No DNA: sobrinho gonçalense de Buchecha segue os passos do tio
LIONN tenta construir carreira na música como artista independente nascido e criado em São Gonçalo
Você acredita que talento pode estar no DNA? Para Guilherme Santos, conhecido também pelo nome artístico de LIONN, criado a partir da junção de um personagem da sua infância com seu signo, Leão, essa pode ser uma realidade, já que ele tem como tio um dos artistas que mais fez sucesso no final dos anos 90, o cantor Buchecha, um dos gonçalenses mais populares do País.
Assim como Claucirlei Jovêncio de Souza, o 'Buchecha', LIONN é nascido e criado em São Gonçalo, no Coroado, e tem uma forte relação com o município. Boa parte da sua família é conhecida e cresceu na cidade, além dos amigos que o viram se tornar "gente grande" e o apoiaram quando ele resolveu investir na carreira musical.
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Cena regional
Apesar de seu interesse pela música ter sido cultivado desde quando era criança, Guilherme acredita que tudo começou de fato, em 2015, na Batalha do Tanque, evento que ele e muitos jovens gonçalenses que gostavam de rap costumavam frequentar.
"Boa parte dos MC's que surgiram em São Gonçalo foi por causa da Batalha do Tanque. Ali vimos artistas como o Orochi, Pelé, Knust, Choice começarem a fazer música, então todo jovem também queria fazer, porque os caras eram como um "espelho". Víamos neles a esperança de tentar crescer na vida com a música", diz.
Segundo LIONN, antes desses artistas existia um "abismo" e uma carência de estúdios profissionais e de produtores independentes em São Gonçalo. Porém, para ele, depois dos "MC's do Tanque" começou uma "febre" na cidade, em que as pessoas passaram a se interessar muito mais em tentar viver de música. "MC's bons apareçam com bons produtores também. Meio que foi bom pra todo mundo", explica.
O início
Guilherme conta que sua primeira gravação, com uma composição autoral, no entanto, aconteceu somente em 2019, por incentivo de amigos que ele fez enquanto era Jovem Aprendiz.
"Em 2019 foi quando eu escrevi minha primeira letra. Estava no curso de Jovem Aprendiz quando um 'faixa' meu me convenceu a fazer uma música no meio da sala. Foi ali que começamos a 'canetar' e cantamos para os outros parceiros da sala. 'Geral' gostou, então ali eu vi que talvez eu tivesse dom para a coisa. Depois desse dia eu nunca mais parei de escrever, criei gosto pela arte de compor", revela o artista de 24 anos.
LIONN já tem cinco músicas lançadas nas plataformas digitais, "nenhuma igual a outra", como o artista mesmo define. Ele diz que tenta diversificar seu gênero musical, e, por isso, já gravou 'lovesong', trap, rap.
"Minha primeira música lançada se chama '2020'. Foi uma música que eu fiz com o Klint, em que falamos de problemas sociais, um rap de crítica social, falamos sobre o governo daquela época, falamos sobre a pandemia e o descaso de algumas pessoas", afirma.
Relação com a família
Para Guilherme, seu tio foi uma influência artística na sua vida. "Meu tio era e é um espelho de artista, sempre humilde, tratando todo mundo bem". Assim como a dupla 'Claudinho e Buchecha' também foi sua inspiração, principalmente na questão que envolve as mensagens que as músicas transmitem às pessoas.
"Como eu faço rap, eu escrevo sim de realidades, tanto a minha como a de pessoas próximas, mas nunca deixo de falar de sonhos, Deus, positividade. Tento sempre ter esse cuidado de entregar algo que faça as pessoas terem vontade de lutar pelo sonho, mesmo que seja difícil, assim como é pra mim e foi também para o meu tio lá atrás. E positividade faz muito parte de mim, sempre vejo 80% das coisas com positividade", relata o MC.
Com Buchecha, LIONN chegou a lançar 'Cria de Verdade', uma música que o gonçalense define como um trap que além de fazer uma crítica social e incentivar os jovens a não entrarem na vida do crime, fala sobre o racismo estrutural e sobre ter fé na vida. "Meu tio aceitou de primeira", expõe.
Além do apoio de seu tio, o suporte dado pelos seus pais também é algo fundamental para a carreira que LIONN vem construindo. De acordo com o jovem, seu pai é um dos que mais o aconselha na hora das tomadas de decisão, sendo, junto a sua mãe, a sua base e ponto de segurança na vida.
"Vou confessar que ser um artista independente é difícil, muito difícil. Eu ainda tive algumas portas abertas pelo nome do meu tio, mas não foram muitas. Tudo que fiz e venho fazendo foi com suporte do meu pai e da minha mãe, que sempre me apoiaram e investiram em mim".
O que vem por aí
Para 2024, LIONN diz que pretende se especializar em programação, além de fazer novos lançamentos. "Também quero tentar me divulgar mais, continuar batalhando na correria pra ver se consigo alguns apoiadores, patrocinadores ou pessoas dispostas a investirem nesse sonho. Ninguém chega a lugar nenhum sozinho", conclui.
Acompanhe o trabalho de LIONN através do YouTube (@Lionnoficial) e nas suas redes sociais (@lionnoficial).