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Eleições 2024: OSG conversa com Professor Josemar, candidato à Prefeitura de São Gonçalo

Candidato do PSOL fala sobre horário integral nas escolas, moradias populares e eleições para secretariado

relogio min de leitura | Escrito por Redação | 02 de outubro de 2024 - 19:13
Primeiro turno das eleições municipais acontece no próximo domingo (06)
Primeiro turno das eleições municipais acontece no próximo domingo (06) -

No próximo dia 6 de outubro, milhares de gonçalenses vão às urnas para decidir quem vai gerir a Prefeitura Municipal pelos próximos quatro anos. A equipe do O São Gonçalo conversou, ao longo das últimas semanas, com os principais candidatos ao cargo e ouviu os projetos de cada um para gerir São Gonçalo.


Confira as entrevistas com os outros candidatos dessa cidade:

Capitão Nelson (PL)

Dimas Gadelha (PT)

Viviane Carvalho (PMN)

Jaqueline Pedroza (NOVO)

Reginaldo Afonso (PSTU)


Nossa equipe conversou com Professor Josemar (PSOL), candidato à Prefeitura com o vice Professor Capilé (Rede). Professor de Geografia com longa trajetória política na cidade, ele cumpre um mandato como deputado estadual do Rio. Ao apresentar suas propostas para a equipe de OSG, Josemar destacou o plano de colocar a rede municipal de Educação em horário integral e comentou projetos para combater enchentes, barricadas e outros problemas na cidade. Confira a entrevista:

OSG - São Gonçalo enfrenta há vários anos problemas no transporte público de qualidade, que é basicamente realizado por ônibus e vans. Com isso, motoristas e passageiros gastam um tempo enorme em seus deslocamentos diários, num trânsito intenso nas principais vias da cidade. Quais são seus planos para melhorar o transporte público e reduzir o congestionamento nas principais vias de São Gonçalo?

Professor Josemar - A primeira questão fundamental para melhorar o transporte público na cidade é extinguir o consórcio São Gonçalo e fazer uma nova licitação. Nesta nova licitação, nós teremos que repensar as linhas da nossa cidade. Hoje, por exemplo, nós temos alguns problemas: o Morro do Castro não tem ligação com o Centro da cidade, a Praia da Luz não tem ligação com a Alcântara.

O consórcio São Gonçalo de Transporte é uma aberração para a cidade. Ele tem várias incongruências. São linhas que refletem a cidade quando ela não tinha nem 600 mil habitantes. Hoje, a cidade está com aproximadamente 1 milhão de habitantes.

Queremos criar uma empresa pública para que a gente possa, efetivamente, dar uma resposta ao transporte de São Gonçalo. Nesse sentido, eu tenho uma diferença profunda com a candidatura que eu chamo de “candidatura do atraso”, que é a do sr. Dimas Gadelha, e também a do senhor Capitão Nelson. Qual é a diferença? Aparecida Panisset fala, junto com o Dimas, de tarifa zero, mas esquece que ela foi a responsável pelo caos da mobilidade urbana quando criou o consórcio. Para nós, tarifa zero é importante, mas, para isso, é preciso criar uma empresa pública de transporte. É totalmente diferente do que o Capitão Nelson faz, que é não enfrentar e manter as coisas como estão.

Para fechar o tema do transporte, nós precisamos investir também numa mobilidade que tenha ciclovias. Isso é importante. E nós precisamos exigir do Governo Federal e do Governo Estadual a implementação de transporte de massa na nossa cidade.

OSG - A violência é uma das principais preocupações da população gonçalense. Apesar de o combate à violência ser de responsabilidade direta das polícias estaduais e federais, como sua gestão pretende contribuir para enfrentar esse problema e garantir mais segurança para os moradores?*

Josemar - Para ganhar a eleição, o atual prefeito prometeu acabar com as barricadas e as barricadas aumentaram. Então, esse é um problema de grande magnitude. Na nossa perspectiva, nós temos que cobrar do Governo do Estado um plano de segurança pública para o nosso município, que falta. Na verdade, o Governo do Estado não investe em um sistema de inteligência; investe apenas na ostensividade e não na inteligência. Uma boa operação não é uma operação que mata pessoas. Uma boa operação é aquela que desmonta o crime organizado de forma a garantir a vida da população inocente e de bem - o que é totalmente diferente do que o Governo de Cláudio Castro faz.

Além de exigir esse plano, nós queremos também que a Guarda Municipal tenha uma função de apoio à segurança do nosso município. Isso não quer dizer que nós vamos estar incentivando a guarda a um papel policialesco, não. A guarda vai servir para ser motor num processo de informação, de suporte e de apoio à nossa a nossa cidade e a nossa segurança pública. Nós somos também contrários ao armamento da guarda. Achamos que não tem necessidade disso.

