Rogério Guimarães apresenta 'Guitarra na Gafieira' no Sesc de São Gonçalo na próxima sexta-feira
Músico une diferentes estilos com seu octeto e resgata o clima das gafieiras num show dançante e potente, que será apresentado também na Capital e Baixada Fluminense
Houve um tempo, ali pelos anos 1940, em que a gafieira era um dos programas mais divertidos no Rio de Janeiro. Nos salões, dançava-se ao som de sambas, na sua maioria, popularizados pelo rádio, então o principal veículo de comunicação de massas no país. O tempo passou, surgiram as boates (nos anos 1950) e as discotecas (nos 1970), e muita coisa mudou no mundo – e no modo de ouvir música. Eis que um jovem músico forma um grupo a fim de recriar o clima das gafieiras com uma nova proposta. O moço em questão é o guitarrista e arranjador Rogério Guimarães, um dos mais respeitados da sua geração, que angariou oito dos mais talentosos instrumentistas da cena musical. São eles: Alex Rocha (baixo), Bruce Lemos (teclados), Kim Pereira (bateria), Tony Karika (percussão) e os sopros de Luiz Alves (trompete), José Bigorna (saxofone) e Josiel Konrad (trombone).
Eles formam o Rogério Guimarães Octeto e, juntos, apresentam o show “Guitarra na Gafieira”. As apresentações acontecem em unidades do Sesc RJ em três municípios fluminenses e na Zona Norte do Rio de Janeiro. São eles o Sesc São Gonçalo, no dia 31 de maio; Sesc Nova Iguaçu, dia 14 de junho; Sesc Madureira, dia 28 de junho e Sesc São João de Meriti no dia 11 de outubro, sempre as 19h. Os shows foram selecionados pelo edital cultural Sesc RJ Pulsar.
Uma orquestra de gafieira tinha, tradicionalmente, mais de oito integrantes. Em muitos casos, havia um cantor (crooner) e os arranjos privilegiavam os sopros. As propostas de Rogério são outras. A começar pela formação, a de um octeto. A outra é a de tirar a guitarra do lugar de base e fazer dela protagonista. “A ideia da guitarra como instrumento solista numa banda de gafieira é o resultado da soma de elementos que formaram minha identidade, que vai da música brasileira e do samba, nos seus diversos formatos, ao som das Big Bands, que ouço desde criança”, explica Rogério destacando o uso do instrumento: “Para esse projeto, quis misturar o som da guitarra, suavemente distorcido como usado no blues e no rock, com um fraseado mais jazzístico. Isso tudo à frente de uma banda de gafieira, com a base de piano, baixo e bateria e um pequeno naipe de sopros”.
Leia também:
Acusado de tentativa de sequestro é preso em Niterói
Dona Déa relembra ensaio nu de Vampeta e ex-jogador fica sem graça
O que não significa que a guitarra vai “roubar a cena”, uma vez que todos os instrumentos estão irmanados num propósito: o de não deixar ninguém parado. E o repertório colabora para isso. O roteiro vai dos anos 1930, quando começa a chamada Era de Ouro do Rádio, aos anos 1970, década que nos brinda com o talento de Djavan (“Flor de lis” e “Avião”), que despontou, naquela mesma década e, não à toa, como crooner de casas de show.
Quatro gênios do samba são reverenciados de cara: Noel Rosa (“Conversa de Botequim”); Lupicínio Rodrigues (“Se Acaso Você Chegasse”), Ary Barroso (“Na Baixa do Sapateiro”) e Geraldo Pereira, representado por “Sem Compromisso”. A bossa nova faz-se presente com um de seus principais inventores, Jonnhy Alf, do qual foi escolhida “Rapaz de bem”. Outro mestre da época é Billy Blanco que, em 1954, criou o “Estatuto da Gafieira”, mui apropriadamente lembrado para o show.
Três outros mestres não poderiam estar de fora: Jacob do Bandolim, Nelson Cavaquinho e Chico Buarque. O primeiro teve recriado seu “Assanhado”, o segundo faz-se presente com a clássica “A Flor e o Espinho” enquanto Chico é exaltado através do seu “Samba do Grande Amor”.
O repertório traz o que há de mais representativo da boa música brasileira. Os músicos são dos mais competentes. Os arranjos e as recriações, primorosos. A partir dessa soma, o resultado é um baile da melhor qualidade. Só fica parado quem quiser.
Sobre Rogério Guimarães:
Guitarrista, violonista e arranjador dos mais aguerridos da atual cena musical, começou a tocar como autodidata e aprimorou sua técnica com dois papas do gênero: Ian Guest, com quem estudou harmonização e arranjos, e Nelson Faria, mestre na improvisação. Rogério já participou de projetos com João Donato (1934-2023), Guinga e Carlos Malta e acompanhou grandes nomes como Jane Duboc e Leila Maria, além de ter sido convidado por Hamilton de Holanda para abrir seu show no Circo Voador, mítica casa de shows do Rio de Janeiro. Em 2017, lançou seu primeiro CD, o instrumental “Pés descalços”. O evento tem a produção de Rosely Máximo.
SERVIÇOS:
Sesc São Gonçalo (Av. Presidente Kennedy, 755, Estrela do Norte, são Gonçalo. Tel: 4020-2101)
Dia e hora: 31 de maio, sexta-feira, às 19h
Sesc Nova Iguaçu (Rua Dom Adriano Hipólito, 10, Moquetá, Nova Iguaçu, Tel: 4020-2101)
Dia e hora: 14 de junho, sexta-feira, às 19h
Sesc Madureira (Rua Ewbank da Câmara, 90, Madureira. Tel: 4020-2101)