Conceição Evaristo será a homenageada da FLUP de 2025;
A edição de 2024 marcou uma guinada histórica da FLUP, consolidando o festival como um espaço transformador.
A Festa Literária das Periferias, a FLUP 2024, com patrocínio master da Shell, foi encerrada neste domingo (17/11) com uma notícia histórica e animadora para aqueles que já estão com a cabeça na próxima edição do festival: a escritora Conceição Evaristo, referência central da literatura brasileira e internacional, será a homenageada da FLUP 2025, que ocorrerá entre 20 e 29 de novembro do próximo ano. Pela primeira vez, o festival celebra uma autora em vida, reforçando seu compromisso com a valorização e fortalecimento de vozes ativas e transformadoras. Conceição, presente na FLUP em debate com a inglesa Bernardine Evaristo, aceitou emocionada o convite dos organizadores.
Neste ano, a FLUP’24 aconteceu no Circo Voador, espaço tradicional da cena cultural carioca, e foi o epicentro de uma programação que uniu literatura, música, performances e muita reflexão crítica.
Ao todo, 31.997 pessoas passaram pelo evento que apresentou mesas literárias com grandes nomes como Bernardine Evaristo, Mame-Fatou Niang, Ana Paula Lisboa, Cidinha da Silva, Conceição Evaristo, Jurema Werneck, Neon Cunha, Nilma Bentes, Oyèrónke Oyěwùmí, Sueli Carneiro, Marie NDiaye, Audrey Pulvar, Bela Gil, Creuza Oliveira, Christiane Taubira, Elisa Lincon, Rokhaya Diallo, Flávia Oliveira e muitas outras mulheres negras. Juntas, elas destacaram temas essenciais sobre literatura negra, ancestralidade, feminismo e transformação social. No Youtube, foram 13.324 visualiações considerando os canais FLUP e Futura na rede social.
A FLUP foi embalada ainda por apresentações memoráveis de Lia de Itamaracá, Dona Onete, Ilê Aiyê, Fabiana Cozza, Pérolas Negras (Alaíde Costa, Eliana Pittman e Zéze Motta), diversos DJs, rodas de samba diárias, batalhas de vogue e do passinho, slam e poesia. Ao todo, foram 18 shows que conectaram arte e resistência em 7 dias de uma programação elogiada pelo público e pela crítica. Somente em 15/11, dia de aprogramação mais extensa da FLUP’24, um fluxo de 9.300 pessoas foi registrado no Circo Voador.
De acordo com Julio Ludemir, idealizador da FLUP e o curador-geral do evento, “esta edição marcou uma guinada histórica, consolidando o festival como um espaço transformador, essencial no calendário global”. Concomitante ao G20, o encontro dos líderes mundiais, a FLUP atraiu mais de 100 comunicadores para a sua cobertura, sendo observada presencialmente por repórteres de meios internacionais como o diário inglês The Guardian, a rede BBC, Radio France e o francês Le Monde. Agência Brasil, O Globo, Folha de São Paulo, TV Globo e outros importantes meios de comunicação acompanharam e difundiram os debates organizados pela FLUP.
A edição 2024 do festival prestou homenagem para a grande intelectual Beatriz Nascimento, celebrando seu legado como uma das figuras mais importantes para os estudos afrodiaspóricos no Brasil. Durante o evento, Conceição Evaristo disse: “escrever é um ato de resistência ancestral”, reafirmando o tom de transformação que permeou toda a programação da FLUP. A curadoria internacional da FLUP ficou a cargo da professora e pesquisadora franco-senegalesa Mame-Fatou Niang, especialista em estudos franceses e francófonos, com pesquisas focadas na negritude contemporânea na França. A curadoria nacional foi pensada por Duda Nascimento. A curadoria das rodas de samba foi da escritora e poeta Vanessa Pereira.
Outro marco da FLUP deste ano foi o levantamento realizado em favelas cariocas sobre os hábitos de leitura de moradores do Morro dos Prazeres, do Vigário Geral, da Mangueira, da Babilônia, do Vidigal, da Cidade de Deus, da Maré e da Providência – territórios que já contaram com edições da FLUP. A Pesquisa FLUP de Hábitos Literários é o terceiro levantamento que ampara decisões do festival e reforçou o reconhecimento, pelos moradores de favelas do Rio, de figuras prestigiadas pela edição 2024. Segundo Ludemir, “as pesquisas relacionadas ao livro no Brasil geralmente olham para os números, falam das vendas e da compra do livro. Nessa, olhamos para quem lê”, destacou.
Pelo terceiro ano consecutivo, o projeto contou com a Shell como sua patrocinadora master. “Um dos critérios para escolha de nossos patrocínios culturais é que os projetos englobem ações de diversidade, equidade e inclusão. E essa é a essência da FLUP, que proporciona um futuro melhor por meio da arte, acreditando, assim como a Shell, na força da cultura como vetor transformador de realidades. – comentou Alexandra Siqueira, gerente de Comunicação Externa da Shell Brasil.
A FLUP é apresentada pelo Ministério da Cultura e pela Shell, tem patrocínio master da Shell, patrocínio do Instituto Cultural Vale e da Globo, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura. O apoio é da Fundação Ford e da Open Society Foundations. O transporte oficial do evento é oferecido pelo Grupo CCR, por meio do Instituto CCR, nas áreas de atuação do VLT Carioca e da CCR Barcas. Realização: Suave, Associação Na Nave e Ministério da Cultura (Governo Federal).
Lançamentos
Durante os sete dias de eventos, a FLUP anunciou anda lançamentos de títulos próprios e foi prestgiada pela presença das editoras Bazar do Tempo, Companhia das Letras, Cobogó, Malê e Todavia. Entre as autoras convidadas estavam Nadia Yala Kisukidi, Yuliana Ortiz Ruano, Marie Ndiaye e Bernardine Evaristo. O Dicionário Bográfico: Histórias Entrelaçadas de Mulheres Afrodiaspóricas, parceria da Flup com a editora Malê, foi amplamente debatido.
O livro narra as trajetórias de 100 mulheres negras que contribuíram para a construção do Brasil em diversas áreas, como ciência, política, literatura, religião e ativismo. Idealizado por Thaís Alves Marinho e Rosinalda Corrêa da Silva Simoni, o título conta com uma rede de acadêmicas da América Latina, majoritariamente negras, para dar voz a figuras históricas como Carolina Maria de Jesus, Marielle Franco e Luiza Mahin, além de nomes menos conhecidos e pouco acessíveis na internet.
A Dissociação, de Nadia Yala Kisukid; Febre de Carnaval, de Yuliana Ortiz Ruano; Hiato e Amor: Porque as Relações Sociais nos Separam e Como nos Re/encontramos, de Josephine Apraku; Os Diários do Câncer, de Audre Lorde; A Invenção das Mulheres, de Oyèrónkẹ́ Oyěwùmí; Mata Doce, de Luciany Aparecida; O Livro Africano Sem T'tulo — Cosmologia dos Bantku-Kongo, de Kimbwandende Kia Bunseki Fu-Kiau; Corporeidades Encruzilhadas - Paulo Nazareth e Cadernos de África, de Napê Rocha; e A Vingança é Minha, de Marie Ndiaye, são algumas das publicações anunciadas durante a FLUP.