, os familiares recorreram à Polícia Militar, que foi ao local e informou não se tratar de um caso de polícia. Mas, percebendo a aflição dos parentes, os policiais prometeram conversar com os médicos. Na volta, informaram sobre a morte do paciente, que morreu às 7h40 de domingo.
“Foi a PM que nos deu a notícia da morte. Meu irmão já estava morto e eles não nos falaram. O que fizeram foi de estrema crueldade. Pessoas habilitadas para salvar vidas estão matando. Se meu irmão tivesse recebido um atendimento adequado, poderia estar conosco”, disse. A família pretende entrar na Justiça contra o PSSG, acusando de negligência médica e desobediência de ordem judicial. Um registro policial foi feito na 72ª DP (Mutuá).
“Vamos entrar na Justiça contra esse hospital. Não pelo dinheiro, porque isso não vai trazer meu irmão de volta. É pelo descaso. Essas pessoas irresponsáveis precisam de punição. O que aconteceu com a minha família foi desumano e cruel”, afirmou.
A assessoria de imprensa da Prefeitura de São Gonçalo foi procurada, mas não deu retorno até o fechamento desta edição.
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