Dia do Pão Francês: apesar do nome, pão mais consumido do país foi criado no Brasil
Data dedicada ao pão é celebrada neste dia 21 de março

Protagonista de boa parte dos cafés da manhã pelo país, o pão francês é tão importante para o cotidiano do brasileiro que tem até um dia para chamar de seu. Nesta sexta-feira (21) é celebrado o Dia do Pão Francês, data dedicada à iguaria que, segundo dados do Instituto Tecnológico de Panificação e Confeitaria (ITPC), é o tipo de pão mais consumido no Brasil.
A pesquisa indica que 34,39% dos pães consumidos no Brasil são pães franceses considerando todas as variedades de pão do país. Quem trabalha literalmente com a mão na massa do pão, como o niteroiense Raphael Reis, de 42 anos, confirma. Padeiro no mesmo estabelecimento há mais de duas décadas, ele conta que o “pão de sal”, como é conhecido, ainda supera as vendas de qualquer outra massa ou bebida, até mesmo do popular café.
Leia também:
➢ 1º Seminário de Literatura Gonçalense (Selig) movimenta a FFP-UERJ
“O pão de sal é o nosso forte aqui na padaria, é sempre o que mais sai. A gente não sabe explicar porque, mas é uma tradição muito forte. Um pãozinho francês, principalmente no café da manhã, é fundamental”, destaca Raphael, que começou a trajetória como ajudante de padaria na Trigo Dourado, no Centro de Niterói, e não parou de fazer pães por lá desde então.

A força do pão francês é tanta que ele faz sucesso mesmo em estabelecimentos de outros setores que contam com ele como opção do cardápio. Vinicius Martins, de 18 anos, é garçom no Bistrô Evo, também no Centro, que oferece almoço e lanches de bistrô variados. Mesmo assim, ele conta que sempre tem clientes que chegam procurando o clássico sanduíche com pão francês.
“Sempre tem aquele cliente que pede o pão francês mais clássico. Acho que a crocância dele é o que chama a atenção. Fora que não tem como correr né; faz muito parte da nossa cultura”, destaca o garçom. E ele não está errado; o pão francês é exclusivamente parte da nossa cultura. Apesar do nome, a iguaria não foi criada na França e, apesar de presente em alguns outros países latinos, é mais popular no Brasil.
A tradição do “prato” remonta ao fim do século XIX e início do XX, quando costumes cosmopolitas da elite europeia começaram a se popularizar entre as classes mais ricas ao redor do mundo. No Brasil, famílias da elite que viajavam para a França conheceram os pães de massa branca e as famosas “baguetes” - parecidas com os nossos “pães de sal”, só que mais compridas.

Acredita-se que foi a partir destes viajantes que a demanda pelos pães de massa branca surgiu no Brasil. Era comum que essas famílias de elite pedissem um pão ao estilo francês aos padeiros, que , por sua vez, começaram a produzir a receita em versões menores do que a vendida na França. Assim teria nascido o pão francês, que segue, até os dias de hoje, com os mesmos ingredientes da receita da baguete: farinha de trigo, sal, fermento e água.
Daí vem o apelido, que apesar de ser o mais comum, não é o único no país. Além de “francês”, o pão também é “de sal” aqui no Sudeste e tem nomes diversos em outras regiões do país, como “carioquinha” e pão jacó” em alguns estado do Nordeste, “cacetinho” no Sul do país e “pão careca” no Norte. Independente do nome, não tem jeito: o pão é unanimidade no país.