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Autor homenageado da Flip em 2024 é o 'pai da crônica moderna'; conheça

João do Rio, pseudônimo de Paulo Barreto, trabalhou como jornalista e mesclou literatura e reportagem no início do século XX

relogio min de leitura | Escrito por Redação | 09 de julho de 2024 - 09:05
Eleito para a Academia Brasileira de Letras aos 29 anos, João do Rio foi um personagem multifacetado e controverso
Eleito para a Academia Brasileira de Letras aos 29 anos, João do Rio foi um personagem multifacetado e controverso -

A 22ª edição da Festa Literária Internacional de Paraty (Flip), que ocorrerá de 9 a 13 de outubro, prestará uma homenagem especial a João do Rio, um dos mais importantes autores do início do século XX no Rio de Janeiro. João do Rio é o pseudônimo mais famoso de Paulo Barreto (1881-1921), cronista, romancista, ensaísta e autor de contos, peças de teatro e conferências sobre diversos temas como dança, moda, costumes e política.

Ele dedicou sua vida ao jornalismo, trabalhando em jornais e revistas e criando um estilo único que mesclava literatura e reportagem, ficção e realidade. "João do Rio não separou jornalismo de literatura. Sua busca por transformar o ofício em grande arte é um convite a pensarmos no fazer literário em seu campo expandido", afirma Mauro Munhoz, diretor artístico da Flip. Esse estilo inovador foi fundamental para a fundação da crônica moderna no Brasil, um gênero que se caracteriza por sua combinação de ensaio, humor e observação perspicaz.


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Ana Lima, curadora da Flip, destaca que João do Rio foi um dos primeiros a documentar a transformação do Rio de Janeiro no início do século XX, realizando uma espécie de etnografia urbana. "João do Rio registrou a história de uma cidade que se transformava, e não é exagero dizer que ele fez uma etnografia no início do século", explica Lima.

A obra de João do Rio reflete sobre o progresso, a velocidade e as contradições da formação urbana, temas que permanecem atuais. "Ele desempenhou um papel crucial ao documentar a vida urbana do Rio de Janeiro com uma perspectiva única e detalhada num momento em que a então capital federal se expandia de maneira desgovernada", diz Munhoz. Essa sensibilidade etnográfica será uma das principais atrações da Flip, convidando moradores e visitantes a refletirem sobre a urbanização e suas consequências.

Eleito para a Academia Brasileira de Letras aos 29 anos, João do Rio foi um personagem multifacetado e controverso. "Por um lado, era fascinado por Paris, por outro, subia os morros do Rio de Janeiro com muito gosto, da mesma forma que o Rio era uma cidade dividida entre a fome de progresso e o convívio com sua formação", destaca Lima. Apesar de sua fama na época, ele foi quase esquecido por mais de um século, e a Flip visa ressaltar essas contradições que ajudam a entender o Brasil.

Além de sua extensa produção literária, com 25 livros e mais de 2.500 textos publicados, João do Rio também é lembrado por sua coragem em abraçar polêmicas e desafios. Filho de pai branco e mãe negra, ele explorou as religiões de matriz africana e introduziu a obra de Oscar Wilde no Brasil, o que gerou especulações sobre sua sexualidade.

Conhecido por seu estilo dândi, João do Rio deixou uma marca indelével na literatura e no jornalismo brasileiros. Vítima de um ataque cardíaco antes de completar 40 anos, ele continua a ser uma figura emblemática cujo legado literário e jornalístico é celebrado e redescoberto na Flip deste ano.

Livros de João do Rio para ler e redescobrir

Para quem deseja mergulhar na obra de João do Rio, aqui estão cinco de seus livros mais destacados:

"A Alma Encantadora das Ruas" - Uma coleção de crônicas que retratam a vida cotidiana do Rio de Janeiro no início do século XX.

"As Religiões no Rio" - Um estudo detalhado sobre as diversas práticas religiosas na cidade do Rio de Janeiro.

"Dentro da Noite" - Um conjunto de contos que explora as vidas e dramas das pessoas na metrópole carioca.

"Vida Vertiginosa" - Outra coletânea de crônicas que oferece uma visão íntima e detalhada da sociedade carioca.

"Os Dias Passam" - Um romance que captura as mudanças e os desafios enfrentados pelo Rio de Janeiro durante sua rápida modernização.

Edição da Flip 2025 será em julho

“Excepcionalmente, devido aos efeitos da pandemia, realizamos duas edições em novembro. Nesta edição, antecipamos para outubro para facilitar essa transição e trazer a festa novamente para julho em 2025, período que é o DNA da Flip e o desejo do nosso público “, diz Mauro Munhoz, diretor artístico da Festa.

O período para o qual a Festa está marcada coincide com a semana de recesso, chamada de semana do "saco cheio”, adotada por algumas instituições de ensino pelo Brasil, o que viabiliza uma maior participação de professores e estudantes, público importante para a Flip.

“Estudamos com muito cuidado algumas possibilidades de datas entre setembro e outubro e, após uma série de articulações – a Flip é uma instituição que dialoga com diversos setores da sociedade – chegamos à data de 09 a 13 de outubro que respeita, sobretudo, o calendário da cidade com suas festas tradicionais.”, complementa Munhoz.

Curadoria

Ana Lima Cecilio é a curadora de 2024. Com mais de 20 anos de trabalho no universo editorial, tendo atuado em diversas áreas, como edição, clubes do livro e curadoria literária, Ana Lima traz na bagagem uma vasta experiência que visa um olhar atento e direto ao público leitor – o que as pessoas andam lendo, que autores e obras têm mobilizado encontros e discussões.

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