Instagram Facebook Twitter Whatsapp
Dólar R$ 5,4383 | Euro R$ 6,0088
Search

Eleições 2024: OSG conversa com Viviane Carvalho, candidata à Prefeitura de São Gonçalo

Candidata do PMN fala sobre construção de novas creches e projeto para diminuir filas na saúde

relogio min de leitura | Escrito por Redação | 02 de outubro de 2024 - 19:06
Primeiro turno das eleições municipais acontece no próximo domingo (06)
Primeiro turno das eleições municipais acontece no próximo domingo (06) -

No próximo dia 6 de outubro, milhares de gonçalenses vão às urnas para decidir quem vai gerir a Prefeitura Municipal pelos próximos quatro anos. A equipe de O São Gonçalo conversou, ao longo das últimas semanas, com os principais candidatos ao cargo e ouviu os projetos de cada um para gerir São Gonçalo.


Confira as entrevistas com os outros candidatos dessa cidade:

Capitão Nelson (PL)

Dimas Gadelha (PT)

Professor Josemar (PSOL)

Jaqueline Pedroza (NOVO)

Reginaldo Afonso (PSTU)


A entrevista de hoje é com Viviane Carvalho (PMN), candidata à Prefeitura com o vice José Roberto Cordeiro (PMN). A candidata tem passagens pela Subsecretaria de Infraestrutura de Educação do município e pela diretoria-geral de Finanças da Secretaria de Estado da Casa Civil. Construção de novas creches, estudos técnicos para combater a degradação ambiental e estratégias para diminuir filas na unidades de saúde estiveram na pauta da conversa que Viviane teve com OSG, que você confere a seguir:

OSG - São Gonçalo enfrenta há vários anos problemas no transporte público de qualidade, que é basicamente realizado por ônibus e vans. Com isso, motoristas e passageiros gastam um tempo enorme em seus deslocamentos diários, num trânsito intenso nas principais vias da cidade. Quais são seus planos para melhorar o transporte público e reduzir o congestionamento nas principais vias de São Gonçalo?

Viviane Carvalho - Hoje, é impossível a gente falar de mobilidade e não citar essa obra do Muvi, que tem causado um transtorno imenso. Temos essa obra, que deveria ter sido um corredor para dar fluidez ao trânsito e trazer melhorias, e a gente sabe que não é o que está ocorrendo. O pouco que você tinha de identificação nas questões de rua, de acesso, foram retiradas pela obra. Tudo isso acaba atrapalhando muito.

A ideia é que a gente entenda o porquê de a obra ter sido mudada no meio do caminho. Queremos entender o que está dificultando a questão das linhas de ônibus. Já ouvimos relatos de lugares em que não passam mais linhas de ônibus e as pessoas precisam ir para outro bairro para poder pegar a condução. Então, queremos entender o que ocorreu para tentar chegar a um denominador que fique bom para todos.

OSG - A violência é uma das principais preocupações da população gonçalense. Apesar de o combate à violência ser de responsabilidade direta das polícias estaduais e federais, como sua gestão pretende contribuir para enfrentar esse problema e garantir mais segurança para os moradores?

Viviane - Somos uma cidade de mais de 1 milhão de habitantes e nós temos um Batalhão, que não atende a todos os bairros que temos. A gente precisa trazer a responsabilidade do Estado para dentro da cidade e entender por que a gente tem hoje bairros em que as pessoas não conseguem sequer ver patrulhas. Nós sabemos também que a gente tem a Guarda [Municipal]. Existe uma polêmica em relação a Guarda, se deve ser armada ou desarmada. Eu acho que essa questão não é o caso agora. Primeiro, temos que reformular essa questão de políticas públicas de segurança.

Há alguns anos atrás, se falava em trazer um novo Batalhão para a cidade. A gente sabe que, na Baixada e em outros locais, temos municípios que são atendidos por dois Batalhões. Queremos trazer isso à responsabilidade do Estado e trabalhar com a parte social também, para resgatar a dignidade dos bairros que hoje estão abandonados.

