Centro espírita é atacado e tem mais de 50 imagens destruídas
Caso aconteceu em Tanguá
Por Marcela Freitas
Mais de 50 imagens quebradas e anos de histórias destruídos. Esse foi o cenário que uma mãe de santo de Tanguá encontrou ao abrir seu terreiro, na manhã de sexta-feira, no bairro de Duques. Vítima de uma suposta intolerância religiosa, a umbandista procurou a 71ª DP (Itaboraí), para registrar o caso.
A vítima contou a polícia que é responsável pelo centro espírita de Ile Oya. Às 6h30 de sexta-feira, ela foi ao terreiro, na Rua dos Hibisco, que fica próximo de seu imóvel, e quando chegou ao local, se deparou com várias portas do templo arrombadas e todas as imagens destruídas.
A mãe de santo disse ainda à policia que não escutou qualquer barulho durante o ataque. A religiosa explicou que não tem inimigos na região e que não sofreu ameaças anteriores.
Procurada pela equipe de reportagem de OSG, a mãe de santo informou que prefere não comentar o caso. A polícia Civil já solicitou imagens de câmeras de segurança do entorno que podem ter flagrado a invasão no templo.
Crimes crescem - Na Baixada Fluminense, pelo menos sete terreiros, foram vítimas de intolerância religiosa, assim como seus sacerdotes. Os ataques estariam relacionados a traficantes e 10 já foram indiciados pela Polícia Civil, suspeitos do ataques. De acordo com dados da Secretaria de Estado de Direitos Humanos e Políticas para Mulheres e Idosos, em menos de um mês, foram registradas na pasta 32 denúncias de intolerância religiosa. Os ataques estariam relacionados à traficantes cristãos e pelo menos 10 já foram indiciados pela Polícia Civil do Rio, suspeitos dos crimes.
Novo aplicativo ajuda população a denunciar
O ataque ao centro espírita de Tanguá aconteceu quatro dias antes do lançamento do aplicativo “Oro Orum- Axé eu respeito”, que tem com objetivo de facilitar a recepção de denúncias contra intolerância religiosa, principalmente contra seguidores da Umbanda e Candomblé. Aos dados coletados vão gerar um mapeamento dos ataques dos terreiros para facilitar as investigações.
Para o Babalorixá Gilmar Oya, coordenador da Comissão de Matrizes Africanas de São Gonçalo (COMASG), que também integra a comissão responsável pelo aplicativo, disse que esse tipo de crime ainda é possível porque faltam políticas públicas voltadas para o povo de Matriz africana.
“ Temos dificuldades para registrar as nossas casas e enfrentamos preconceito até em cartórios, além da burocracia. Sem esses dados não temos o quantitativo de pessoas e isso implica na dificuldade de se fazer políticas publicas. Ficamos tristes com mais esses episódio", declarou.
Gilmar aconselhou a mãe de santo do terreiro invadido a procurar o Centro de Promoção da Liberdade Religiosa & Direitos Humanos (CEPLIR), programa do Governo do Estado para o enfrentamento da intolerância religiosa e promoção dos direitos humanos.
"Não temos em nosso código penal a tipificação de intolerância religiosa. Em casos de danos a templos religiosos, a polícia registra como Injúria, invasão e coisas deste tipo. ", revelou.
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