Eleições 2024: OSG conversa com Fabinho Sapo, candidato à Prefeitura de Maricá
Candidato do PL fala sobre taxa do Vermelhinho e equipe do Segurança Presente em Maricá
No próximo dia 6 de outubro, milhares de eleitores vão às urnas para decidir quem vai gerir a Prefeitura Municipal pelos próximos quatro anos. A equipe do O SÃO GONÇALO conversou, ao longo das últimas semanas, com os principais candidatos ao cargo e ouviu os projetos de cada um dos prefeitáveis de São Gonçalo, Niterói, Maricá e Itaboraí.
Nossa equipe conversou com Fabinho Sapo (PL), candidato à Prefeitura de Maricá com a vice Luana Gouvea (PL). Nascido em Maricá, Fábio é comerciante e disputa o cargo pela primeira vez, após disputar como candidato a vereador nas eleições de 2020. Entre outros assuntos, Fabinho Sapo falou sobre seus projetos para a despoluição da Lagoa de Araçatiba e a proposta para que moradores de outras cidades paguem uma taxa para uso do Vermelhinho.
Confira a entrevista:
OSG - Nossa primeira pauta é transporte público. Maricá ficou muito conhecida por conta do tarifa zero nos ônibus. Caso seja eleito, quais são suas propostas para esse setor? Há planos para melhorar o tráfego e o acesso a regiões menos atendidas pelo transporte público no município?
Fabinho Sapo - Acredito sim que o ônibus é um projeto importante. Entretanto, é importante que haja uma fiscalização para que a gente proporcione a locomoção, mas também um conforto dentro dessa locomoção. Infelizmente, hoje o Vermelhinho, por ser de graça - entre aspas, até porque nada é de graça - tem sido usado por traficantes para traficar dentro dos ônibus. Tem sido usado por praticantes de pedofilia, homens com idades avançadas entrando nos ônibus no horário escolar para se aproveitar dessas crianças. Isso já se tornou corriqueiro, e não há fiscalização, não há nenhum tipo de segurança.
A gente precisa, além de proporcionar a mobilidade, proporcionar segurança, para que mulheres, crianças e idosos possam ter segurança para se locomover. Na nossa gestão, a gente vai aumentar a frota e colocar a segurança. A tarifa vai continuar sendo zero. Porém, somente os moradores da cidade de Maricá terão livre acesso no transporte público da EPT. Todo mundo hoje que tem um cartão Mumbuca vai estar recebendo, ali dentro do Mumbuca, mais um auxílio, para usar o ônibus. Para quem é de fora - o morador de São Gonçalo, de Itaboraí, de Niterói, seja lá de onde for -, a gente vai estipular um valor para que essas pessoas estejam pagando e circulando.
OSG - A violência tem sido uma preocupação da população em Maricá. Apesar de a responsabilidade pelo combate à violência ser das Polícias estaduais e federais, como o município deve atuar no enfrentamento de problemas de segurança pública na sua gestão? Além disso, à luz de episódios marcantes de feminicídio no município recentemente, quais são os planos para combater os casos de violência contra a mulher, caso seja eleito?
Fabinho - Vou começar pela segunda pergunta que você fez. A gente tem um projeto - e a gente vai implementar isso a partir do dia 1º de janeiro de 2025 - que é criar a Delegacia da Mulher. Muitas das vezes a mulher não se sente totalmente à vontade de ir numa delegacia comum, porque o homem não trata a mulher como deveria ser tratada, principalmente na questão de agressão, de violência doméstica. Então, quando a gente criar essa Delegacia da Mulher, eu tenho certeza absoluta que as mulheres vão se sentir acolhidas.
Infelizmente, o avanço da criminalidade em Maricá cresceu muito. O Comando Vermelho, que é a maior facção criminosa do estado do Rio de Janeiro, já tomou conta de cerca de 80% hoje do município de Maricá. Eu sou cria de Maricá, nascido e criado aqui. Hoje, infelizmente, eu não posso mais entrar em locais onde eu brincava porque tem um traficante ali com uma banquinha vendendo droga. O nosso projeto é trazer o programa Segurança Presente, que vai ser instalado lá em Itaipuaçu. Infelizmente, hoje, Itaipuaçu vem sofrendo também bastante com essa insegurança, muito por conta do conjunto habitacional Minha Casa, Minha Vida.
