Após reportagem de OSG, filho reencontra idosa no Abrigo Cristo Redentor
Célia não via a família há 17 anos
Em junho de 2015, O SÃO GONÇALO publicou em uma das matérias da série de reportagens: “Residentes do Abrigo Cristo Redentor”, a história de Célia Maria Carelli Braga, de 69 anos, que residia na instituição e acalentava o sonho de rever seus três filhos: Alexandre e os gêmeos Graucio e Greice. Passados mais de dois anos, Célia conseguiu realizar seu sonho. Ela reencontrou, na última quarta-feira, Graucio Carelli Silva, de 43 anos, após 17 anos de afastamento.
O reencontro deles foi emocionante e com direito a muitos abraços, beijos e lágrimas. Durante o reencontro, ela ficou sabendo que seu filho nunca desistiu dela e, em todo esse tempo, buscou informações que levassem a ela.
“Foi muito emocionante rever minha mãe. Eu tremia muito e mal conseguia controlar a ansiedade. Pelas minhas contas, nosso afastamento aconteceu há 17 anos. Minha mãe morava com minha tia e foi passar um período com meu irmão. Em uma visita à casa da minha avó, que era idosa, ela fugiu e ficou pelas ruas. Procuramos muito, mas sem respostas. Dois anos depois do desaparecimento, meu pai faleceu e deixamos de intensificar as buscas, mas nunca desisti dela”.
Após ir para as ruas, Célia foi resgatada pela Fundação Leão XIII e foi levada para Itaipu. Lá, ela morou por 11 anos e perdeu toda a referência familiar. Em 2012, quando foi levada ao Abrigo Cristo Redentor, a história começou a mudar, graças ao projeto “Reencontro com famílias - realizado pelos setores de Serviço Social e Psicologia do Abrigo em parceria com Grupo de Apoio aos Promotores (GAP) do Ministério Público Estadual. Através do projeto, uma irmã da idosa foi localizada e hoje é a sua curadora.
“Não imaginava que ela estava aqui. Mas a vontade de encontrá-la foi despertada após uma conhecida falar que havia visto uma senhora parecida com ela. Como não tinha muito contato com a minha tia Sônia, que é curadora dela; e com minha prima Jaqueline, passei a fazer uma busca nas redes sociais. Adicionei todas as Jaquelines de Campo Grande em uma rede social, até que um dia recebi a resposta de que havia achado minha prima. Começamos a conversar e ela falou que minha mãe residia neste abrigo. Marcamos o encontro e me surpreendi com o que vi. Minha mãe está ótima e bem lúcida. Bem diferente da última imagem que tínhamos dela. Agora, estou tentando levar meus irmãos lá também”, contou Graucio.
Sonho realizado
“Todas as vezes que deitava a cabeça no travesseiro pedia a Deus para reencontrar meus filhos. Tínhamos uma relação muito afetuosa. Quando vi o Graucio nem acreditei que meu filho se tornou um homem tão bonito. Estamos programando passar o Natal juntos. Vamos também passear. Agradeço muito a Jesus por esse reencontro”, revelou.
Célia conta que viveu muitos conflitos familiares com o ex-companheiro. Com um histórico de agressões, ela chegou a se separar, mas grávida do primeiro filho retornou para casa. Após o nascimento de Alexandre, ela engravidou novamente, desta vez, dos gêmeos Greice e Graucio. Mas as brigas continuaram, e as agressões aumentaram.
Ela, então, desesperada, se separou, mas foi impedida pelo ex-companheiro de levar os gêmeos. Célia entrou em depressão, e um dia saiu da casa em que vivia com o filho mais velho, sem dar notícias.
Foram anos vivendo nas ruas, que ela não sabe nem precisar ao certo até que, em 2001, ela foi resgatada pela Fundação Leão XIII.
Mais reencontros
O projeto “Reencontro com famílias” já aproximou, desde 2009, mais de 30 idosos do Abrigo Cristo Redentor de seus parentes.
“O Trabalho aqui é permanente na busca por esses familiares. Ficamos muitos felizes quando esses reencontros acontecem. A Célia ia quase que diariamente na sala do serviço social pedindo que reencontrássemos a família dela. Chegamos primeiro a irmã e agora ao filho. Agora, o próximo passo será reaproximar os outros filhos”, contou a assistente social Danielle Santos.