Eleições 2024: OSG entrevista Jaqueline Pedroza, candidata a Prefeitura de São Gonçalo
Candidata do NOVO fala sobre armamento da guarda municipal, construção de nova rodoviária e transparência
No próximo dia 6 de outubro, milhares de gonçalenses vão às urnas para decidir quem vai gerir a Prefeitura Municipal pelos próximos quatro anos. A equipe do O São Gonçalo conversou, ao longo das últimas semanas, com os principais candidatos ao cargo e ouviu os projetos de cada um para gerir São Gonçalo.
Confira as entrevistas com os outros candidatos dessa cidade:
Nossa equipe conversou com Jaqueline Pedroza (NOVO), candidata à Prefeitura de São Gonçalo com a vice Missionária Sulemir (NOVO). Com experiências como assistente de departamento pessoal, motorista de aplicativo e empresária, Jaqueline tenta o cargo pela primeira vez. Na conversa, a candidata fala sobre propostas para garantir transparência e construção de terminal rodoviário. Confira a entrevista:
OSG - São Gonçalo enfrenta há vários anos problemas no transporte público de qualidade, que é basicamente realizado por ônibus e vans. Com isso, motoristas e passageiros gastam um tempo enorme em seus deslocamentos diários, num trânsito intenso nas principais vias da cidade. Quais são seus planos para melhorar o transporte público e reduzir o congestionamento nas principais vias de São Gonçalo, caso seja eleita?
Jaqueline - Nós temos diversas dificuldades e baldeações que os moradores precisam fazer para se deslocar de um município para outro e as vezes até mesmo de um bairro para o outro. Os nossos projetos estão focados em ampliar as vias. Nós temos aí o MUVI, em que será colocado um ônibus elétrico, porém a gente já analisou e viu que talvez o fluxo piore, porque dessas três vias que temos aqui, uma delas vai ficar fixa para o MUVI e as demais para os outros transportes, então isso vai dificultar o desenrolar do trânsito. Nossas propostas são: fazer um terminal rodoviário em São Gonçalo para concentrar esses transportes num só lugar. Temos ali em Alcântara, por exemplo, aquela "mini rodoviária", mas ela funciona para os ônibus intermunicipais, e dentro de São Gonçalo a gente não tem um ponto assim que possa trazer essa mobilidade.
A gente quer proporcionar meios de aumentar/alargar e até mesmo reconduzir as linhas para outras áreas, outras ruas. A gente vê no Centro de São Gonçalo que as vias podem ser de mão dupla, para funcionar o fluxo de idas e vindas de transportes. Também vemos que os pontos de ônibus não estão muito funcionais para os passageiros, e precisamos dar essa qualidade para que o cidadão tenha segurança. Aqui no Centro de São Gonçalo, quando dá 21h, fica super deserto e vejo muitas mulheres ali no ponto, que estão voltando de seus trabalhos. Muitos locais também não têm o suporte do ponto de ônibus com qualidade, fazendo com que o passageiro fique embaixo de sol e chuva com crianças, idosos. Então nossas propostas são essas, de ampliação das vias e ampliação de linhas de ônibus, que possam circular nas vias internas da nossa cidade, tirando um pouco o foco da central, tentando utilizar as ruas paralelas às principais como forma de desaguar um pouco esse ambiente dentro do centro de São Gonçalo e Alcântara, onde o fluxo é maior.
OSG - A violência é uma das principais preocupações da população gonçalense. Apesar de o combate à violência ser de responsabilidade direta das polícias estaduais e federais, como sua gestão pretende contribuir para enfrentar esse problema e garantir mais segurança para os moradores?
Jaqueline - Eu tenho andado nas ruas e me surpreendido, porque geralmente, enquanto candidatos, ouvimos as pessoas falarem sobre saúde e educação, o que também é um ponto que está em ápice. Porém, tenho me surpreendido com a quantidade de pessoas que se dizem inseguras, tanto os pedestres, como os comerciantes. No meu bairro, por exemplo, os comércios que estão fechados estão sendo invadidos por "cracudos", gerando prejuízos que a população mesmo paga. Os donos desses imóveis pagam seus impostos e não têm isso como retorno. A gente vê também dentro das comunidades o aumento das barricadas. Em 2020, a proposta que foi falada é que seriam retiradas todas as barricadas, e, no entanto, elas triplicaram. Vemos as comunidades com muito medo, muita insegurança, e famílias tendo que sair dos bairros onde nasceram, criaram seus filhos e formaram suas famílias para se deslocarem para um bairro menos perigoso, que dentro de São Gonçalo são poucos.