OSG - Com relação à Saúde, historicamente a população de São Gonçalo sempre enfrentou problemas com filas nos hospitais. Quais são suas propostas para melhorar o atendimento nos hospitais e unidades de saúde do município?

Viviane - O que temos de fazer é, primeiro, criar uma regulação transparente. Hoje, as pessoas entram nas filas dos hospitais e não sabem qual é o seu lugar na fila. Muitas vezes elas entram numa fila e depois entram pessoas na frente delas. Temos que dar transparência e a tecnologia vai nos ajudar para isso. A pessoa precisa entrar numa fila para fazer um exame ou uma cirurgia e saber qual é a vez dela, para que ela não sofra o que vem sofrendo hoje.

A gente tem postos de saúde que não têm recursos básicos. Recebemos relatos de mães que levam seus filhos para os postos de saúde e, muitas vezes, o médico pergunta qual é o peso da criança porque não tem uma balança dentro do posto. Falta insumo. A gente hoje não tem uma unidade especializada que diga para a pessoa qual é de fato o problema dela. Estamos perdendo vidas. Meu pai foi vítima dessa saúde pública; há oito meses ele morreu porque ficou dependendo de um exame e o hospital não tinha um aparelho para que ele fizesse esse exame.

Temos pessoas que não conseguem se locomover para as unidades porque não tem dinheiro para pagar passagem. Então, vamos criar o Transportando com Saúde. Vamos criar o Samu Alcântara, porque a gente sabe da dificuldade, muitas vezes, do Samu de São Gonçalo em atender bairros como Santa Izabel ou Palmeira. Outro projeto nosso é o Valoriza A Gente. Nossos profissionais [de saúde] não estão sendo valorizados. Existem repasses do Governo Federal que são repassados e o município não repassa para o agentes da ponta. Com isso, temos o mesmo problema que temos com os professores: agentes desmotivados porque têm o seu ponto principal “mexido”, que é a questão salarial.

OSG - A Educação pública em São Gonçalo enfrenta desafios em termos de infraestrutura e qualidade do ensino. Quais são suas propostas para garantir maior qualidade na educação pública e aumentar o acesso a escolas em áreas carentes?

Viviane - O começo de tudo é a gente rever as perdas salariais dos professores. Nós já tínhamos problemas em relação à Educação e piorou quando a gestão tira dos professores o direito que eles conseguiram conquistar depois de 22 anos. Eles sofreram uma perda com o corte do Plano de Cargos e Salários. Queremos rever esse corte que eles tiveram.

Vamos aumentar o número de creches nos bairros. A gente tem bairros que, hoje, ainda não possuem creche. Tem mães que não podem trabalhar porque não tem onde deixar seus filhos. Também temos muita reclamação em relação à merenda. Hoje se gasta muito com a merenda e a gente acaba não vendo qualidade na comida. Já temos estudos de locais em que essas merendas são descentralizadas de forma que não interfira na Lei, não vá contra a legalidade. A gente tem que dar essa autonomia aos diretores de escola, até mesmo porque eles começam a dar vida aos bairros, vão ter a oportunidade de comprar dos comércios locais.

Nós temos alguns projetos que são o Educa Mais e a Subsecretaria de Atenção Especial, que é uma proposta nossa que vai atender as crianças que sofrem de autismo e de outros transtornos. Temos a Casa do Professor Gonçalense, que é uma forma de qualificar nossos professores e dar a eles a possibilidade de planejamento da aula. Sabemos que há um problema crônico na cidade de o professor não conseguir planejar a aula. Ele fica todos os dias ali em sala de aula e, se tiver que planejar, tem que usar o final de semana. Nossa cidade hoje é uma das piores no IDEB; caímos muito e mudar isso tem a ver com a valorização do professor e o interesse do aluno pelo ambiente escolar.

