Brasil no Oscar: relembre outras indicações do país na premiação
Após indicações históricas de Ainda Estou Aqui à próxima edição, confira outras vezes em que o país disputou estatueta
O cinema brasileiro fez história no Oscar nesta quinta (23); pela primeira vez, um filme nacional vai disputar o prêmio principal, de Melhor Filme, na premiação da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas dos EUA. O longa 'Ainda Estou Aqui', dirigido por Walter Salles, disputa também o prêmio de Melhor Atriz, pela atuação de Fernanda Torres, e de Melhor Filme Internacional. A cerimônia de premiação acontece no dia 2 de março.
Apesar de históricas, as indicações divulgadas nesta quinta (23) não são as primeiras do Brasil. Ao longo das últimas 96 edições da premiação, o país já disputou outras estatuetas, tanto com produções totalmente nacionais como com projetos realizados em coprodução com outros países. Confira algumas das outras produções que já representaram o país no Oscar:
Brasil (Brazil, 1944)
A primeira aparição do país na premiação foi com um filme estadunidense sobre o Brasil. Na 17ª edição do prêmio, o renomado compositor mineiro Ary Barroso foi indicado na categoria Melhor Canção Original pela composição de “Rio de Janeiro”, do filme Brazil. Apesar da presença do brasileiro e de ser ambientado no país, o filme não é uma coprodução. Barroso acabou não conquistando a estatueta, que ficou com James Van Heusen, compositor da canção “Swinging on a Star” do filme O Bom Pastor (Going My Way).
Leia também:
➢ Carnaval de Niterói terá mais três desfilantes em 2025
➢ Presidente do México diz que falará com Lula em meio a ameaças de Trump
Orfeu Negro (Orphée Noir, 1959)
O mais próximo de uma estatueta para o Brasil veio na edição de 1960, quando Orfeu Negro, dirigido por Marcel Camus, conquistou o prêmio de Melhor Filme Internacional. No entanto, o filme venceu na categoria representando a França. Apesar de se passar no Brasil, com elenco brasileiro, e de ser baseado em obra de Vinicius de Moraes, o filme era uma produção francesa, em parceria com Itália e Brasil, com o diretor e produtores franceses.
O Pagador de Promessas (1962)
Único filme brasileiro a conquistar a Palma de Ouro no Festival de Cannes, o longa dirigido por Anselmo Duarte foi indicado a Melhor Filme Internacional em 1963. Foi a primeira vez que um representante brasileiro recebeu uma nomeação na categoria. O longa perdeu para Sempre Aos Domingos (Les Dimanches de Ville d'Avray), representante da França.
O Beijo da Mulher-Aranha (Kiss of the Spider Woman, 1985)
Coprodução entre Brasil e Estados Unidos, O Beijo da Mulher Aranha foi um dos principais indicados do Oscar 1996; o filme venceu o trófeu de Melhor Ator, pela atuação de William Hurt, e foi indicado a Melhor Filme, Melhor Direção e Melhor Roteiro Adaptado. Entretanto - e apesar de dirigido por um dos mais reconhecidos cineastas do cinema nacional, Hector Babenco -, o longa foi feito nos EUA, em língua inglesa e com elenco e equipe majoritariamente americanos. Para a premiação, contou como uma produção estadunidense.
O Quatrilho (1995)
Dez anos depois, o país voltou à premiação com uma indicação para o troféu de Melhor Filme Internacional. O Quatrilho, dirigido por Fábio Barreto, conquistou a segunda nomeação brasileira na categoria, mas perdeu o troféu para o filme holandês A Excêntrica Família de Antonia (Antonia), representante dos Países Baixos.
O Que É Isso, Companheiro? (1997)
Ainda no final dos anos 90, outro cineasta da família Barreto levou um filme nacional ao Oscar. O Que É Isso, Companheiro?, de Bruno Barreto, foi indicado a Melhor Filme Internacional. Novamente, quem levou a estatueta na categoria foi um representante dos Países Baixos, que nesta edição foi o longa Caráter (Karakter).
Central do Brasil (1998)
No ano seguinte, o país voltou a ser indicado com Central do Brasil, dirigido por Walter Salles, nomeado em Melhor Filme Internacional e Melhor Atriz. Mais de duas décadas antes da indicação de Torres, a mãe dela, Fernanda Montenegro, se tornou a primeira brasileira e a primeira mulher da América do Sul a ser indicada em categorias de atuação.
Apesar do sucesso de crítica, o longa acabou derrotado por A Vida é Bela (La Vita è Bella), da Itália, em Filme Internacional e por Shakespeare Apaixonado (Shakespeare in Love) em Melhor Atriz, com a atuação de Gwyneth Paltrow levando o troféu.
Cidade de Deus (2002)
Um dos longas brasileiros mais populares no exterior, Cidade de Deus acabou fora da categoria de Melhor Filme Internacional de forma inusitada. O Brasil escolheu o longa para ser seu representante na premiação para o Oscar 2003, mas, para conseguir a indicação, o longa precisava estrear nos EUA até a última semana de 2002.
O longa de Fernando Meirelles não conseguiu distribuição nos EUA a tempo e só estreou por lá em 2003, se tornado apto apenas a indicações para o Oscar de 2004. Apesar de não conseguir representar o Brasil, o filme foi bem avaliado pelos votantes da Academia e, em 2004, acabou indicado em quatro categorias: Melhor Direção, Melhor Roteiro Adaptado, Melhor Fotografia e Melhor Edição.
O Menino e o Mundo (2013)
Três anos após estrear no circuito brasileiro, a animação dirigida por Alê Abreu conquistou uma indicação no Oscar 2016. O longa disputou a categoria de Melhor Animação, mas o troféu acabou indo para o estadunidense Divertida Mente (Inside Out).
Democracia em Vertigem (2019)
O longa-metragem dirigido por Petra Costa foi a primeira produção documental inteiramente produzida pelo Brasil a conquistar uma indicação a Melhor Documentário na edição 2020. O troféu acabou com o filme Indústria Americana (American Factory). Antes do filme de Costa, três coproduções documentais realizadas em parceria entre o Brasil e outros países já haviam conquistado indicações na categoria: Raoni (1978), Lixo Extraordinário (2010) e O Sal da Terra (2014).