Veterano da PM, coronel Wilton lança livro de memórias em Niterói
No livro 'Recuerdos de La Rep Dom e outras histórias', o Oficial Veterano da Polícia Militar conta as histórias sobre sua primeira missão pelo Exército, quando tinha apenas 18 anos
O ex-comandante geral da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro, atual Veterano da Polícia Militar, coronel Wilton Soares Ribeiro, 77, está lançando seu primeiro livro na cidade de Niterói. Morador de Icaraí, Wilton é formado em engenharia civil pela Unisuam e iniciou a carreira militar como soldado do Exército Brasileiro, onde, aos 18 anos, vivenciou sua primeira missão, sendo enviado à República Dominicana junto a outros jovens, em sua maioria oriundos de Niterói e São Gonçalo.
No livro "Recuerdos de La Rep Dom e outras histórias", o autor narra sua experiência durante a missão que marcou sua vida.
"Meu compromisso era valorizar todos os colegas que estiveram comigo nessa missão. Eu queria mostrar a visão de um cabo sobre esse momento que vivemos, a vivência no dia a dia, as experiências, ocorrências, soluções, erros e acertos. É uma coisa que já havia sido descrita por superiores e generais, mas faltava a visão da base", afirmou o coronel.
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O lançamento oficial do livro, lançado pela editora Proverbo, será realizado no dia 11 de novembro, às 16 horas, na Livraria Schofer, localizada na Rua Ator Paulo Gustavo, 211, Loja 118, no bairro Icaraí, em Niterói.
Para o autor, o lançamento na cidade de Niterói é marcante para contemplar o seu primeiro livro, pois considera a cidade como sua "terra". "Me questionaram o porquê eu iria fazer o lançamento aqui em Niterói, respondi que é porque é minha terra, nada mais justo que eu faça o lançamento aqui".
Sobre o livro, Wilton afirma, com satisfação, que o resultado foi melhor que o esperado.
"Essa semana, a editora me ligou falando que 'meu filho nasceu' e eu já poderia buscá-lo. Gostei muito do resultado. Logo na capa tem uma foto minha comandando meus antigos companheiros, todos ex-combatentes, em uma solenidade lá no Regimento Escola de Infantaria. Na contracapa do livro tem uma foto minha com meu grupo de metralhadora e também uma imagem de uma daquelas praias maravilhosas do Caribe, porque nem tudo foi guerra. Modéstia à parte, está honesto e coerente. Se está bom, serão os leitores que vão dizer", disse o autor.
Sobre o livro
"Recuerdos de La Rep Dom e outras histórias" está dividido em 16 capítulos, em que estão registradas as memórias do autor sobre a missão na República Dominicana, vivida por centenas de jovens no auge de seus 18 anos, em sua maioria, naturais de São Gonçalo e Niterói, que se viram diante de um grande desafio, sem que houvessem se preparado para tal. A missão durou sete meses.
"Não é um livro conceitual, é um livro de contador de histórias. São 16 capítulos, dos quais 14 deles são sobre as minhas experiências e dos meus companheiros de Niterói e São Gonçalo a respeito da nossa vivência na República Dominicana, no Caribe".
As lembranças daquela época ficaram guardadas todo esse tempo com o coronel, e foram, de certa forma, tão marcantes, a ponto do autor conseguir revivê-las e contá-las através do livro.
"Consegui relembrar muita coisa, palavra por palavra, desde o nosso embarque para lá, até o nosso retorno ao Brasil".
Após completar a escrita dos 14 capítulos, o autor conta que sentiu que algo ainda estava falando. Foi quando surgiram as ideias para os dois capítulos finais.
"E depois? Ficaria o questionamento: o que você fez? Então eu tinha que contar sobre a minha entrada na Polícia Militar e um resumo da minha vida dentro da PM. Resumi a minha trajetória através dos meus legados no décimo quinto capítulo. E aí, para completar, realizei um sonho de muito tempo, voltar como turista à República Dominicana. Antes eu tinha tempo, mas não tinha dinheiro e depois tinha dinheiro, mas não tinha tempo. Fiz essa viagem com a minha esposa e tive a oportunidade de revisitar locais que eu estive aos 18 anos. A sensação foi espetacular, muito gratificante, então narro essa experiência no último capítulo do livro".
Processo de escrita
"Em toda a minha família até agora, as pessoas conseguiram plantar uma árvore e ter um filho, mas ainda não tinham conseguido escrever um livro, então ficou para mim essa missão. Como eu já tinha plantado várias árvores, sou aliado à natureza, e tive filhos, achei que eu deveria me encarregar dessa tarefa de escrever um livro", disse.
Todo o processo começou no ano de 2016, quando Wilton Soares Ribeiro foi convidado pelo coronel Carlos Eduardo Lopes Fernandes, comandante do Regimento Escola de Infantaria (REI)/57º Batalhão de Infantaria Motorizada (BIMtz), a participar de uma palestra durante a cerimônia de comemoração dos cinquenta anos da Campanha do FAIBRÁS na República Dominicana, entre os anos 1965 e 1966.
Foi a partir dessa palestra, em que contou suas experiências e memórias durante a missão na República Dominicana, que surgiu, a partir da aclamação do público presente, o desejo de colocar todas as vivências dessa missão em textos e escrever um livro.