Bandido tem que ser tratado como bandido. A gente vai expurgar de Maricá esse tipo de facção, de criminalidade, obviamente em parceria com o Governo do Estado.
OSG - Quais são os planos para as unidades de saúde do município?
Fabinho - Hoje nós temos dois hospitais municipais em Maricá. Um é o Conde Modesto Leal e o outro é o Dr. Ernesto Che Guevara - inclusive, uma das primeiras providências que iremos tomar assim que assumirmos o mandato é trocar esse nome. A gente vai colocar o nome de um médico aqui do município que salvou muitas vidas e vamos tirar o nome de um médico que tirou muitas vidas.
O Hospital Conde Modesto Leal já se encontra numa situação onde não consegue dar o devido atendimento para a população. Vive superlotado, com pessoas internadas nos corredores do hospital. E o Che Guevara, infelizmente, só atende pessoas indicadas de vereadores e secretários. Ele não atende de portas abertas. Se você chegar lá hoje com uma dor de cabeça e precisando de um atendimento, eles vão encaminhar você para o Conde Modesto Leal. A partir do momento que a gente assumir, a gente vai colocar esse Hospital Che Guevara para atendimento de portas abertas.
A gente também vai construir um hospital municipal em Itaipuaçu, porque é um distrito distante aqui do centro de Maricá. A partir daí, a gente vai construir, dentro desse hospital, um centro especializado no tratamento oncológico e um centro especializado em hemodiálise. Eu sei a dificuldade que as pessoas sofrem para fazer esse tratamento em outros municípios; é um desgaste muito grande.
OSG - Quais são suas propostas para garantir maior qualidade na educação pública oferecida pelo município? Existe previsão de novas políticas para garantir acesso à educação para menores de famílias mais socialmente vulneráveis?
Fabinho - A gente precisa aumentar o número de creches para Maricá em tempo integral. Infelizmente, eu recebo frequentemente casos de mães que saem para trabalhar cedo e a creche é o local onde deixam o seu filho para poder trabalhar. Lá, o seu filho pode tomar um café da manhã, almoçar, jantar e chegar em casa alimentado. Infelizmente, é assim que funciona. Muitas das mães precisam dessas creches para que o filho possa comer, porque às vezes em casa não tem comida. Essa é a realidade. Então, a gente precisa aumentar o número de creches.
Na questão do ensino fundamental e ensino médio, a gente tem estrutura. Temos colégios com boa estrutura. Só que, infelizmente, há profissionais que não estão trabalhando de forma adequada para estar atendendo os alunos. Eu, como comerciante, entendo que todo profissional precisa ser bem remunerado para que ele trabalhe com vontade. No nosso governo, a gente vai valorizar e fazer reuniões periódicas para saber de que forma a Prefeitura pode ajudar o profissional [de educação], seja na carga horária, na estrutura e, principalmente, financeiramente falando.
OSG - Desemprego. Quais estratégias sua gestão adotará para atrair novos investimentos e gerar mais empregos na cidade?
Fabinho - A mão de obra em Maricá está escassa. Mas por que a mão de obra em Maricá está escassa? Por conta dos auxílios e benefícios que Maricá oferece hoje, que são muitos. Hoje, se uma pessoa recebe 1,5 ou 2 mil reais para ficar em casa, qual o estímulo que ela vai ter para procurar um trabalho?
Eu imagino que, para a gente gerar emprego, é importante valorizar o comércio local. Não adianta eu falar para você que vou trazer polos industriais para dentro de Maricá, se a gente não valorizar o que temos dentro de casa. Para o comércio local, é importante gerar uma linha de crédito para o pequeno, médio e grande empresário da cidade que gera emprego e fomenta economia no município.
