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Irmãos trazem maior circo gratuito da América Latina para SG

Em conversa com OSG, fundador conta história por trás do projeto

relogio min de leitura | Escrito por Redação | 03 de julho de 2023 - 18:37
Atração também recebe doações de alimentos não precíveis
Atração também recebe doações de alimentos não precíveis -

É difícil encontrar uma criança que não saiba o que significam um nariz de palhaço, uma cartola, malabares, ou algum dos outros elementos clássicos do imaginário circense. Não tão difícil, no entanto, é encontrar pequenos que, apesar de conhecerem os símbolos, nunca foram pessoalmente a um circo de verdade para assistir um espetáculo. Essa era a situação dos irmãos João Pedro Arantes e Lucas D’Amico, durante a infância. Hoje, a dupla comanda o Happy Day Circus, maior circo gratuito da América Latina.

O projeto, iniciado pela dupla há sete anos, chegou à São Gonçalo pela primeira vez no último dia 11 de junho e fica até a próxima semana no São Gonçalo Shopping, na Rodovia Niterói - Manilha. A proposta é simples: um espetáculo circense tradicional, com palhaços, mágicos, contorcionista e tudo o mais, só que sem nenhum tipo de tarifa para entrada. “A ideia é fazer uma atração onde quem tem condição pode ir e quem não tem condição pode ir”, explica João Pedro.


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A ideia é inspirada pela sua própria experiência durante uma infância não muito abastada em São José dos Campos, em São Paulo. “Quando eu era criança, eu e meu irmão éramos muito pobres e não tínhamos condição financeira de ir ao circo. E na frente da minha casa, tinha um terreno onde montavam um circo. Aí toda vez que o circo chegava lá, a gente tinha vontade, mas não tinha condição, aí a gente fazia o quê? Trabalhava no circo. Ajudava a montar, desmontar, vendia maçã do amor, pipoca, fazia o que precisasse para poder assistir”, relembra o co-fundador.

A primeira experiência fascinou tanto a dupla que os motivou a continuar trabalhando na área. Ambos acabaram se envolvendo com o ramo do entretenimento e do teatro, caminho que os ajudou a conseguir uma condição financeira bem mais confortável do que a que enfrentaram na infância. Foi aí que surgiu a ideia: “a gente pensou: ‘Por quê não fazer um circo de graça e proporcionar para as pessoas que, assim como a gente não tiveram acesso, possam assistir um espetáculo grandioso?’”.

Irmãos se inspiraram em infância de dificuldades para idealizar projeto
Irmãos se inspiraram em infância de dificuldades para idealizar projeto |  Foto: Divulgação
  

Inspirados pelo encanto com a arte na infância, os irmãos aproveitaram a grana que conseguiram com o teatro e com um circo pago que iniciaram para investir no projeto. Esse circo de entrada paga, inclusive, foi o que garantiu um tanto da verba, a expertise e a estrutura necessária para começar o Happy Day Circus. O início, é claro, não foi fácil. Apesar disso, cada etapa foi dando certo mesmo assim, de uma maneira que João Pedro define como “mágica”.

“Foi com muita luta, muita dificuldade, muito trabalho. É um circo de graça né, então de onde a gente vai tirar o dinheiro? É difícil fazer algo assim funcionar. Mas estamos já há 7 anos nessa jornada e tem sido um sucesso. Deus não deixa a gente passar por nada. Tudo que a gente precisa, a gente pode nem ter, mas aparece sempre uma solução. É algo mágico, de verdade”, celebra.

Circo fica no estacionamento do São Gonçalo Shopping até dia 16/07
Circo fica no estacionamento do São Gonçalo Shopping até dia 16/07 |  Foto: Layla Mussi
  

Nessa dinâmica, a atração já cruzou três estados e diversas cidades. De uma pequena equipe, o circo chegou aos 50 funcionários e uma grande estrutura, tudo sem patrocinadores e apenas com a praça de alimentação como fonte de renda interna. Se no início os próprios fundadores também subiam no picadeiro como artistas, agora já nem dá mais tempo de acompanhar todas as atrações, com a multiplicação de demandas. Às vezes, eles acabam precisando se dividir. Para SG, por exemplo, só João Pedro conseguiu vir; Lucas precisou ficar em SP para resolver questões do empreendimento.

Com a correria, mal dá tempo de descansar. Os sorrisos pós-show, porém, compensam o esforço, segundo eles. “Dá uma saudade da família? Dá. Mas o projeto é tão legal que, quando chega a noite no final do espetáculo, e você vê a alegria das pessoas, elas te agradecendo, vê que proporcionou momentos felizes para as pessoas, não tem nada melhor no mundo” destaca João.

"Tudo que a gente precisa, a gente pode nem ter, mas aparece sempre uma solução. É algo mágico, de verdade”,  acredita João Pedro
"Tudo que a gente precisa, a gente pode nem ter, mas aparece sempre uma solução. É algo mágico, de verdade”, acredita João Pedro |  Foto: Layla Mussi
  

Aqui em São Gonçalo, esse tipo de reação tem sido frequente, garante o fundador do projeto, apesar de uma tradicional desconfiança inicial entre os gonçalenses. “No começo, as pessoas ficaram meio assim, duvidando se era de graça ou não, e como tinha um outro circo por aqui antes de a gente chegar, muita gente ficou em dúvida se era a mesma coisa. Depois que as pessoas entenderam o que estava acontecendo, foi sucesso e está sendo”, revela.

Além do circo gratuito, o projeto também trouxe para o município uma outra iniciativa que fazem através dos shows. Por mais que a entrada seja gratuita, visitantes interessados em ajudar são convidados a levar quilos de alimento, que são sempre doados a ações de caridade ou a comunidades carentes de cada cidade por onde o projeto passa. Em SG, a previsão é que os alimentos arrecadados sejam levados para famílias em situação de vulnerabilidade nos arredores do lixão de Itaoca.

Espectadores podem levar as doações e suas expectativas circenses até 16 de julho, data da última apresentação do Happy Day no município. Enquanto isso, a torcida dos irmãos fundadores é que o projeto siga tocando vidas como tem feito até o momento. “Acontece muito de as pessoas virem, assistirem e, no final, falarem: ‘olha, eu entre aqui com depressão e esse espetáculo me curou, alegrou a minha vida, me deu uma esperança’. É isso que nos move”, conclui João.

Protejo começou na cidade natal dos fundadores, em São José dos Campos (SP)
Protejo começou na cidade natal dos fundadores, em São José dos Campos (SP) |  Foto: Divulgação
  

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