OSG - Com relação à Saúde, historicamente a população de São Gonçalo sempre enfrentou problemas com filas nos hospitais. Quais são suas propostas para melhorar o atendimento nos hospitais e unidades de saúde do município?

Josemar - Não existe uma transparência [na saúde]. E, além da falta de transparência, nós também temos um sistema que nós achamos que é muito ruim: o sistema privatista baseado nas organizações sociais (OS). Nós somos contrários às OS, porque elas são a privatização da saúde pública. Lamentamos que o candidato Dimas Gadelha tenha sido secretário de saúde e implementado a OS no nosso município.

Nós vamos construir posto de saúde 24 horas e ampliar a rede de atendimento. Também vamos valorizar os servidores. Não dá para você falar de saúde pública ou de serviço público sem a valorização dos servidores.Vamos colocar as 30 horas da enfermagem que, vira e mexe são desrespeitadas. Vamos pagar o piso nacional dos agentes comunitários de saúde, dos agentes de combate a endemias. E também vamos apostar em uma saúde preventiva ao invés de uma saúde farmacológica. Queremos trabalhar com a prevenção antes do processo de adoecimento.E também vamos zerar, no nosso governo, a fila do Sisreg.

OSG - A Educação pública em São Gonçalo enfrenta desafios em termos de infraestrutura e qualidade do ensino. Quais são suas propostas para garantir maior qualidade na educação pública e aumentar o acesso a escolas em áreas carentes?

Josemar - Para nós, educação é desenvolvimento social e humano. Nossa proposta nº1 para a educação de São Gonçalo é a escola de horário integral. Nós defendemos uma escola com horário integral que tenha atividades poliesportivas e atividades com diversidade cultural. A segunda coisa que nós também defendemos para a educação são as creches dentro das comunidades. Nós temos um número muito baixo de creches aqui no município.

Paralelo a tudo isso, nós defendemos a valorização dos servidores, dos professores e dos funcionários administrativos. Somos contrários à política de educação que destruiu o Plano de Cargos e Salários [da categoria] no dia 15 de dezembro de 2021. Na calada da noite, votaram um PCS que fez com que vários servidores perdessem o seu recurso. Teve professor que perdeu até R$ 1.900 no contracheque. Queremos revogar essas medidas autoritárias sobre a categoria.

OSG - Desemprego. Quais estratégias sua gestão adotará para atrair novos investimentos e gerar mais empregos na cidade?

Josemar - Nossa cidade tem duas grandes centralidades, que são Alcântara e o Centro, mas também existem “subcentralidades” que oferecem empregos, como é o caso do Coelho, de Santa Luzia, do Paraíso. Temos várias subcentralidades que empregam as pessoas. Nosso governo vai identificar isso - até porque nós vamos criar um instituto de pesquisa para levantar dados sobre a cidade - e vamos apostar e apoiar o microempreendedor individual, o pequeno e médio comerciante, o pequeno e médio agricultor. Hoje, aqui na cidade, são eles que geram emprego

Vamos tirar também do papel o polo industrial de Guaxindiba, que durante muito tempo foi uma perspectiva, mas não avançou. Vamos também investir numa educação profissionalizante. É preciso investir na formação e na qualificação profissional, tanto a nível superior quanto também a nível médio.

OSG - O saneamento básico ainda é um problema grave em diversas regiões de São Gonçalo, além de enchentes frequentes em épocas de chuva. Como sua administração pretende lidar com os problemas crônicos de saneamento básico e enchentes?

Josemar - Eu atuo cotidianamente com esse tema. Na Alerj, participo da Frente Parlamentar contra os alagamentos de enchentes no Estado. Sou autor de diversas emendas impositivas junto ao Governo do Estado para cuidar dos rios da nossa cidade. Então, esse é um tema que muito me chama a atenção. Fomos nós que apresentamos o plano da UFF, junto com a Associação de Moradores de Neves e junto com a Unibairro, para tratar dos alagamentos existentes na cidade. Infelizmente a atual gestão não quis caminhar nessa direção e preferiu fazer obra de maquiagem ao invés de resolver esse problema estrutural.

Investir no combate aos alagamentos e enchentes é fundamental. Iremos também pagar o aluguel social que a Prefeitura deve às pessoas que perderam suas casas e bens. É preciso um plano de obras públicas para aumentar a construção de moradias para as pessoas que moram em situações precárias e também garantir o respeito às margens dos rios, aos topos dos morros, para que a gente possa cuidar efetivamente desse problema que é crônico na nossa cidade.

