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Nos 60 anos de Cássia Eller, a Universal Music lança álbum inédito da cantora

"É uma maneira de festejar o que foi a vida dela nessa data tão importante", celebra Chico Chico, filho da cantora

relogio min de leitura | Escrito por Redação | 10 de dezembro de 2022 - 11:19
Composto por 10 faixas, sendo duas instrumentais, “Cássia Eller & Victor Biglione in Blues” reuniu no estúdio músicos de alta qualidade, recrutados por Biglione
Composto por 10 faixas, sendo duas instrumentais, “Cássia Eller & Victor Biglione in Blues” reuniu no estúdio músicos de alta qualidade, recrutados por Biglione -

Dez de dezembro é dia de relembrar Cássia Eller (1962/2001), dona de uma das vozes mais marcantes e versáteis da música brasileira, e que completaria 60 anos nesta data. A ocasião não poderia passar em branco e a Universal Music pinçou de seu baú de preciosidades um dos discos mais aguardados dos últimos 30 anos: “Cássia Eller e Victor Biglione in Blues”, que acaba de chegar às plataformas digitais e terá lançamento físico previsto para o segundo semestre de 2023.

Trata-se do registro do encontro musical da notável artista com o virtuosismo do renomado guitarrista Victor Biglione, com iluminadas releituras de clássicos do blues e do rock numa roupagem de rara criatividade e arranjos que até hoje soam modernos.

“Acho muito oportuno lançar este trabalho agora. É uma maneira de festejar o que foi a vida dela nessa data tão importante. E mais especial ainda por ser um álbum de blues, que representa muito bem a minha mãe, um disco muito legal de releituras com o Victor Biglione numa pegada muito diferente”, destaca o cantor e compositor Chico Chico, filho de Cássia.

“As coisas não acontecem por acaso e essa preciosidade estava aguardando o momento certo de ser lançada. Nada mais justo para os fãs do que disponibilizar o álbum, como disse Chico Chico, filho da cantora e peça fundamental nesse resgate, na comemoração de aniversário do que seriam os sessenta anos da Cássia Eller, uma artista cuja obra merece ser lembrada por várias futuras gerações”, diz Paulo Lima, presidente da Universal Music Brasil.

O projeto, lembra Biglione, nasceu após uma viagem do músico aos Estados Unidos no início de 1991. “Eu me ressentia que não tínhamos no Brasil um trabalho de releituras que expressasse a riqueza que a linguagem blues traz consigo”, conta o instrumentista e arranjador, que selecionou o repertório e buscava uma voz feminina que encarnasse o projeto. “Uma produtora amiga, Lígia Alcantarino, me indicou uma cantora iniciante chamada Cássia Eller. Ouvi Cássia cantando a faixa ‘Por Enquanto’, de Renato Russo, em que citava na introdução ‘I’ve Got a Feeling’, de Lennon e McCartney. Logo vi que ela tinha essa pegada”, rebobina o guitarrista consagrado nacional e internacionalmente e que a essa altura  já tinha três álbuns solo, um Grammy Internacional com o grupo Manhattan Transfer, em 1988, e já era um dos mais requisitados músicos de estúdio, o que o levou mais tarde a ser guitarrista com o maior número de gravações e shows na história da MPB.

Cássia, por sua vez, havia lançado seu primeiro álbum, “Cássia Eller” (Polygram, 1990), com um repertório dominado pelo rock’n’roll, e vinha arrancando elogios da crítica, pavimentando os primeiros passos de uma carreira apoteótica que lhe renderia inúmeras premiações como o Grammy Latino, em 2002, os prêmios Sharp (1991, 1993, 1995, 1997, 1998 e 2002) e Multishow (2002), entre outros.

“Lembro que a Cássia foi à minha casa bem tímida. Passei a ela o repertório e, três dias depois, no primeiro ensaio com a banda, ela já havia dominado todas as canções com interpretações estonteantes e cheias de personalidade. Todos ficaram de queixo caído, pois ela não conhecia aquelas obras até então”, revela Biglione.

Espremido entre o primeiro e o segundo álbum de Cássia, “Malandragem” (Polygram, 1992), o projeto em parceria com Victor Biglione acabou não saindo. Mas o festejado encontro musical rendeu shows antológicos no Circo Voador e no Free Jazz Festival de 1992 na noite em que tocariam Albert King e Robben Ford. “Se o disco tivesse saído naquela época, certamente daria um impulso notável na carreira internacional da Cássia, que não deixava nada a dever a muitas cantoras estrangeiras”, acredita Biglione, músico com vasta vivência em festivais mundo afora, tendo conquistado posteriormente um Grammy Latino com Milton Nascimento por sua participação no aclamado álbum “Crooner”, em 2000, e finalista na edição de 2016 com o solo “Mercosul”.

“Cássia Eller é uma das maiores vozes femininas da história da música brasileira, além de ter sido uma referência de comportamento para muitos jovens que a acompanharam até a sua morte. Com uma carreira tão curta, deixou uma obra definitiva. Tudo é bom e a gente sempre quer mais. Os fãs de Cássia agradecem por essa iniciativa! Esse trabalho com Victor Biglione une esse desejo de ouvi-la de novo, e mais, com a certeza de que temos mais uma vez uma Cássia bem acompanhada, afinal, estamos falando de um dos maiores guitarristas do Brasil”, testemunha a jornalista a pesquisadora Chris Fuscaldo.

Composto por 10 faixas, sendo duas instrumentais, “Cássia Eller & Victor Biglione in Blues” reuniu no estúdio músicos de alta qualidade, recrutados por Biglione, que assinou os notáveis arranjos e dividiu a produção musical com o saxofonista Zé Nogueira. Participam da banda-base André Gomes (baixo elétrico), André Tandeta (bateria), Marcos Nimrichter (órgão), Ricardo Leão (teclados) e Nico Assumpção (baixo acústico), falecido precocemente em 2001, que toca em duas faixas.

Guitarrista de excelência, Biglione esbanja sua técnica por todo o trabalho travando diálogos inventivos com Cássia Eller. Há que se registrar ainda o arrepiante naipe de metais que reunia Zé Nogueira (sax alto e soprano), Zé Carlos Ramos, o Bigorna (sax alto), Chico Sá (sax tenor), Bidinho (trompete) e Serginho Trombone (trombone), morto em 2020. A captação, mixagem e masterização foram feitas por Sérgio Murilo.

Depois do resgate dos originais do álbum, foi feita a masterização nos parâmetros técnicos de execução nas plataformas de streaming, missão confiada ao premiado engenheiro de som Ricardo Garcia. “A qualidade da gravação feita na época é muito boa e os ajustes foram mínimos. É importante destacar que esse disco de 30 anos não é um trabalho datado. Sua sonoridade é contemporânea”, diz o engenheiro.

Para ouvir, clique aqui.

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