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Traficante 2N, do Salgueiro, teria ordenado execução de PM

Restos mortais que podem ser do militar foram enterrados

relogio min de leitura | Escrito por Redação | 26 de julho de 2018 - 06:55
Emoção marcou sepultamento de restos mortais no Cemitério Memorial Parque Nicteroy. 2N teria ordenado crime
Emoção marcou sepultamento de restos mortais no Cemitério Memorial Parque Nicteroy. 2N teria ordenado crime -

Por Marcela Freitas

“Se ele tivesse atendido a denúncia talvez, agora, meu irmão pudesse estar vivo. Ou se estivesse morto, não estaria carbonizado. A omissão deste policial militar não vai me permitir abraçar ou beijá-lo, mesmo que seja uma última vez”. O depoimento emocionado é do bispo Simões Rodrigues, irmão do cabo da PM Samuel Ribeiro da Silva, 39 anos, lotado no Batalhão Especial Prisional (BEP), que foi sequestrado, torturado e teve o corpo carbonizado, no último domingo, após sair da casa de um familiar, no bairro Porto do Rosa, para abastecer o carro.

Uma testemunha teria ligado para o 190 e informado sobre o ocorrido, mas um oficial que estava de plantão julgou que seria arriscado atender a ocorrência à noite. A suspeita é que a ordem para queimá-lo tenha partido de Thomás Jhayson Vieira Gomes, o 2N, do Complexo do Salgueiro.

Na tarde de ontem, o militar foi sepultado no cemitério Memorial Parque Nicteroy, em Vista Alegre. Apesar de não ter sido concluído o laudo do DNA, a família optou por sepultar os restos mortais encontrados dentro do automóvel.

“Só o resultado do exame vai nos dar a certeza de ser o Samuel. Mas como todas as características nos levam a acreditar nisto, optamos em conjunto, os seis irmãos (eram sete com Samuel o mais novo entre os homens), em fazer o sepultamento e minimizar essa dor que estamos passando”, explicou o bispo Simões.

Ainda segundo Simões, o sistema precisa ser mudado. Para que mais famílias não passem pelo que eles estão passando. “Só este ano, 60 famílias de policiais já choraram seus entes. Do que adianta divulgar o contato do Disque Denúncia, se quem está lá na ponta recebe a denúncia se omite. Aquela pessoa que ligou foi ungida por Deus e tentou salvar a vida de meu irmão. Tudo isso poderia ser diferente. Ou não, mas nos daria uma chance. Se o tráfico cresce tanto é porque alguém financia. Amo o Brasil, mas é preciso mudar. Se não, quantas famílias ainda vão chorar até o final deste ano”, lamentou. Apesar de toda a dor, o bispo garantiu que vai “orar pelo tenente que rejeitou o chamado, para que ele tenha misericórdia de Deus”.

Recordando - Um corpo foi encontrado carbonizado dentro de um carro, no início da tarde segunda-feira, em Guaxindiba, São Gonçalo. A Divisão de Homicídios de Niterói, Itaboraí e São Gonçalo (DHNISG) investiga se a vítima seria o cabo da PM Samuel. O militar está desaparecido desde o final da tarde do último domingo, quando saiu da casa da avó de sua esposa, no Portão do Rosa, para abastecer seu carro, um Hyundai HB20 branco, por volta das 17h30, e não retornou.

De acordo com informações da Polícia Militar, por volta das 19h de domingo, uma pessoa ligou para o 190, através de um telefone público (orelhão), para denunciar que o motorista de um HB20 branco, que passava pela Avenida Flávio Monteiro de Barros, havia sido abordado por traficantes e identificado como PM. No entanto, um oficial que estava de serviço na supervisão do 7ºBPM (São Gonçalo), teria cancelado o acionamento, alegando que a denúncia não tinha detalhes suficientes que pudessem confirmar que a vítima seria um policial. Além disso, o oficial militar ainda teria afirmado que o local se tratava de área de risco, não se tendo condições de ir ao endereço no período noturno.

O oficial do 7ºBPM está preso disciplinarmente.

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