"Recuerdos de La Rep Dom e outras histórias" conta uma parte da história da campanha do Destacamento da Força Armada Interamericana Brasileira (FAIBRÁS) na República Dominicana, vista pela base da Tropa, mais precisamente sob a ótica do Cabo número 612 - Wilton Soares Ribeiro, Qualificação Militar Geral (QMG-01), Qualificação Militar Particular (QMP-007), Chefe de Peça e Atirador de Metralhadora Browning Calibre.30, refrigerada a ar.
"Me chamaram cinquenta anos depois da missão na República Dominicana para fazer uma palestra para o Exército Brasileiro, onde muitas pessoas me questionaram do por que eu ainda não tinha feito um livro sobre isso, e aquilo ficou na minha cabeça. E essa experiência minha e de meus companheiros na época, fez com que se transformasse no meu primeiro livro".
Para escrever um livro, o autor precisou escolher uma, dentre as muitas experiências que vivenciou em sua trajetória.
"Eu tinha que começar do principio, e por que não o início das minhas atividades profissionais? Eu passei por uma experiência muito intensa em minha juventude ao servir o exército brasileiro, e na minha época ninguém escapava disso", disse. Foram sete meses na missão na República Dominicana, e eu achei que essas histórias mereciam ser contadas para os brasileiros que pouco sabem sobre essas informações. Foi então que eu resolvi escrever sobre isso".
Trajetória memorável
O Coronel Wilton era morador de São Gonçalo e estudava na escola técnica, na época chamada de 'Escola Industrial Henrique Lage' no bairro Barreto, em Niterói, que ensinava 21 profissões para que os jovens pudessem escolher qual carreira seguir.
"Aprendi todas, me dediquei a alguma mas não segui nenhuma, fui ser PM. Mas essa vivência nas atividades técnicas me fez ser engenheiro um dia, mesmo sem deixar de ser policial militar", declarou o veterano da Polícia Militar.
Convocado para servir no exército em 1965, aos 18 anos, quando participou do Destacamento da Força Armada Interamericana Brasileira (FAIBRÁS), através do seu Segundo Contingente, cumprindo Missão na República Dominicana, na América Central, Wilton contou um pouco sobre esse processo até chegar à sua primeira missão no Exército.
"Eu morava em São Gonçalo e me alistei aos 18 anos. Me ofereceram duas opções, esperar mais um ano para poder me habilitar e fazer o curso de oficiais da reserva do exército, que havia sido adiado, ou então entrar como praça. Eu queria me ver livre daquilo o mais rápido possível, então entrei como praça e fui servir como soldado, foi quando minha vida mudou completamente", iniciou o relato.
"Três meses depois, chegou uma ordem para se apresentar no quartel do Rio, na Vila Militar, e depois de um mês de treinamento nós entramos em um avião e fomos parar na República Dominicana, no Caribe, onde ficamos em missão militar por sete meses", acrescentou.
Ao retornar ao Brasil, Wilton formou-se como Oficial da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro, passando por diversas funções dentro da PM e chegando aos cargos de Chefe do Estado Maior Geral e Comandante Geral da Corporação entre os anos de 1990 e 2002.
"Tive uma vida muito intensa na minha carreira militar, quase 40 anos de serviço efetivo. Galguei do primeiro degrau ao último, chegando ao cargo de comandante geral da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro. Percorri toda a pirâmide de comando da minha corporação e isso me levou a ter uma vida muito intensa nessa atividade. Eu também terminei a faculdade de engenharia, que era uma promessa que eu havia feito aos meus pais", contou.
Destino traçado
Ao voltar da missão, já com 19 anos, Wilton iniciou o processo para cursar a faculdade de engenharia, mas estava em um momento onde se era muito cobrado ter uma profissão. Foi quando recebeu uma oferta do Exército, para ser promovido a 3 sargento, pela experiência na missão, mas não aceitou.
"Continuei tocando a minha vida até que tomei conhecimento de que a PM, cuja escola de formação de oficiais era perto da minha casa, tinha aberto concurso. Eu já estava terminando o terceiro ano científico e me habilitei a fazer a prova. Fiz e passei em segundo lugar. Comecei a cursar a escola de oficiais e passei do primeiro pro segundo ano em 1º lugar, depois passei do segundo pro terceiro em 1º lugar e do terceiro para o aspirantado novamente em 1º lugar, então era pra ser", narrou o Oficial Veterano da Polícia Militar e agora, também autor.
Legados na PM
O autor resumiu no décimo quinto capítulo de seu livro, sua trajetória na Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro, através da narrativa dos legados deixados por ele no auxílio da segurança pública do Rio.
O coronel envolveu-se em inovações importantes na PMERJ como a criação do 'Veículo Blindado de Transporte de Tropa' e o Grupamento Aeromarítimo (GAM), dentre outras iniciativas. Ele também realizou o Curso de Guerra na Selva no Centro de Instrução de Guerra na Selva (CIGS/COSAC), o que lhe permitiu ser um dos criadores do Batalhão de Operações Policiais Especiais (BOPE).
Próximos passos
O coronel Wilton pretende dividir com os leitores mais experiências de sua trajetória profissional, e, desta forma, escrever mais livros.
"Pretendo escrever outros livros. O segundo, inclusive, deverá ser sobre a história do "Caveirão", já que sou o criador da viatura blindada de transporte de pessoal dentro da Polícia Militar. O livro também será de contação das minhas histórias e memórias".
Serviço
Data: 11 de novembro
Horário: 16h
Local: Livraria Schofer, localizada na Rua Ator Paulo Gustavo, 211, Loja 118, no bairro Icaraí, em Niterói
*Sob supervisão de Cyntia Fonseca