Não adianta eu pagar para você ficar em casa. Eu preciso ajudar você, te dar um benefício, mas para que você vá lutar e trabalhar até mesmo para que você possa prosperar, constituir família e ser um provedor. Não podemos ser uma fábrica de vagabundos, que é o que o Maricá está sendo hoje, infelizmente. Não falo isso com orgulho. Falo com tristeza, mas isso vai mudar.
OSG - Apesar dos avanços, o saneamento básico ainda enfrenta problemas em algumas regiões do município. Quais são as propostas para resolver problemas de infraestrutura e saneamento básico. Além disso, quais são os planos para reduzir risco de desastres em eventos climáticos?
Fabinho - Eu recebo muitas mensagens de gente pedindo: “Fabinho, aqui em frente a minha casa tem esgoto a céu aberto”. Então, a Águas do Rio, junto com a Cedae, com o Governo do Estado e a gente, precisa fazer com que Maricá possa ter um Centro de Tratamento de Esgoto. Isso em Maricá não existe. Maricá é fossa, filtro e sumidouro.
A gente precisa fazer com que a população entenda que a gente vai precisar rasgar rua, vai precisar interromper algumas coisas para que a gente possa ter água tratada. Grande parte da população não tem água encanada. Para que a gente possa fazer com que essa água chegue à casa das pessoas, obras têm que ser feitas. Isso incomoda. Para a cidade prosperar e crescer na infraestrutura, gera esse desgaste, mas a gente tá focado em, a partir do momento que a gente assumir a cadeira lá no Executivo, buscar parcerias para melhorar o saneamento básico.
OSG - Sobre moradia: há planos para ampliar projetos de habitação popular em Maricá ou regularizar áreas irregulares que hoje abrigam moradores?
A Prefeitura já vem realocando pessoas que moram em áreas de risco. É importante realocar essas pessoas, mas para um lugar adequado, que tenha ônibus na porta, um posto de saúde próximo, uma creche próxima. Não dá para fazer o que a Prefeitura está fazendo, que é pegar um terreno lá no meio do mato, onde não tem nada, construir um monte de casa e largar essas pessoas lá. Sabe o que que vai acontecer? Isso daí vai fazer com que o crime organizado se instale lá.
Isso é o que foi feito dentro do condomínio habitacional Minha Casa Minha Vida, tanto no de Inoã, quanto no de Itaipuaçu. É um projeto institucional. Eu não sou contra, eu sou a favor. Entretanto, tem que ter fiscalização. Hoje, a maior parte das famílias que vive lá não são de Maricá; são pessoas de Nova Iguaçu, do Fallet Fogueteiro, de São Gonçalo. Eu acho importante a gente criar um local para que elas tenham habitação, porque isso é um direito garantido na construção do ser humano. Só que não é só dar a casa, né? A gente vai conversar com todos os moradores, principalmente os que moram à beira de rio. Eu acredito que a gente deva ter uma conversa e interagir com a população, para ver qual o bairro seria melhor para que essas pessoas pudessem ficar.
OSG - Recentemente, o município assinou uma parceria com o Governo Federal de incentivo a iniciativas agroecológicas. Pretende dar continuidade aos investimentos no setor? Quais são seus planos para conciliar o crescimento urbano com a preservação do meio ambiente em Maricá? Há planos para novas políticas de reciclagem, gestão de resíduos ou uso de energias renováveis na cidade?
Fabinho - Eu nasci aqui em Maricá e tomava banho na lagoa, nos rios. Hoje, já deixaram de ser rios e viraram valão. A população foi crescendo de forma desordenada, com casas feitas na beira do rio e o esgoto indo para o rio. A Prefeitura não está nem aí. A gente precisa urgentemente intervir nesse sentido e buscar mecanismos para recuperar, ressuscitar a lagoa de Maricá. Na minha época, a lagoa de Araçatiba era um local onde o turista vinha e botava sua cadeirinha de praia, as crianças ficavam na lagoa, mergulhavam. Hoje, não tem como mais fazer isso e eu fico triste por isso. Eu acredito que é importante a despoluição da lagoa, porque isso atrai o turismo.
