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Crianças e adolescentes do projeto Recria apresentam peça teatral em SG

Crianças e adolescentes do projeto Recria apresentam peça teatral em SG

relogio min de leitura | Escrito por Redação | 01 de agosto de 2024 - 14:20
Diretores: ‘aprendemos muito com essas crianças e adolescentes’
Diretores: ‘aprendemos muito com essas crianças e adolescentes’ -

Crianças e adolescentes integrantes da oficina de teatro do projeto Recria (Risco Social) apresentaram, na quarta-feira (31), o espetáculo “Quem matou o Leão?”, no auditório do Movimento de Mulheres em São Gonçalo (MMSG), no bairro Zé Garoto (SG). Com direção e produção de Julia Fernandes e Aureo Müller, o espetáculo, que é uma cena adaptada da obra da renomada dramaturga Maria Clara Machado, emocionou a plateia formada por familiares e profissionais do projeto.

Mestre de cerimônia do evento, a gestora do MMSG, Marisa Chaves, enalteceu o trabalho dos diretores e dos alunos da oficina de teatro, que, fizeram história como o primeiro espetáculo produzido e encenado por atores integrantes de um projeto da instituição. Emocionada, Chaves destacou o importante papel do teatro como exercício de liberdade de expressão, de interação social e formação cidadã.


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“As crianças e adolescentes se revelaram em suas expressões físicas e emocionais. O teatro gera esperança, faz com que as crianças comecem a trabalhar em grupo, em espírito de cooperação e aprendam ser solidários. Estão de parabéns os alunos, diretores da oficina de teatro, pais e profissionais da instituição, que aceitaram o desafio de trabalhar para essa linda encenação”, disse a gestora do MMSG, que administra o Projeto Recria, com apoio da Fundação para Infância e a Adolescência (FIA).

O espetáculo emocionou a plateia formada por familiares e profissionais do projeto
O espetáculo emocionou a plateia formada por familiares e profissionais do projeto |  Foto: Divulgação

‘O teatro potencializa habilidades’

A coordenadora técnica do Projeto Recria, a psicopedagoga Elisabeth Lourenço, elogiou a equipe de técnicos, os diretores do espetáculo e parabenizou os alunos pelo desempenho no espetáculo. Para Lourenço, os resultados da oficina de teatro foram altamente satisfatórios pela possibilidade de potencializar as habilidades e especificidades de cada criança e adolescente.

“O projeto foi batizado ‘Recria: potencializando habilidades’. E a oficina de teatro é uma proposta para desenvolver as habilidades. A performance cênica é importante, contudo, fica em segundo plano quando vemos esses meninos expressando, com desenvoltura, os sentimentos, as emoções e falando em público. Isso comprova que atingimos o nosso objetivo. Estou muito feliz e emocionada. Eles se superaram. Essa foi uma das ações do projeto. Faremos outras oficinas e esperamos o mesmo sucesso”, explica a coordenadora.

Diretores: ‘aprendemos muito com essas crianças e adolescentes’

Estudantes de Artes Cênicas com habilitação em Direção Teatral na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Aureo Müller e Julia Fernandes, desenvolveram, durante 3 meses, técnicas teatrais, com exercícios e dinâmicas de interpretação, para montar a apresentação da peça, que, segundo eles, não estava no cronograma, mas se tornou uma realidade ao perceberem o potencial dos alunos.

“Na verdade não seria montado espetáculo, apenas faríamos os exercícios de interpretação e as dinâmicas, com intuito de melhorar a expressão corporal e a interação social. Mas, durante o processo, percebemos que os alunos queriam montar uma peça. Foram eles que criaram o cenário, participaram da escolha dos figurinos e montagem do palco. Foi um sucesso. Estamos felizes, pois eles superaram todas as dificuldades e fizeram bonito no palco. Aprendemos muito com essas crianças e adolescentes”, disse Müller.