OSG- Desemprego. Quais estratégias sua gestão adotará para atrair novos investimentos e gerar mais empregos na cidade?

Viviane - A nossa ideia é criar oportunidade para que os jovens possam se qualificar. Queremos unir o útil ao agradável: a pessoa que quer empregar com a pessoa que está precisando do trabalho, mas sem qualificação e sem possibilidade de pagar um curso. Vamos criar as Escolas de Oportunidade, para que as pessoas tenham capacitação. Nós temos polos comerciais em grandes bairros que os rios foram fechados porque não tiveram apoio do poder público. O Jardim Catarina, onde nasci e fui criada, há alguns anos era um polo comercial, para onde as pessoas vinham do Rio para poder comprar malha. Hoje, muitos comércios lá estão fechados. Queremos ajudar esses pequenos empregadores a entender que tipo de incentivo podemos dar para que eles possam voltar a gerar emprego.

Temos também as feiras livres. Muitas pessoas vivem daquilo que produzem, mas não têm um lugar onde possam oferecer produtos. Vamos ver em quais locais públicos nós podemos oferecer segurança e infraestrutura, para que eles possam trabalhar com aquilo que eles mesmo produzem. Vamos criar a Central do Primeiro Emprego, que vai atuar com o jovem, e a Casa do Trabalhador, que é algo que já existe no governo do Estado e a gente pode fazer um convênio com a Prefeitura.

OSG - O saneamento básico ainda é um problema grave em diversas regiões de São Gonçalo, além de enchentes frequentes em épocas de chuva. Como sua administração pretende lidar com os problemas crônicos de saneamento básico e enchentes?

Viviane - De novo a gente esbarra na questão do Muvi. É impossível não falar sobre isso. O Poder Público se preocupou em fazer uma obra e não se preocupou com o solo que está por baixo. A gente sabe que não dá pra fazer asfalto sem pensar no saneamento e em como escoar essa água que vem da chuva.

Nossos rios não são dragados e a gente possui poderes públicos em outros órgãos que podem ajudar. A gente tem a Petrobras, que tem um projeto magnífico, mas que o poder público não utiliza e não faz questão de ver. Queremos trazer esses parceiros para perto e ver que tipo de estudos são esses que podem nos ajudar a combater as enchentes. E queremos trazer também o Estado para a responsabilidade. O Inea tem que atuar em relação a isso, mas é preciso a Prefeitura e o Estado criarem essa comunhão, para que a gente possa de fato resolver o problema

OSG - Muitos moradores de São Gonçalo vivem em áreas irregulares e em situação de risco. Há planos para ampliar projetos de habitação popular ou regularizar áreas irregulares?

Viviane - Fizemos um estudo e há mais de dez anos, se não me engano, nós não fazemos construções na nossa cidade. Temos uma cidade que não cria projetos de moradia. Há quantos anos a gente não tem construções que ajudem as pessoas em situação de rua ou que estão vivendo hoje em moradias irregulares? Sequer temos o cadastro dessas pessoas. Precisamos trazer o Governo Federal a uma responsabilidade que também é dele, de ver e saber o que está acontecendo.

Precisamos também entender qual é a quantidade de aluguéis sociais que temos na cidade. A gente já buscou isso nos portais de transparência e não conseguimos ter um diagnóstico real de quantas pessoas vivem de aluguel social hoje. A gente só conseguiu saber que, há mais de dez anos, foram entregues moradias aqui, do Minha Casa Minha Vida, por conta de desastres. Isso nunca foi feito por prevenção, para pessoas que a gente sabe que estão numa situação irregular, em locais onde a gente sabe que podem vir a ocorrer problemas.

OSG - Como a senhora pretende conciliar o crescimento urbano com a preservação do meio ambiente em São Gonçalo? Quais são suas propostas para proteger as áreas de preservação ambiental e lidar com o desmatamento e a poluição? Existe algum plano para implementar políticas de reciclagem, gestão de resíduos ou uso de energias renováveis na cidade?

