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Crianças e adolescentes estreiam peça sobre racismo no Complexo do Salgueiro

Alunos da oficina de teatro do Projeto Recria, com apoio do MMSG, apresentaram o espetáculo ‘Se Correr o Bicho Pega, se Ficar o Bicho Come’

relogio min de leitura | Escrito por Redação | 26 de fevereiro de 2025 - 13:31
Cerca de 50 pessoas, entre familiares e convidados, prestigiaram a estreia da trupe
Cerca de 50 pessoas, entre familiares e convidados, prestigiaram a estreia da trupe -

Com apoio do Movimento de Mulheres em São Gonçalo (MMSG), crianças e adolescentes integrantes da oficina de teatro do Projeto Recria apresentaram, nesta semana, o espetáculo “Se Correr o Bicho Pega, se Ficar o Bicho Come”, no Espaço Cultural Impacto, no Complexo do Salgueiro (SG).

Cerca de 50 pessoas, entre familiares e convidados, prestigiaram a estreia da trupe. A peça foi dividida em duas esquetes (cenas improvisadas) e montada pelos próprios alunos do Complexo do Salgueiro. Durante um pouco mais de três meses de estudos e ensaios, o grupo elaborou a temática, com ênfase no racismo estrutural, na discriminação social e religiosa. Os alunos se inspiraram em experiências e vivências coletivas de moradores das periferias.


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A peça contou com um elenco de 13 atores e teve a direção de Aureo Muller e Julia Fernandes (respectivamente, diretor e estudante de Direção Teatral, ambos do curso de Artes Cênicas da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Responsáveis pela oficina teatral do Projeto Recria, os diretores exaltaram a criatividade e empenho do grupo na montagem das esquetes, que recriam histórias entrelaçadas e ambientadas num percurso entre uma escola e uma igreja.

‘Foi uma experiência maravilhosa, pois aprendemos muito com eles’

Para Julia Fernandes, dar aula de teatro no Complexo do Salgueiro foi uma experiência totalmente diferente. “Desafiante por conta das histórias e do território. Percebemos que o território mexia com o cotidiano dos alunos, dos ensaios e das aulas. Tudo era uma incerteza, mas, mesmo com as adversidades eles conseguiram criar vínculos e confiaram em nosso trabalho ”, disse Julia. “Aprendemos a colocar a prática do teatro em circunstâncias adversas. Aprendemos muito com esse grupo. Apenas adaptamos as falas deles, o cotidiano, e o texto fluiu”, explica o diretor Aureo Muller.

"O teatro é uma proposta para desenvolver as habilidades"

Para a coordenadora técnica do Projeto Recria, a psicopedagoga Elisabeth Lourenço, “ o teatro potencializa as habilidades e estimula o desenvolvimento cognitivo dos alunos, como leitura, expressão corporal e aprendizagem”.

Já a gestora e coordenadora geral do MMSG, Marisa Chaves, ressaltou o empenho perante as adversidades. “A apresentação dos alunos da oficina de teatro superou as expectativas, pois todo o processo de aulas e ensaios foi realizado mediante as opressões sofridas pela comunidade em um território conflagrado. Resgatamos os sonhos e marcamos a vida dessas crianças e adolescentes”, reiterou.

A peça contou com um elenco de 13 atores e teve a direção de Aureo Muller e Julia Fernandes
A peça contou com um elenco de 13 atores e teve a direção de Aureo Muller e Julia Fernandes |  Foto: Divulgação

‘O teatro abriu o cadeado que me prendia’

“Eu tinha vergonha de fazer muita coisa em público. Mas depois do teatro comecei a ficar mais solto e liberado. O teatro abriu o cadeado que me prendia”. (Yan Pontes, 10 anos)

A peça será reapresentada no próximo dia 17 de março, na Escola Municipal Marinheiro Marcílio Dias, na Estrada das Palmeiras, no Complexo do Salgueiro.

MMSG: projetos atendem crianças e adolescentes em três municípios

Com apoio da Fundação para Infância e a Adolescência (FIA), o projeto Recria, que teve início em abril (2024), tem o objetivo de garantir o atendimento continuado e interdisciplinar a 100 crianças e adolescentes e, indiretamente, a 400 famílias em situação de risco social, de desemprego e pobreza. O projeto atua no contraturno escolar e atende em núcleos no Centro, Complexo do Salgueiro e Jardim Catarina.

Além do Recria, o Projeto Neaca Tecendo Redes, que tem apoio da Petrobras, atende demandas relativas às violências domésticas e/ou sexuais e também atua em apoio a outros projetos para capacitação de jovens em situação de vulnerabilidade social. O projeto abrange os municípios de São Gonçalo, Itaboraí e Duque de Caxias com o objetivo de contribuir para a promoção, prevenção e garantia dos direitos humanos de mulheres, crianças, adolescentes e jovens (até 29 anos).

Em caso de ajuda, os núcleos disponibilizam seus serviços, de segunda à sexta-feira, das 9h às 17hs, nos endereços e telefones abaixo:

NEACA (SG)- Rua Rodrigues Fonseca, 201, Zé Garoto. (2606-5003/21 98464-2179)

NEACA Primeira Infância (SG)- Rua Rodrigues Fonseca, 313, Zé Garoto. (21 96750-1595)

NEACA (Itaboraí)- Rua Antônio Pinto, 277, Nova Cidade. (21 98900-4246)

NEACA (CAXIAS) – Rua General Venâncio Flores, 518, Jardim 25 de Agosto. (21 96750-3095).

Recria - Rua Rodrigues Fonseca, 313, Zé Garoto. (21 96750-1595)

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