PM é morto a tiros em São Gonçalo
Cabo saía de casa em veículo blindado quando foi alvo de disparos de fuzil
Por Gustavo Carvalho e Thuany Dossares
Lotado no 12ºBPM (Niterói), o cabo Luiz Carlos Barbosa de Lima Júnior, de 31 anos, mais conhecido como Multlock, foi assassinado com tiros de fuzil, na manhã de ontem, no bairro Porto da Pedra, em São Gonçalo, quando saía de casa para trabalhar.
Policiais da Divisão de Homicídios de Niterói, Itaboraí e São Gonçalo (DHNISG) estiveram no local do crime, que aconteceu por volta das 5h45, na Rua Camilo Flamarion.
De acordo com testemunhas, os autores dos disparos - que estavam num Fiorino branco, sem placa - aguardaram a saída do policial. O pai da vítima contou que ouviu o barulho dos tiros e, primeiramente, acreditou que a residência estava sendo invadida. No entanto, ao perceber que o carro do filho não estava mais na garagem, foi até o portão e acionou a polícia.
“Não vi o carro dele e na mesma hora saí de casa com a certeza de que meu filho tinha atirado contra alguém ou que alguém tivesse atirado contra ele”, recordou.
Multlock chegou a ser socorrido pelo pai e pelos PMs e encaminhado o Pronto Socorro São Gonçalo (PSSG), no Zé Garoto, mas não resistiu aos ferimentos.
Segundo o delegado Gabriel Poiava, responsável pela investigações, o veículo blindado de Multlock, o Jetta de cor prata, placa KVL-2062, foi atingido por pelo menos 15 disparos de fuzil AK-47, calibre 7.62, no lado do motorista.
“Ainda é cedo para apontar suspeitos ou o que pode ter ocasionado o crime, mas a principal linha de investigação é a execução, claramente. Vamos esperar os resultados da perícia”, comentou o delegado.
Há cerca de cinco anos na corporação, o cabo integrava o Grupamento de Ações Táticas (GAT) do 12ºBPM. O comandante da unidade, coronel Gilson Chagas, lamentou a morte do agente
“Era um policial vibrante, combatente, realizava excelentes prisões. Mais uma vida perdida”, comentou o oficial.
Perfil operacional - Uma das últimas operações realizadas por Multlock ocorreu na noite de quarta-feira, no Morro do Palácio, no Ingá, em Niterói, onde ele e sua equipe prenderam Anderson Souza Leite, o Bozo, 37, considerado um dos bandidos mais procurados do município.
O pai do policial falou sobre o orgulho que o filho tinha da profissão. “Júnior era um menino muito bom, ótimo filho. A PM estava no sangue dele, corria pelas veias. Ele amava ser policial, vibrava com todas as ocorrências e nunca fugiu da guerra”, disse muito emocionado.
Recentemente, o cabo chegou a fazer menção, numa rede social, sobre um possível atentado sofrido, na última quinta-feira. “Dias sim, dias não, eu vou sobrevivendo sem um arranhão... Aos que tentaram contra mim nessa manhã chuvosa de quinta, só um aviso: Sigo invicto..”, postou em sua página pessoal.
Colegas de farda do militar comentaram que traficantes de algumas comunidades de Niterói, como Vila Ipiranga, no Fonseca, soltaram fogos para comemorar a morte do PM.
O corpo de Multlock será enterrado hoje, às 10h30, no Cemitério de São Gonçalo. Ele era casado há dois anos e deixa um filho de 2 meses.
Recordando - No ano passado, dois policiais do 12º BPM também foram assassinados com tiros de fuzil, fora de horário de serviço. No dia 14 de novembro, o sargento Douvair Martins de Vasconcellos, 42, foi morto após ter a sua casa, em Itaipuaçu, Maricá, invadida por quatro homens armados com fuzis. Em fevereiro, o sargento Joílson da Silva, 40, foi executado com mais de 20 tiros de fuzil, no Morro do Castro.