“Essa peça foi só uma pequena amostra de tudo que fizemos nesses 3 meses. Muito deles nunca tiveram aula ou foram ao teatro. Tudo isso é muito novo para eles. Como falamos, não esperávamos abrir para uma apresentação, mas fomos percebendo que eles eram capazes. Foi um trabalho extremamente coletivo, pois foram eles que propuseram e aceitaram o desafio”, ressaltou Julia Fernandes, que, juntamente com Müller, coordenará a oficina de teatro, no âmbito do projeto Recria, para as crianças do Complexo do Salgueiro.

Pais e responsáveis se emocionaram com a apresentação

Mãe do Arthur Fernandes, de 14 anos, um dos atores da peça, a socióloga Daniele Fernandes, 45, enalteceu a iniciativa do MMSG e do Projeto Recria pelas atividades pedagógicas e oficinas. Fernandes ressaltou a ludicidade e a importância do teatro no desenvolvimento do filho. “O teatro tem a capacidade de agregar as pessoas e desenvolver os potenciais das crianças e adolescentes. Essa experiência foi muito importante na vida dos nossos filhos”, acrescentou a socióloga.

Emocionada com a participação da sobrinha, a aposentada Nelma ressaltou a superação. “A Maria viveu momentos difíceis e o teatro foi fundamental para ela focar nos textos, na leitura da peça e superar suas dificuldades”, disse a aposentada. “É um momento especial, de alegria, emoção e conquista. O meu filho já integrava os projetos do MMSG, por conta de agravos emocionais, e vem evoluindo muito. Ele está falando bem e desenvolvendo suas habilidades. Ele passou a entender o quanto ele é capaz”, relata a fotógrafa Elizabeth Cathermol.

Atores: crianças e adolescentes falaram da superação e das amizades

Para estudante Arthur Fernandes, de 14 anos, valeu a experiência, o conhecimento e a conquista de novas amizades. “Eu gostei muito, de verdade. Da experiência no teatro. De conhecer novas pessoas. Eui estou me expressando melhor e falando mais”, disse o estudante que representou dois personagens na peça. “Cheguei ao MMSG com 12 anos. Consegui superar muita coisa e com ajuda do teatro consigo fazer amizades, estudar melhor e ser mais extrovertida”, disse a estudante Ludmila Marques, de 14 anos.

Técnicos ressaltam que oferecer cultura é criar alternativas

O projeto Recria é composto por uma equipe técnica interdisciplinar formada por assistentes sociais, educadores, psicólogos e pedagogos. Os técnicos ressaltaram a importância da cultura como uma alternativa de vida em territórios vulnerabilizados.

“Muitas vezes não existem equipamentos culturais para garantir o direito à cultura e lazer que essas crianças e adolescentes precisam. E essa oficina é uma forma de eles se desenvolverem, através do lúdico e da integração, a cidadania e construírem uma coletividade”, disse o educado social Lucas Lima.

“Temos essa proposta de trazer para as crianças novas possibilidades. Acreditamos que as pessoas só podem fazer escolhas mediante alternativas. No projeto damos a oportunidade de novos olhares para despertar novos interesses e novas escolhas”, explica o assistente social Yago Pereira, que falou da relevância do trabalho com as famílias.

Recria: projeto atende 100 crianças e 400 famílias em três bairros de SG

Com apoio da Fundação para Infância e a Adolescência (FIA), o projeto Recria, que teve início em abril (2024), tem o objetivo de garantir o atendimento continuado e interdisciplinar a 100 crianças e adolescentes e, indiretamente, a 400 famílias em situação de risco social, de desemprego e pobreza. Organizado pelo MMSG, o projeto já está com todas as vagas preenchidas nas unidades Zé Garoto (SG), Jardim Catarina e Complexo do Salgueiro. Além das oficinas de teatro, o Recria oferece atividades pedagógicas, recreativas e esportivas, sempre no contrafluxo dos horários escolares.

Em caso de ajuda ou informações, o projeto Recria disponibiliza o contato e, atende, de segunda a sexta-feira, das 9h às 17h, no endereço abaixo:

Recria - Rua Rodrigues Fonseca, 313, Zé Garoto. (21 96750-1595)

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