Viviane - Eu estive com o pessoal da UFRJ, da Coppe, que tem estudos prontos, inclusive da cidade, sobre a questão do desenvolvimento e da reciclagem. Vamos pegar esses estudos técnicos e usá-los. O maior problema hoje, na nossa cidade, é que a gente não tem técnicos à frente dos grandes e maiores projetos. Você não tem técnicos à frente de projetos de mobilidade urbana ou dessa parte de meio ambiente. E é uma questão muito crônica. A gente tinha um lixão em Itaoca que foi desativado e, hoje, a gente tem um despejo irregular disso em algumas áreas. Já recebemos reclamação em relação a isso. Temos que entender, ver essas áreas onde está sendo despejado [o lixo] para, enfim, apresentar estudos técnicos e básicos atuar na prevenção, não mais atuar só depois que a “água está derramada”.

OSG - Quais iniciativas sua gestão planeja implementar para promover a cultura local, ampliar o acesso ao esporte e ao lazer? Há planos para revitalizar os espaços públicos, como praças e parques, e fomentar a criação de centros culturais ou esportivos?

Viviane - Antes nós tínhamos, em âmbito federal, uma única lei de incentivo à cultura, que era a Lei Rouanet. Hoje, nós temos a Lei Paulo Gustavo e a Lei Aldir Blanc, que, aqui na cidade, só atendem a pequenos grupos que estão no interesse do Poder Público. A gente tem grandes artistas dentro da cidade que promovem cultura, mas que não são beneficiados, sequer têm acesso a esse incentivo. A ideia é termos cultura para todos, para que todas as pessoas que tenham, de fato, um projeto [cultural] possam ser beneficiadas.

Vamos fazer o Caravana da Cultura e o Arte nas Praças. Não adianta você fazer uma maquiagem numa praça e não dar vida a ela. Olha os milhões que nós gastamos numa praça recentemente e não tem vida; ficou uma praça totalmente irregular, construída de qualquer forma. Nós temos as Lonas Culturais também. Hoje, os locais que têm as Lonas não estão em funcionamento - e a gente tem artista querendo se apresentar, então é uma conta que não fecha.

Temos também [os projetos] Escola e Cultura e a Escola de Música. Quantos músicos nós temos aqui que não têm apoio do poder público e que precisam de oportunidade de renda. Isso talvez não custe “um real” para o poder público, porque temos hoje as leis de incentivo. E ainda que custe, nós não podemos entender como custo, mas como investimento. Afinal de contas, quando a gente dá oportunidade ao artista, ele dá possibilidade para outras crianças e adolescentes se envolverem numa atividade cultural.

OSG - A transparência na gestão pública e a participação popular são temas cada vez mais exigidos pelos eleitores. Como a senhora pretende garantir mais transparência nas contas públicas e incentivar a participação dos cidadãos nas decisões da prefeitura?

Viviane - A Lei obriga que você dê transparência a tudo do poder público. A gente pode trazer a tecnologia para ajudar nisso. Você vê que, hoje, a gente não tem [transparência ] na cidade. Se você procurar no site da transparência o projeto do Muvi, por exemplo, você não encontra. Se você entrar na fila do hospital, você não sabe qual é a sua vez. Se você faz uma matrícula na escola, você não consegue saber a vaga do seu filho - mas você sabe que uma pessoa, por indicação de vereador, conseguiu a mesma vaga que você estava querendo.

Precisamos usar a tecnologia a nosso favor. Hoje, a gente sabe que os aplicativos estão aí para isso. Como candidatos, nós usamos um aplicativo que dá a todas as pessoas a agenda, os locais em que estivemos, com quem falamos, o que ouvimos. Quero dar continuidade a isso a partir do momento que for prefeita, para o cidadão de bem poder acompanhar e saber não só com que o dinheiro dele está sendo gasto, mas saber seu lugar na fila, se seu filho vai conseguir a matrícula.

Matérias Relacionadas