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Casos de chikungunya aumentam 900% em São Gonçalo

Levantamento foi feito de janeiro à abril

relogio min de leitura | Escrito por Redação | 04 de junho de 2018 - 08:20
Segundo infectologista, é necessário ter certeza da doença para um tratamento adequado
Segundo infectologista, é necessário ter certeza da doença para um tratamento adequado -

Por Elena Wesley

Com a proximidade do inverno, o índice de chuvas cai e, assim, imagina-se, o risco de acúmulo de água parada em recipientes ou poças d’água. No entanto, a redução nas chuvas não tem sido refletida diretamente numa queda significativa dos casos de doenças transmitidas pelo mosquito Aedes Aegypti. Ao contrário, o número de pacientes com chikungunya em abril desse ano subiu mais de 1200% em relação ao mesmo período do ano anterior em São Gonçalo. Foram 1.045 em 2018, enquanto 2017 registrou 75 casos. Aliada à alta incidência, multiplicam-se também as dúvidas. É normal apresentar sintomas associados a mais de uma doença? É possível contrair duas ao mesmo tempo? Como amenizar os sintomas?

Em entrevista a O SÃO GONÇALO, o infectologista Edimilson Migowski, presidente do Instituto Vital Brazil (IVB), respondeu aos questionamentos. Segundo o especialista, há, de fato, chance de ser infectado por mais de um vírus transmitido pelo Aedes.

“Contrair mais de uma doença não é impossível, porém são casos raros. O que confunde muitos pacientes é ser diagnosticado com uma das doenças e apresentar sintomas comuns a outra”, afirmou.

Quanto ao segundo caso, Migowski explicou que pacientes diagnosticados com chikungunya podem apresentar manchas vermelhas, sem que também tenham zika.

“Embora seja um dos principais sintomas em pacientes com zika, é normal apresentar as manchas também na dengue e na chikungunya. Na verdade, há diversos sintomas em comum entre as três: febre, mal-estar, dores pelo corpo, dor de cabeça, cansaço. Daí a importância de procurar atendimento médico e fazer os exames de sangue para identificar qual a doença contraída”, destacou.

O infectologista também ressaltou a necessidade de procurar ajuda profissional em relação ao uso de medicamentos. Segundo Migowski, a automedicação é um risco, já que as doenças se parecem.

“O que serviu para o vizinho pode não servir para você, ainda que os sintomas sejam semelhantes. Estamos falando de doenças letais, isto é, que podem levar à morte. A avaliação de um profissional da saúde é fundamental, pois ele poderá identificar se o quadro é leve ou grave e passar as recomendações. Além disso, febre, dor de cabeça e cansaço são comuns para outras doenças, logo o uso de medicamentos com base em paracetamol ou ácido acetilsalicílico não é recomendado, pois essas substâncias podem causar complicações no fígado ou aumentar as chances de hemorragia”, salientou Migowski.

Repouso é fundamental

As dores nas ‘juntas’ têm sido constante reclamação de pacientes com chikungunya, mesmo após a normalização das taxas no sangue. De acordo com Edimilson Migowski, quem já possui doenças que comprometem as articulações ou costuma sentir dores nestes locais está mais propenso a perceber uma piora nesses sintomas ao longo e após o tratamento.

“A chikungunya pode intensificar problemas crônicos nas articulações, favorecendo a erosão das cartilagens, uma espécie de envelhecimento das juntas. Por isso, o repouso de duas a três semanas é tão importante para a recuperação”, declarou.

Tratamento - O infectologista acrescentou que, em geral, não existe uma medicação específica para frear os vírus. Os profissionais da saúde receitam analgésicos e anti-inflamatórios que amenizem os sintomas, indicam repouso e ingestão de água e alimentação balanceada, além de acompanhar as taxas de substâncias sanguíneas. Contudo, “muitos médicos têm receitado nitazoxanida, já utilizada contra o rotavírus. Estudos quanto aos efeitos desse medicamento para as doenças transmitidas pelo mosquito têm avançado”, concluiu.

Dados - De janeiro a abril de 2018, São Gonçalo apresentou aumento nos casos de dengue e chikungunya e redução nos de zika, segundo informações da Secretaria Municipal de Saúde. O período registrou 1.424 pacientes com dengue, somente 21 a mais do que o ano anterior. Os números de zika caíram de 833 em 2017, para 525 nesse ano.

Os números de chikungunya são os mais alarmantes. De apenas 265 casos nos quatro primeiros meses do ano passado, o município registrou 2.742 em 2018, o que equivale a um crescimento de mais de 900%. Os bairros Amendoeira, Sacramento e Pacheco lideram o ranking de mais atingidos pelas doenças.

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