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Festa Literária das Periferias (Flup) vai até 17 de novembro no Circo Voador, RJ

Entre as pautas em destaque estão debates raciais, étnicos, de gênero e climáticas

relogio min de leitura | Escrito por Redação | 14 de novembro de 2024 - 08:52
Oficinas e mesas de debate são destaques na Flup
Oficinas e mesas de debate são destaques na Flup -

A 14ª edição da Festa Literária das Periferias (Flup) começou nesta segunda-feira (11), no Rio de Janeiro, com mais de 90% da programação composta por mulheres negras. Na abertura, o destaque foi o debate sobre as questões das periferias globais e brasileiras, como pautas raciais e étnicas, de gênero e climáticas.

A Flup acontece até 17 de novembro, e terá a participação de escritores nacionais e internacionais, personalidades ligadas à arte e à academia, oficinas formativas, apresentações musicais, saraus, lançamentos de editoras e performances.

O tema deste ano é “Roda a saia, gira a vida”. Segundo os organizadores, há um alinhamento com o conhecido pensamento da filósofa e escritora estadunidense Angela Davis: “Quando a mulher negra se movimenta, toda a estrutura da sociedade se movimenta com ela”.

O evento de abertura da Flup foi a mesa de debates “O que Queremos Para Ontem?”, que tratou das principais demandas e necessidades das pessoas de periferia.

Tanto as do passado, que seguem incompletas, quanto as mais atuais trazidas pelas novas dinâmicas sociais.

Participaram dela a ativista de direitos humanos e direitos LGBTQIAPN+, Neon Cunha, a deputada federal, Benedita da Silva (PT-RJ), e a diretora executiva da Anistia Internacional no Brasil, Jurema Werneck.

Dentro do tema, elas destacaram a homenageada dessa edição da Flup: a historiadora, poeta e cineasta Maria Beatriz Nascimento (1942-1995), que teve atuação marcante na defesa dos direitos humanos de negros e mulheres no Brasil, e é considerada uma inspiração para a nova geração de escritoras negras.

“A Maria Beatriz foi uma das mulheres fortes que eu tive a sorte de conhecer, que deram as mãos para que pudéssemos vencer as batalhas em nossos quilombos. Porque as nossas favelas nada mais são do que os nossos quilombos. E lá sabemos que temos que extrair força, energia, conhecimento, organização para poder enfrentar o que vier”, disse a deputada federal, Benedita da Silva.

“Maria Beatriz criou conceitos que traduziram a nossa experiência como humanos e foi atrás de alternativas. Falou que nós também somos capazes de encontrar respostas em meio à tragédia humana. Seja no quilombo como território de guerra, quilombo para perseguir a paz, quilombo como estratégia de viver bem. Disse que, por vezes, o quilombo também precisa recuar e buscar proteção”, disse a diretora executiva da Anistia Internacional no Brasil, Jurema Werneck.

Já a mesa sobre as Políticas Culturais do Livro e Leitura foi realizada no dia 12, na Casa dos Processos Formativos Flup e Malê (Casa de Luzia), na Lapa (RJ). E contou com a participação da escritora Eliana Alves Cruz, do secretário de Formação Cultural, Livro e Leitura (Sefli), Fabiano Piúba, e do diretor do Livro, Leitura, Literatura e Bibliotecas, Jéferson Assumção. A mediação foi do produtor cultural e escritor Raphael Ruvenal.

“A Flup mais uma vez dá mostra de sua força, como espaço fundamental das vozes periféricas criativas e críticas. Com 90% de mulheres em sua programação, a edição de 2024 aprofunda cada vez mais o debate sobre temas emergentes da sociedade brasileira. Na mesa de ontem, debatemos políticas culturais para o livro e a leitura e a construção do PNLL neste contexto”, afirma o diretor de Livro, Leitura, Literatura e Bibliotecas, Jéferson Assumção.

O diretor frisou ainda que a “casa estava cheia de vozes que estão construindo um Brasil de baixo para cima. A presença da escritora Eliana Alves Cruz em nossa mesa também foi fundamental para mostrar a potência de uma literatura que ao contrário de outros momentos não pede mais passagem, mas é o próprio espaço de inovações e possibilidades para a literatura contemporânea brasileira”, finaliza.

Quem criou a Flup

A Festa Literária das Periferias (Flup) foi criada em 2012 por Ecio Salles e Julio Ludemir. A ideia surgiu em 2010, em Nova Iguaçu, quando os dois conversaram sobre a possibilidade de realizar uma festa literária numa favela do Rio de Janeiro com UPP.

A Flup é um evento que promove debates, oficinas e saraus nas favelas do Rio de Janeiro. O objetivo é aproximar a literatura e a arte das comunidades carentes, revelando novos autores e entregando-os ao mercado.

Festa Literária das Periferias (Flup)

Dias: de 11 a 17 de novembro

Local: Circo Voador

Endereço: Rua dos Arcos, s/n, Lapa – RJ

Entrada gratuita

https://www.flup.net.br/

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