Um morto e outro baleado na ‘guerra’ pelo Abacatão
Por Thuany Dossares
A disputa entre traficantes e milicianos pelo controle territorial do Morro do Abacatão, no bairro Boa Vista, em São Gonçalo, fez mais duas vítimas, na noite da quinta-feira. Elinto Castro, 50, responsável pela distribuição da água para a comunidade, foi assassinado e um adolescente, de 16 anos, acabou baleado.
De acordo com a polícia, homens armados teriam ido de carro até a Rua Araguacema e chamaram as duas vítimas para conversar. Após uma breve discussão, os bandidos efetuaram diversos disparos e fugiram.
Elinto foi baleado no tórax e no abdômen, enquanto o adolescente foi atingido por disparos no abdômen, braços e pernas. Eles foram levados para o Pronto Socorro de São Gonçalo (PSSG), no Zé Garoto, onde o adolescente passou por cirurgia. Já Elinto não resistiu aos ferimentos.
O caso foi registrado na Divisão de Homicídios de Niterói, Itaboraí e São Gonçalo (DHNISG). De acordo com as investigações, o crime teria sido cometido por traficantes do Morro do Feijão, no Paraíso, que já foram identificados pela especializada.
Em outubro do ano passado, OSG publicou, com exclusividade, uma reportagem sobre ‘guerra’ travada entre traficantes e integrantes de um grupo paramilitar na comunidade, que já deixou pelo menos 20 mortos. As investigações apontaram que os crimes estariam relacionada à disputa por uma cadeira na Câmara de Vereadores da cidade. O Morro do Abacatão teria sido arrendado a traficantes do Morro do Feijão em troca de apoio político - através do chamado ‘voto de cabresto’, ao possível candidato a vereador a ser indicado por um ex-policial, que também acabou assassinado.
No acordo, os criminosos poderiam atuar vendendo drogas na comunidade, enquanto o outro grupo continuaria a controlar a venda de água e a distribuição de sinal clandestino de TV a cabo, conhecido popularmente como ‘gatonet’. Uma das vítimas seria o líder comunitário Custódio Bento Martins, 43, executado a tiros dentro de casa, em julho de 2015. Assessor de um vereador, ele teria demonstrando insatisfação com a presença de traficantes na comunidade.
No mês seguinte, Jorge Luiz Braga Antunes, o Azul, 46, também foi assassinado dentro de casa em circunstâncias semelhantes. No intervalo entre esses dois crimes, outras duas pessoas foram mortas.