OSG - Muitos moradores de São Gonçalo vivem em áreas irregulares e em situação de risco. Há planos para ampliar projetos de habitação popular ou regularizar áreas irregulares?

Josemar - Nós iremos construir moradias populares com muita presença. Hoje, São Gonçalo tem aproximadamente 200 mil pessoas que moram em situação precária ou subprecária. São pessoas que moram em regiões alagadiças, ou em lugares próximos a situações de risco. Esses dados a gente tem visto via movimentos sociais e a Prefeitura atuou muito pouco para cuidar dessas pessoas.

Nós vamos criar um plano de obras públicas que vai construir moradias populares, garantir empregabilidade e dar dignidade para as pessoas que moram hoje em lugares muito precários, alagadiços ou que estão próximos a um local que pode ter deslizamento.

OSG - Como o senhor pretende conciliar o crescimento urbano com a preservação do meio ambiente em São Gonçalo? Quais são suas propostas para proteger as áreas de preservação ambiental e lidar com o desmatamento e a poluição? Existe algum plano para implementar políticas de reciclagem, gestão de resíduos ou uso de energias renováveis na cidade?

Josemar - Hoje, o uso de energias renováveis é fundamental. Você tem que investir na energia solar, na energia eólica. Essas são as energias do futuro, isso é importante. São Gonçalo é a 16ª cidade mais populosa do Brasil. Tem estados que não têm o tamanho de São Gonçalo. A cidade tem o potencial para desenvolver boas práticas pelo meio ambiente. É preciso ampliar as áreas verdes de São Gonçalo, as áreas de proteção ambiental.

Hoje, a APA do Engenho Pequeno está praticamente abandonada. A Área de Proteção Ambiental de Guapimirim, que é uma área estadual, é muito mal cuidada pelo Governo do Estado e mal acompanhada pela Prefeitura. Nós vamos investir na preservação e ampliar as áreas verdes da nossa cidade. O Governo do Estado, junto com a Prefeitura, está mentindo para a população quando fala de Mobilidade Verde e Integrada. De verde, o Muvi não tem nada. Pelo contrário; nós temos um Muvi que se diz Mobilidade Verde e Integrada, mas que está derrubando árvores na nossa cidade. Apenas criou um corredor viário.

OSG - Quais iniciativas sua gestão planeja implementar para promover a cultura local, ampliar o acesso ao esporte e ao lazer? Há planos para revitalizar os espaços públicos, como praças e parques, e fomentar a criação de centros culturais ou esportivos?

Josemar - A cultura é um processo, para nós, muito importante, porque é um processo de emancipação humana. Nossa proposta n°1 na cultura é a valorização dos artistas locais. Queremos a democratização do acesso ao teatro municipal. E queremos investimento em Lonas Culturais pelos diversos bairros da cidade. A Lona Cultural seria um local da “policulturalibilidade”, ou seja, de diversidade das ações culturais.

Vamos investir nas rodas culturais e apoiar as iniciativas do rap, do funk, do trap, do samba. Retomaremos o Carnaval da cidade de São Gonçalo, que foi abandonado. Na gestão de Neilton Mulim, da qual o senhor Dimas Gadelha fez parte em 2015, o Carnaval acabou e de lá pra cá nós não tivemos. Tínhamos escolas muito atuantes aqui no nosso município. Eu mesmo já desfilei aqui, na Acadêmica do Universo. É preciso renovar o carnaval e os blocos de rua do nosso município.

OSG - A transparência na gestão pública e a participação popular são temas cada vez mais exigidos pelos eleitores. Como o senhor pretende garantir mais transparência nas contas públicas e incentivar a participação dos cidadãos nas decisões da Prefeitura?

Josemar - O meu governo vai ser o governo da transparência. Quero dizer que todo o meu secretariado vai ser escolhido por eleições. Nós vamos eleger o Secretário de Educação numa conferência com a participação dos professores, dos responsáveis e dos estudantes. Vamos fazer o mesmo na saúde; eleger o Secretário de Saúde em uma conferência com os profissionais de saúde debatendo e discutindo. Essa será nossa linha, com conferências para traçar a diretriz.

Queremos o fortalecimento dos conselhos democráticos populares para atuação junto ao nosso governo. Essa é a nossa meta. Vamos eleger diretor de posto de saúde, vamos fazer eleição de diretor de escola. A comunidade tem que participar. Em momentos de luta contra o fascismo, quanto mais democracia, melhor. O autoritarismo não pode ter vez e muito menos poder.

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