Família gonçalense doa coleção ao Museu Ferroviário de Juiz de Fora
Miniaturas faziam parte do acervo pessoal do economista Cláudio Moacyr Monteiro Travassos

A família do economista Cláudio Moacyr Monteiro Travassos doou 56 miniaturas de trens de sua coleção pessoal ao Museu Ferroviário de Juiz de Fora, na terça-feira passada (28). As peças estavam na casa da família em São Gonçalo e integravam o modelo conhecido como “cidade ferroviária”.
Filha de Cláudio, a professora da rede municipal de Juiz de Fora, Bianca Marques, de 51 anos, conta que a obra contava com “casas, pessoas, bondes, trens de passageiros e de carga e até uma hidrelétrica, tudo movido a eletricidade” e que a família decidiu abrir mão das miniaturas para cumprir a vontade do economista, após seu falecimento, em 2008.
“A cidade ferroviária ficou parada um bom tempo. Primeiramente pensou-se em vender mas, as pessoas que se interessavam normalmente eram colecionadores, esses trens fariam apenas parte de mais uma coleção pessoal e acreditamos que essa não era a vontade de papai. Ele tinha um enorme prazer em mostrar para todos a sua magnífica cidade ferroviária! Então, a partir daí, veio a grande ideia: “Vamos doar!”, explicou ela.
A opção pelo Museu Ferroviário se deu por conta do avô materno de Bianca, Joaquim Maria de Herédia, que era natural de Juiz de Fora e trabalhou como chefe de turma na Rede Ferroviária do município. “Numa das visitas de minha mãe à cidade antes da pandemia, levei-a ao Museu Ferroviário e lá surgiram grandes recordações de sua infância. O Museu Ferroviário guarda muitas recordações das famílias que aqui vivem e viveram e também sobre a história de Juiz de Fora que cresceu em volta dessa ferrovia”, afirmou Bianca.
Cláudio Travassos teve cinco filhos ao todo, o professor e coordenador do Núcleo de Práticas Jurídicas da UNIVERSO Niterói, Rogério Travassos, o administrador de empresas Ricardo Travassos, o Economista e Diretor Financeiro do Jornal O São Gonçalo, Rodrigo Travassos, Bianca e seu caçula Leonardo Travassos (in memorian), a quem passou adiante seu amor pela história e pelo conhecimento.
“Nossa família acredita que devemos deixar um legado, que nosso presente se explica pelo nosso passado. Papai foi um amante da história e fazia parte dela, falava muito sobre a importância de saber, de entender, de conhecer. Acabou sendo perseguido durante o período da Ditadura Militar, perdeu dois cargos públicos concursados e foi preso algumas vezes. Apaixonado por modelismo e, após se aposentar, abraçou esse hobby.”
“Me lembro dele sempre no escritório ou no galpão montando, pintando e adaptando ferramentas em uma busca de perfeição nos detalhes. Em uma breve conversa em família nos recordamos de quando ele trouxe a cidade ferroviária para o sótão da casa. Em uma certa madrugada, meu irmão Rodrigo reparou que o galpão estava aceso e foi conferir o que poderia ser, quando entrou viu papai falando sozinho, perguntou o que ele fazia e a resposta guarda até hoje: ‘Conjecturando meu filho, conjecturando!’”, concluiu Bianca.
Segundo o supervisor do Museu Ferroviário, Marco Aurélio de Assis, as novas peças estão sendo catalogadas para exibição e “serão um atrativo a mais para visitantes e pesquisadores.” Ainda de acordo com ele, “essas coleções ajudam a entender o funcionamento e a importância da ferrovia no desenvolvimento de Juiz de Fora, da região e de todo o Brasil”.
*Sob supervisão de Cyntia Fonseca