Então um dos nossos projetos é trazer a Guarda Municipal de forma efetiva, 100% armada, porque acho muito importante esse armamento para proporcionar segurança. E dentro das comunidades e das escolas, principalmente escolas localizadas em áreas mais vulneráveis, fazer um forte trabalho, inclusive aos finais de semana, de levar ao jovem e adolescentes uma mudança de mentalidade, para que possamos resgatar e formar esse jovem entendendo que não é a violência que vai oferecer um futuro, e sim estar ali, dentro da escola, com projetos sociais, contribuindo, dessa forma, com a questão da segurança pública.
A gente quer ampliar também a central de monitoramento da nossa cidade, dentro de um raio de 100 metros, ter câmeras filmando, além de um policiamento ostensivo com mais frequência dentro do município e a parceria junto com o governo do Estado, que são os maiores responsáveis. Mas independente das responsabilidades federais e estaduais, a Prefeitura tem que ser ativa, buscando intermediações para que esse nível de violência dentro da cidade diminua.
OSG - Com relação à Saúde, historicamente a população de São Gonçalo sempre enfrentou problemas com filas nos hospitais. Quais são suas propostas para melhorar o atendimento nos hospitais e unidades de saúde do município?
Jaqueline - Eu acho que em São Gonçalo a gente tem uma crise dentro da saúde. A nossa saúde está doente e essa doença é como se fosse um câncer, um câncer de politicagem. A nossa regulação está nas mãos de políticos, e se tem um ponto que a gente vai trabalhar firme dentro da saúde é organizar toda a fundação, e, principalmente, atuar na regulação do nosso município, tirando o poder da mão de político e devolvendo para o cidadão. O cidadão precisa chegar dentro da regulação com seu encaminhamento e conseguir marcar sua consulta, seu exame em tempo hábil. Eu tenho a minha mãe, por exemplo, que foi fazer um preventivo em fevereiro desse ano e o resultado só saiu em julho, ou seja, se ela tivesse algum problema, olha a demora para começar o tratamento. Ontem também estávamos em uma reunião e o pessoal veio me falar que estão há um ano aguardando para sair uma ressonância, mas se tem o conhecimento com um político, consegue com um mês, ou até mesmo antes.
Também temos como projeto a criação de um aplicativo, onde o cidadão vai conseguir acompanhar o dia e a hora de sua consulta, porque a transparência é tudo dentro da nossa gestão, que deve ser eficiente. A gente precisa fazer com que o cidadão se sinta parte dessa construção, e essa construção se faz a partir do momento em que ele tem o direito dele na mão, porque o cidadão é um pagador de imposto, então tem que saber qual dia vai ser consultado, a hora e quantas pessoas tem na sua frente para o atendimento.
OSG - A Educação pública em São Gonçalo enfrenta desafios em termos de infraestrutura e qualidade do ensino. Quais são suas propostas para garantir maior qualidade na educação pública e aumentar o acesso a escolas em áreas carentes?
Jaqueline - Volto novamente na questão da politicagem, porque para conseguir uma vaga, você tem um número mínimo para preenchimento através do site, porém, as demais vagas vem através de indicação política, e isso afeta diretamente as nossas crianças, os nossos jovens e o nosso futuro, porque uma criança sem uma vaga na escola atinge automaticamente o futuro da nossa cidade, que fica totalmente comprometido. Ao andar pelas ruas vejo muitos professores que chegam até a chorar, o que me emociona também, por saber que aquele profissional, que forma todas as outras profissões, que ajuda na construção de uma sociedade, tem tanta dificuldade, falta de motivação, reconhecimento e valorização para poder ensinar às nossas crianças.
O nosso projeto é dar total atenção aos profissionais da educação, garantindo assim qualidade no ensino para nossas crianças e jovens e também garantindo que esses profissionais possam levar o seu sustento com dignidade para casa, tendo também o prazer de ir para as unidades de ensino e trabalhar com amor. Porque nenhum professor se forma só para ganhar dinheiro, até porque o salário é muito pequeno, então ele se forma porque acredita naquele propósito na vida dele, que é formar pessoas saudáveis, com conhecimento e dignidade, e essa é a nossa visão para a educação de São Gonçalo.
OSG - Desemprego. Quais estratégias sua gestão adotará para atrair novos investimentos e gerar mais empregos na cidade?
