Jornateca Luís Gama: projeto incentiva a leitura e a cultura no Barro Vermelho
Banca de jornal foi remodelada e cumpre nova função: empréstimo de livros de literatura. Em agosto, projeto completa um ano em funcionamento
Incentivar novos leitores de todas as idades e disseminar o poder da leitura em São Gonçalo. Esses foram os objetivos que impulsionaram o servidor público Bruno da Silva Policarpo, de 39 anos, a criar a Jornateca Luís Gama. Ela fica na Rua Doutor Jurumenha na esquina com a Rua João Pessoa, no Barro Vermelho, em São Gonçalo. A jornateca foi montada em uma banca de jornal que fez parte da infância de Bruno e tem como objetivo emprestar livros para que as pessoas possam ler de forma gratuita. O servidor começou o projeto com apenas 60 livros e hoje já tem mais de 2 mil, fruto de doações de pessoas que entendem o projeto dele e querem que a ideia continue.
A jornateca começou a funcionar no dia 27 de agosto de 2021. Bruno, que sempre morou nesta rua desde novinho, sempre viu a banca de jornal no local. Antigamente, na infância, o local vendia diversos periódicos e revistas. "Depois de um tempo, ficou mais difícil de a banca vender jornais e o dono a vendeu para outras pessoas. Um dia eu passei aqui de bicicleta, vi a banca e resolvi comprá-la dessas pessoas e comecei a desenvolver o projeto da jornateca. Pensei em tudo, desde a pintura até como funcionaria. Minha ideia é ajudar as pessoas a lerem e a terem esse apreço pela literatura. Eu também pretendo fazer uma pesquisa com os dados que eu conseguir aqui, mostrando a faixa etária que mais lê, o gênero etc", contou.
Hoje são exatamente 2.039 livros. "No começo, eu queria emprestar, pelo menos, um livro por dia e consegui 70 livros em um mês, passando da minha meta. Hoje, muita gente conhece e vem aqui, tem até autores que doam seus livros para cá. Tem crianças, adultos e jovens que sempre estão aqui buscando novidades para ler. Tem uma mesa que eu monto, e algumas pessoas ficam lendo. Sábado, então, tem um grupo certo que sempre vem aqui. O pessoal tem gostado bastante. Qualquer um pode pegar um livro emprestado aqui, mas a pessoa tem 30 dias para devolver. É de graça! Eu faço um pequeno cadastro com nome e telefone da pessoa quando ela pega o livro e, quando chega perto do dia da devolução, eu mando um lembrete avisando", contou. Atualmente, o livro que tem mais saída é o da série 'Diário de Um Banana, de Jeff Kinney.
Para alugar os livros, a pessoa pode pedir pelo Whatsapp da jornateca ou ir até a banca. Também é possível doar para o local. Para isso, basta falar com Bruno também pelo Whatsapp e combinar. "Os livros doados precisam estar um bom estado de conservação. A única coisa que não aceitamos são livros didáticos, a gente aceita apenas livros de literatura".
Bruno conta, ainda, que a jornateca influenciou também a sua família. "Eu tenho um filho de 9 e outro de 7 anos e eles adoram vir para cá e ler, assim como a minha esposa. Eu também aproveito para ler novos livros e acabo trocando diálogos com outras pessoas que leem o mesmo livro que eu", acrescentou.
O servidor público iniciou o projeto na pandemia, enquanto trabalhava em home office. Agora que ele passou a trabalhar presencialmente no Centro do Rio, o horário da jornateca teve que ser alterado. Ela abre a partir das 18h30 de segunda a sexta e fica até às 20h30, com horário especial no sábado.
A jornateca cativou moradores do bairro
A jornateca já influenciou outras famílias e grupos de amigos. Uma das pessoas que mais frequenta o local e pode comprovar isso é a doméstica Mara Regina Sotomayor, de 58 anos. Ela já leu 20 livros desde que a jornateca abriu e sempre está com algum debaixo do braço.
"Eu sempre fui uma leitora assídua, comprava muitos livros em sebos de Niterói e no Rio. E eu lia apenas Agatha Christie. Já conhecia o Bruno, mas quando ele abriu a jornateca, eu não sabia o que era inicialmente, e ficava só lá de casa olhando. Até que perguntei o que era e passei a pegar livros emprestados aqui, e acabei gostando. O livro que mais gostei de pegar daqui foi o 'Corte de espinhos e rosas', que é a primeira edição de uma série de livros que me prendeu até o último momento", revelou.
Para ela, o principal diferencial da jornateca é o carinho que Bruno tem ao recomendar livros. "Eu comecei a ler esse título por causa do Bruno. Quando eu comecei a vir aqui, eu queria os que eu já estava acostumada, da Agatha Christie, mas ele foi me recomendando autores e livros baseados no que eu gosto e aí eu fiquei pensando, e acabei levando outros livros também, me interessando mais ainda pela literatura. Aqui tem muitos livros de cultura, gibis para crianças. E o Bruno tem um carinho com o livro, com o leitor, sugerindo o que vai interessar para nós, que é sensacional! Minha filha também passou a pegar livros aqui. No início, ela não sabia quais deveria pegar. O Bruno foi, então, indicando, segundo o gosto dela, e ela foi se interessando", completou Mara.
Para quem quiser doar livros ou entrar em contato com a jornateca, o Whatsapp é (21) 99321-9077, ou pelo Instagram (@jornateca).