Sete mortos no Salgueiro ainda são mistério para Divisão de Homicídios
Moradores protestaram por justiça
Sete mortes sem autoria. Depois da Secretaria de Segurança do Rio de Janeiro confirmar a participação da Coordenadoria de Recusos Especiais (Core) e de militares do Exército na operação no Complexo do Salgueiro, em São Gonçalo, no último sábado, as duas instituições negam ter realizado os disparos que vitimaram os homens.
Enquanto isso, a Divisão de Homicídios de Niterói (DHNSG) segue investigando o caso e já descobriu que uma das vítimas, Vitor Hugo de Castro, de 28 anos, não fazia parte do quadro de motoristas do aplicativo Uber como afirmava sua família.
O Delegado Marcus Amim, da DHNSG, que está à frente das investigações, afirmou que descobrir quem atirou contra as vítimas é uma das principais frentes do caso.
“Este é um dos principais objetivos do inquérito policial. Saber se houve confronto, e se teve, saber quais foram as circunstâncias. Quem efetivamente participou e quais agentes públicos participaram e efetuaram os disparos que acabaram vitimando estas sete pessoas”, disse.
Em depoimento na DH, agentes da Core afirmaram que não entraram em confrontos no dia da operação. Na contramão, o comando do Exercito também nega que os militares tenham feito qualquer disparo na Comunidade. Aproximadamente 15 fuzis, todos da Core, foram apreendidos e enviados para perícia. Caso o resultado seja negativo, o caso será levado até a Justiça Militar.
Motorista de aplicativo - Depois da família das vítimas acusarem a polícia de terem executado inocentes e trabalhadores, entre eles um motorista do Uber, a empresa de transportes negou que Vitor Hugo de Castro tenha registro como colaborador do aplicativo.
Investigação - Segundo Amim, a polícia já tem conhecimento que nenhum dos envolvidos tinham relação com a Uber e informou que as investigações seguem para que se descubra qual tipo de trabalho cada vítima realizava.
Fotos - A Polícia Civil divulgou, na noite de domingo, imagens que mostram os corpos dos envolvidos nas margens de uma área de mata.
De acordo com os agentes, as fotos provam que o confronto aconteceu a aproximadamente dois quilômetros de onde acontecia um baile funk e somente homens que atiraram contra a polícia foram atacados. As imagens mostram também que a DH realizou perícia em todos os sete corpos, contrariando a versão falada pelos familiares dos envolvidos.
Manifestação
Na manhã de ontem, cerca de 150 moradores do Complexo do Salgueiro, em sua maioria mototaxistas, realizaram uma manifestação na altura do KM 310, no Porto do Rosa. O grupo cobrava justiça, já que segundo eles, na operação realizada pela Core e Exercito, no último sábado, sete pessoas foram mortas, entre elas inocentes.
O grupo chegou a rodovia por volta das 10h45 munidos de cartazes e pneus que seriam incinerados. Com a chegada da PRF os manifestantes desistiram de obstruir as pistas com os objetos. A Policia Militar foi acionada e conseguiu fazer com que o grupo recuasse e as pistas fossem reabertas ao trânsito de veículos. Os manifestantes permaneceram no local até às 12h.