Jaqueline - Esse é um assunto bastante amplo, porque a geração de emprego envolve várias coisas como segurança pública, infraestrutura, envolve ter uma cidade receptiva para essas empresas, com redução de impostos e incentivos fiscais. Uma das nossas propostas é investir na Praia das Pedrinhas, que está às margens da BR, com acesso à quem vem do Rio, Niterói e precisa de maior valorização. Além disso, também temos as áreas rurais, como por exemplo em Santa Isabel, com área até mesmo agrícola, onde poderiam ser desenvolvidos trabalhos nessa área, gerando emprego e renda. Também precisamos ter uma conversa muito aberta com os empresários, propondo a entrada deles em São Gonçalo, incentivando-os através da redução de imposto e colocando diante deles uma cidade segura para se trabalhar. A gente tem empresas que foram criadas aqui no município e foram para outras cidades por causa da segurança.
Outro dia fui fazer uma entrevista e o dono de um galpão dentro de um bairro do nosso município simplesmente fechou o galpão, o abandonou porque colocaram barricadas na porta da empresa dele. Isso dificulta que outras empresas cheguem até ele para entregar produtos, materiais, e isso faz com que as pessoas acabem saindo da nossa cidade. Então a gente precisa criar um ambiente em São Gonçalo de segurança, cultura, turismo e englobar tudo isso para trazer esse desenvolvimento econômico para nossa cidade.
OSG - O saneamento básico ainda é um problema grave em diversas regiões de São Gonçalo, além de enchentes frequentes em épocas de chuva. Como sua administração pretende lidar com os problemas crônicos de saneamento básico e enchentes?
Jaqueline - Eu acho que nesse caso precisa-se de um estudo com profissionais técnicos para poder avaliar todas essas áreas. A gente tem rios que estão assoreados e não estão sendo tratados. Eu inclusive tenho andado nas ruas e passado por diversos deles, até tirei fotos, porque são rios que estão a palmos da rua, então se dá uma chuva, já era. Não adianta vir com desculpa de que todos os municípios do Rio de Janeiro alagam, porque o nosso município é o nosso município, a gente tem que trabalhar cuidando e olhando para ele. Acho que, primeiramente, deve ser realizado um plano de estudo para analisar a geografia de cada bairro, porque alguns são mais baixos, outros mais altos, e também analisar o que pode ser feito para jogar essa água para onde ela precisa ir, porque não adianta só tratar o rio ali aberto se por baixo da terra, pelas vias pluviais, existem entupimentos, crostas ressecadas há muito tempo, além de lixo. É como se precisasse realizar um cateterismo na cidade de São Gonçalo, para colocar um equipamento dentro de todas essas vias e assim ir desentupindo e empurrando aquilo ali. É muito bom você fazer asfalto, botar calçada e meio fio, mas tratar aquele problema ali não trata, então fica uma coisa bonita visivelmente, mas e quando chove, quem paga? Os moradores.
Fiz uma reunião com moradores no Vila Lage e eles falaram que as obras que estão sendo realizadas vão melhorar o lado de lá, mas que para eles, ali internamente, a luta continua, porque vão continuar convivendo com esgoto descendo à céu aberto. Então é preciso realizar um plano de estudo para entender como funciona toda aquela região e saber o caminho certo, não ficando apenas gastando dinheiro, colocando dinheiro num projeto, numa obra que daqui um tempo, vai ocasionar problemas novamente. O nosso ponto inicial vai ser trazer especialistas nessa área, profissionais técnicos para fazer esse estudo para que esse escoamento de água ocorra o mais rápido possível.
A gente pensa também em fazer uma espécie de bacia, cisterna, dentro ali mesmo da área do Vila Lage. Já localizamos um espaço que pode ser tratado dessa forma, assim como tem um lugar no Rio que foi feito e teve resultados positivos com essa obra.
OSG - Muitos moradores de São Gonçalo vivem em áreas irregulares e em situação de risco. Há planos para ampliar projetos de habitação popular ou regularizar áreas irregulares?
Jaqueline - São Gonçalo é gigante, e a gente que anda por aí vê que existem muitos espaços ociosos que poderiam ser tratados e estruturados para que possam ser construídas residências nesses locais. Também é necessário conversar com a população para fazer esse transporte de moradia, porque não adianta a gente ir conversar e a pessoa não querer ouvir. Falo isso porque perto da minha casa tem uma localidade que quando teve a chuva de fevereiro do ano retrasado, a população teve muitos problemas, tiveram que sair das suas casas, mas logo em seguida quiseram voltar.
É aquilo né, é o sonho deles, eles construíram com suor do seu trabalho e acabam sentindo que estão abandonando aquilo que construíram com dificuldade. Mas é necessária uma conscientização do crescimento desordenado dessas casas, além de procurar, junto à assistência social, entender a forma de vida dessas pessoas, a renda dessas pessoas, para tentar fazer uma mudança de mentalidade, dando condições para que essa população seja realocada em locais mais seguros, sem preocupação com as chuvas. Estamos fazendo um mapeamento da cidade, vendo esses espaços que estão ociosos, para fazer um tratado com esses locais para a construção de casas para a realocação dessas pessoas.
