Férias em São Gonçalo: Conheça os principais pontos turísticos da cidade
Cidade tem elegantes obras de arquitetura colonial
Localizada a cerca de 120km da Região dos Lagos e 30 da capital, São Gonçalo é amplamente conhecida como acesso às principais zonas turísticas do Estado mas, tem sua própria relevância nessa área, muitas vezes, negligenciada. Fundado pelo colonizador Gonçalo Gonçalves em 6 de abril de 1579, o município abriga alguns dos principais remanescentes da arquitetura colonial no Brasil, além de diversas opções de lazer e ecoturismo com suas APA’s e belas vistas da Baía de Guanabara.
Originalmente habitada pelos índios tamoios, a região desmembrada pelos jesuítas ao fim do século XVI é lar de construções significativas para a história nacional. Entre estas, podemos destacar a Fazenda Colubandê, instalada pelos próprios jesuítas ao começo do século XVII, que foi um dos primeiros bens reconhecidos pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) como vultoso elemento remanescente da arquitetura colonial brasileira, e o Centro de Memória da Imigração de Ilha das Flores, um marco para história dos movimentos migratórios no país.
O professor de história da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), Rui Aniceto de Nascimento Fernandes, discorreu sobre a significância histórica e cultural do patrimônio material gonçalense para o país.
“Nós temos ainda alguns remanescentes do período colonial que são construções significativas, não só para São Gonçalo mas, para a própria história nacional. A Capela da Luz, a Igreja Matriz e a Fazenda do Engenho Novo, que é a fazenda do Barão de São Gonçalo, por exemplo, são bens importantes desse período entre o século XVII e o século XVIII. Mas a gente tem outros que também caracterizam essa história ao longo do tempo, como as estações ferroviárias do século XIX, especialmente a garagem inicial da Estrada de Ferro Maricá, que hoje é a delegacia e o presídio em Neves, e a Praça dos Ex-Combatentes, que é um outro conjunto arquitetônico importante remetendo à participação brasileira e gonçalense na Segunda Guerra Mundial, entre várias outros. Então você tem uma diversidade de patrimônio cultural ainda disperso pelo município que permite fazer com que se conheçam vários elementos da história da cidade.”, evidenciou Rui.
Mas o turismo no município não se limita ao seu patrimônio histórico e cultural. Com extensas áreas de preservação ambiental (APA’s) e uma vista privilegiada da Baía de Guanabara, São Gonçalo conta ainda com variadas opções de ecoturismo para os amantes da natureza. Um bom exemplo é a Fazenda Santa Edwiges, que oferece a seus visitantes uma gama de atividades ao ar livre como trilhas, passeios de bicicleta e até mesmo rapéis. Lá estão situados o Alto da Gaia, ponto mais alto da cidade com mais de 530m de altitude e um visual pitoresco da região, e as Cavernas de Santa Izabel, com seus mais de 10 mil metros quadrados de extensão, parcialmente inundados pelas águas de um lençol freático.
Outra alternativa é o Centro de Convivência Socioambiental da Mata Atlântica, um espaço de lazer e contemplação do meio ambiente, localizado na APA Estâncias de Pendotiba, que há pouco mais de um ano integra a agenda turística da cidade. Rui também falou sobre o papel que o patrimônio natural gonçalense desempenha no desenvolvimento da sociabilidade e do turismo locais.
“O patrimônio natural não trata exclusivamente do aspecto ambiental, mas também de como a comunidade se identifica e apropria desse espaço, dessa natureza. Nós temos as APA’s no Engenho Pequeno, no Alto do Gaia, nas Estâncias de Pendotiba, por exemplo, que nos chamam a atenção sobre a forma como o homem se relaciona com a natureza e a importância da manutenção disso. Temos o projeto Remoma, de Reflorestamento do Morro da Matriz, que em 20 anos conseguiu transformar aquela área em um bolsão verde no Centro da cidade. A própria Praça Estefania de Carvalho que é um espaço em que essa questão ambiental interage com um projeto paisagístico, histórico e cultural, porque tem marcas, como o próprio busto da professora Estefânia de Carvalho, que remetem aos estabelecimentos escolares da cidade, que nos permitem pensar esse espaço como uma confluência de patrimônio material, imaterial e natural.”, explicou o professor da UERJ.
A Praia das Pedrinhas, na Boa Vista, é outro ponto importante da cidade. Às margens da Baía de Guanabara, o local oferece uma das vistas mais bonitas da região e a oportunidade de conhecer um valioso elemento da cultura local em sua colônia de pescadores. Agora Patrimônio Público Cultural de Natureza Imaterial e Religioso de São Gonçalo, o tradicional “Presente de Iemanjá” também tem lugar lá. A celebração acontece anualmente, todo dia dois de fevereiro, e reúne milhares de fiéis de religiões de matriz africana.
Rui fez questão de ressaltar ainda o importante papel que a apropriação e valorização de seu patrimônio desempenham para o desenvolvimento de um município, alertando para a necessidade de se ter mais políticas públicas visando a preservação e reconhecimento desses espaços.
“Nós precisamos ter mais ações do poder público para que esses lugares possam ser reconhecidos pela comunidade como espaços importantes de história, de memória, de natureza, de lazer e de cultura. O patrimônio só tem sentido quando ele faz sentido para sua comunidade, sua importância tem a ver com a visibilidade da cultura local, fazer com que as pessoas vejam, conheçam e reflitam sobre essas experiências históricas. Se você tem um bem patrimonial, que as pessoas não vivenciam, do qual não se apropriam, elas não veem sentido em sua preservação e manutenção. Então, o patrimônio tem esse papel de fazer com que as pessoas pensem sobre este processo de transformação [da sociedade] e ressignificação [de suas práticas].”, explicou ele.
Estagiário sob supervisão de Marcela Freitas*