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Brasil que não lê: pesquisa aponta perda de quase 7 milhões de leitores em 4 anos; Saiba mais

6ª edição do levantamento "Retratos da Leitura no Brasil" aponta ainda que nos últimos quatro anos, houve uma redução de 6,7 milhões de leitores no país

relogio min de leitura | Escrito por Redação | 25 de novembro de 2024 - 11:30
Essa é a primeira vez na série histórica que o levantamento conclui que a maioria dos brasileiros não leem livros
Essa é a primeira vez na série histórica que o levantamento conclui que a maioria dos brasileiros não leem livros -

A 6ª edição da pesquisa "Retratos da Leitura no Brasil", divulgada na última semana, aponta que, a cada ano que passa, a leitura de livros está sendo praticada por menos pessoas no país. O levantamento também aponta que 53% dos entrevistados não leram nem ao menos parte de uma obra nos três meses anteriores à pesquisa.

Segundo as informações apuradas e divulgadas, esta é a primeira vez na série histórica que a pesquisa conclui que a maioria dos brasileiros não leem livros.

"Se considerarmos somente livros inteiros lidos, no período de três meses anteriores à pesquisa, o percentual de leitores é ainda menor, de 27% dos brasileiros", afirmou a pesquisa.


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Dados da pesquisa "Retratos da Leitura no Brasil"
Dados da pesquisa "Retratos da Leitura no Brasil" |  Foto: Reprodução/Retratos da Leitura no Brasil

O número de não leitores verificado em 2024 representa um aumento de cinco pontos percentuais em relação ao de 2019, que era a edição mais recente da pesquisa. Os dados deste ano são os que apresentam o maior total de "não-leitores" na série histórica do levantamento, que teve início em 2007.

A pesquisa "Retratos da Leitura" é considerada a mais abrangente na tarefa de medir o comportamento do leitor brasileiro. Ela foi feita pelo Instituto Ipec (Inteligência em Pesquisa e Consultoria) e ouviu 5.504 entrevistados durante visitas domiciliares em 208 municípios entre 30 de abril e 31 de julho de 2024.

A pesquisa é uma iniciativa do Instituto Pró-Livro (IPL) e contou com parceria da Fundação Itaú e apoio da Associação Brasileira de Livros e Conteúdos Educacionais (Abrelivros), da Câmara Brasileira do Livro (CBL) e do Sindicato Nacional dos Editores de Livros (SNEL).

Milhões de leitores a menos

Considerando a estimativa populacional brasileira, os dados apontam que o país tem, atualmente, 93,4 milhões de leitores (considerando a população com cinco anos ou mais). Nos últimos quatro anos, de acordo com os dados, houve uma redução de 6,7 milhões de leitores no país.

Mais destaques da pesquisa

- Entre as faixas de "11 e 13 anos" e "70 anos ou mais" não houve queda no percentual.

- Considerando apenas livros lidos inteiros, a média é de apenas 0,82 por entrevistado.

- Os principais motivos que levam à leitura são: "gosto pessoal" (24%), "distração" (15%) e atualização cultural ou conhecimento geral (15%).

A leitura motivada pelo gosto diminui quanto maior a faixa etária dos indivíduos. Entre as crianças de 5 a 10 anos, 38% dizesseram ler por esse motivo. Durante a adolescência e até os 24 anos, esse índice varia de 31% a 34%.

Livros marcantes

Segundo a pesquisa, as obras mais citadas pelos entrevistados foram:

- Bíblia

- O Pequeno Príncipe

- Turma da Mônica

- Harry Potter

- Diário de um Banana

- A Culpa é das Estrelas

- Sítio do Pica-Pau Amarelo

- A Cabana

- Crepúsculo

- Violetas na Janela

- O Menino Maluquinho

- Gibis/História em Quadrinhos

- Dom Casmurro

- Pai Rico, Pai Pobre

- 50 Tons de Cinza

- Capitães da Areia

- As Crônicas de Nárnia

- O Diário de Anne Frank

- Como Eu Era Antes de Você

- Vidas Secas

- Cinderela

- Os Três Porquinhos

- Iracema

- A Arte da Guerra

- O Grande Conflito

- O Alquimista

- Chapeuzinho Vermelho

- Meu Pé de Laranja Lima

Autores prefeiridos

De acordo com o levantamento, aparecem nas primeiras posições:

- Machado de Assis

- Monteiro Lobato

- Mauricio de Sousa

- Augusto Cury

- Paulo Coelho

- Jorge Amado

- Zibia Gasparetto

- Clarice Lispector

- Carlos Drummond de Andrade

- Chico Xavier

- Colleen Hoover

- JK Rowling

- Ariano Suassuna

- Cecília Meireles

- Agatha Christie

Escola = leitura?

A maioria dos entrevistados citou a própria casa (85%) como o lugar onde costuma ler. Entretanto, os responsáveis pela pesquisa puderam notar uma queda na identificação da escola como lugar de referência para a leitura.

“É preocupante notar como as salas de aula estão deixando de ser um lugar de leitura, conforme a série histórica demonstra”, comentou Zoara Failla, coordenadora da pesquisa.

Segundo dados do levantamento, em 2007, 35% citaram o espaço escolar como o lugar onde costuma ler livros.

"Em 2011, foram 33%. Na edição seguinte, de 2015, as menções correspondiam a 25% da população. Em 2019, foram 23%. E agora foi de 19%, o menor índice já registrado", apontaram os organizadores da pesquisa.

Os dados mostram ainda que a indicação de livros pela escola tem um peso cada vez menor na motivação.

Mulheres leem mais que homens

Acompanhando a queda no percentual de leitores no país, o número médio de leitores por gênero também caiu. Apesar disso, as mulheres continuam lendo mais que os homens.

Em uma comparação entre 2019 e 2024, é possível identificar que o percentual de mulheres leitoras caiu 5%, ficando em 49% nacionalmente. Já entre os homens, a queda foi de 6%, chegando a 44%.

A estimativa do levantamento é de que haja, hoje, 50,4 milhões de mulheres leitoras e 42,9 milhões de homens leitores no país.

Estudantes leem mais

Ainda de acordo com a pesquisa, em uma comparação que considera a população leitora que estuda e a população leitora que não estuda, o primeiro grupo é percentualmente mais que o dobro do segundo.

Entre os estudantes, 77% são leitores, contra 37% dos não estudantes.

Além disso, considerando a escolaridade,conclui-se que leem mais as pessoas que fazem parte do ensino superior (63%), seguidas por estudantes dos anos finais do ensino fundamental (49%), do ensino médio (48%) e anos iniciais do ensino fundamental (40%).

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