E na questão agroecológica, eu tenho que ser sincero. A gente precisa fazer com que prioridades sejam tratadas com prioridade. E a prioridade hoje no município de Maricá é segurança e saúde. Não é que a gente não tenha que se preocupar com a ecologia, porém existem prioridades. E eu não vou fazer com que nenhum projeto agroecológico fique acima dos meus principais objetivos, que hoje são saúde e segurança.
OSG - Quais são os projetos previstos pelo candidato para as áreas de cultura, esporte e lazer? Há planos para revitalizar espaços públicos, como praças e parques, e fomentar a criação de centros culturais ou esportivos?
Fabinho - Eu tenho um sonho pessoal. Sou lutador de jiu-jitsu e sei que é um esporte que te traz muita disciplina, ajuda a formar caráter tanto para o homem, quanto para a mulher. Eu quero e vou fazer um projeto levando o jiu-jitsu para dentro das comunidades mais carentes de Maricá. Vamos tirar essa criançada da rua. Muitas vezes, o ídolo delas é aquele cara que tá com uma pistola na cintura. Aquilo ali não tem que ser ídolo dela. O ídolo tem que ser aquele cara do esporte que venceu, batalhou.
Vamos colocar dentro das comunidades projetos de jiu-jitsu e fazer uma seletiva para que os melhores competidores dessa comunidade participem depois de um campeonato dentro da nossa região aqui. Os três melhores vão ter bolsa integral, com alimentação, academia, treino de jiu-jitsu. A gente também vai estar levando para disputar o mundial nos Estados Unidos.
Nosso outro projeto envolve o futebol. Estamos vendo o time de futebol da cidade já na primeira divisão do campeonato estadual. Eu acredito que deva rolar um incentivo e é importante que a Prefeitura continue incentivando, porque o time vai estar levando o nome da nossa cidade.
Ainda na questão da cultura, a gente tem a escola de samba da cidade de Maricá, que está no grupo de acesso, mas existe um problema gravíssimo. Hoje, a escola do grupo especial do Rio de Janeiro recebe da Prefeitura do Rio 2 milhões de reais. A escola de Maricá, que está no grupo de acesso, recebeu 8 milhões de reais só da Prefeitura de Maricá, sem contar da Prefeitura do Rio. A cultura tem que ser valorizada no nosso município, porém, tem que haver fiscalização, para que esse dinheiro seja empregado de maneira correta.
OSG - A transparência na gestão pública e a participação popular são temas cada vez mais exigidos pelos eleitores. Como o senhor pretende garantir mais transparência nas contas públicas e incentivar a participação dos cidadãos nas decisões da Prefeitura?
Fabinho - Então, já existe o Portal da Transparência na Prefeitura, onde você pode acessar o site e saber o salário de todo mundo, saber quanto a Prefeitura gastou na obra tal. Só que, muitas vezes, esse Portal da Transparência não é tão transparente assim. Então, eu acho importante a gente fazer com que a fiscalização funcione. Muitas vezes não é falta de dinheiro, é falta de gestão pública. Só se consegue fazer isso a partir do momento que você está fiscalizando para saber para onde está indo o dinheiro.
Na questão da moeda social, para falar de fiscalização e transparência, hoje nós temos aí mais de 1,2 mil pessoas mortas recebendo o auxílio Mumbuca, que hoje está no valor de 230 reais. E, pasmem, dessas 1,2 mil pessoas, 146 fizeram seu cadastro após a morte. Então, a gente sabe que tem alguma coisa errada, deve ter uma fraude gigantesca. É inadmissível alguém conseguir, depois de morto, ir até o CRAS e fazer um cadastro lá para receber auxílio. A fiscalização é importantíssima.
Candidatos à prefeitura de Maricá, Marcia Santiago (PMB) e Dr. Claudio Ramos (NOVO), não retornaram o contato da equipe de reportagem. Clique aqui para ler a entrevista com o candidato do PT, Washington Quaquá.