OSG - Como a senhora pretende conciliar o crescimento urbano com a preservação do meio ambiente em São Gonçalo? Quais são suas propostas para proteger as áreas de preservação ambiental e lidar com o desmatamento e a poluição? Existe algum plano para implementar políticas de reciclagem, gestão de resíduos ou uso de energias renováveis na cidade?
Jaqueline - Dentro do nosso partido nós temos candidatos a vereadores que têm um trabalho muito forte dentro dessa questão, que é uma pauta das mais importantes em São Gonçalo: a reciclagem. Esses profissionais, os recicladores, precisam de atenção, porque eles têm um trabalho muito suado, muito desgastante e não são reconhecidos e valorizados. Quando eu converso com eles, eles falam, "a gente está ajudando a limpar a cidade, ajudando o meio ambiente e a gente não é visto, não olham pra gente". Então uma das minhas principais ações, eu sendo eleita, é fazer uma reunião com essas lideranças, com os representantes dessa classe, para promover para eles ambientes de trabalho saudáveis, porque vemos muitos deles com muitas dificuldades de locomoção, por exemplo. A gente tem propostas de até mesmo criar mecanismos de transportes para eles estarem realizando a coleta desses materiais. Estamos fazendo esse mapeamento para trazer essas pessoas para perto, oferecendo melhores condições de trabalho.
OSG - Quais iniciativas sua gestão planeja implementar para promover a cultura local, ampliar o acesso ao esporte e ao lazer? Há planos para revitalizar os espaços públicos, como praças e parques, e fomentar a criação de centros culturais ou esportivos?
Jaqueline - A cultura e o esporte caminham junto à educação e o desenvolvimento social e econômico, e a gente tem aqui dentro de São Gonçalo um teatro municipal em que a população não tem acesso. Só quem tem acesso são grupos políticos ou então uma minoria que recebe uma gratificação de uns ingressos para poder acessar o local. E eu me questiono, se a manutenção desse equipamento é paga com o dinheiro do cidadão, por que o cidadão não pode ter acesso? Esse é um dos pontos em que vamos trabalhar, com transparência dentro dessas unidades, dentro desses equipamentos que oferecem shows, teatro, oficinas, ampliando essa acessibilidade.
Em relação aos centros esportivos, São Gonçalo praticamente não têm. Se não forem as escolas ou algumas praças que têm quadra, não existe mais nenhuma opção. Nós iremos criar projetos de desenvolvimento, principalmente pegando alunos e suas famílias, para trazê-los para dentro das escolas, para os espaços públicos. Ali no Rocha, por exemplo, tem uma quadra enorme na praça, sendo que as atividades físicas e esportivas só acontecem de manhã cedo por causa do sol, ou à noite. Mas durante todo o período da tarde tem crianças e jovens que precisam ser assistidos para não ficarem com tempo ocioso. Poderia ter uma cobertura ali naquela praça, onde os profissionais e a comunidade pudessem ter aquele espaço como referência para eventos e atividades. Pretendemos trazer até mesmo competições intermunicipais para dentro de São Gonçalo para poder motivar e gerar emprego e renda nesses ambientes.
OSG - A transparência na gestão pública e a participação popular são temas cada vez mais exigidos pelos eleitores. Como a senhora pretende garantir mais transparência nas contas públicas e incentivar a participação dos cidadãos nas decisões da prefeitura?
Jaqueline - O partido Novo é um dos partidos que mais luta, no Brasil, para que toda gestão seja transparente. Uma gestão que não é transparente é porque tem alguma coisa de errado que acontece ali. Eu sendo eleita, uma das primeiras coisas em que a gente vai trabalhar será na revisão de todos os contratos que estão dentro da Prefeitura, para que possamos ter conhecimento de tudo que temos em termo de contrato, além de trabalhar em cima de licitação transparente, a ponto de qualquer cidadão que queira acessar como que está sendo feito o trabalho, a compra, aquisição, contratação e seja lá o que for, possa ter total transparência, em termo de números, qualidade, nome das empresas, tudo.
Transparência é tudo dentro de uma gestão. Tendo transparência a gente tem confiança, e tendo confiança os nossos cidadãos vão poder investir, trabalhar, empregar e ter uma qualidade de vida dentro do município, sabendo que a Prefeitura, o local onde o cidadão paga seu imposto, está investindo de forma transparente, proporcionando que o cidadão saiba para onde está indo o seu dinheiro.