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Propósito de vida de Douglas Oliveira tem a educação como ferramenta de transformação social no Complexo da Coruja

Douglas Pinheiro de Oliveira, o 'Tio Douglas' conta um pouco de sua trajetória em mais um capítulo da série de OSG

relogio min de leitura | Escrito por Redação | 16 de setembro de 2024 - 08:00
Douglas Oliveira
Douglas Oliveira -

Com a correria do dia a dia e o "modo automático" ligado durante as diversas situações que acontecem no cotidiano, alguns detalhes podem passar despercebidos, como um bom atendimento, uma gentileza, uma ação positiva, um olhar carinhoso e, principalmente, a relação empática que um ser humano pode construir para com o seu semelhante. Pensando nisso, O SÃO GONÇALO dá continuidade à série de reportagens sob o título: "Eles fazem História", que ressalta, valoriza e enaltece gonçalenses que fazem parte da vida e, literalmente, da história da população.

DOUGLAS OLIVEIRA: "TIO DOUGLAS" - Projeto Social como propósito de vida e ferramenta de transformação na comunidade 

Mais conhecido como "tio Douglas", Douglas Pinheiro de Oliveira, 34 anos, é nascido e criado no Morro do 40, localizado no Complexo da Coruja, em São Gonçalo, onde mora até hoje com a família. 

Casado com Paola Batista, estudante de psicanálise e pai da jovem Kamily, de 15 anos, o "tio Douglas" surgiu junto ao sonho de mudar a realidade das crianças de onde vive.

Em entrevista a O SÃO GONÇALO, o fundador e líder do Projeto Social Primeira Chance contou sobre a infância difícil, os desafios de "nadar contra a correnteza" e seu propósito de vida, com a criação de um projeto social no Complexo da Coruja. 

A educação é a arma mais poderosa que você pode usar para mudar o mundo Nelson Mandela

Infância difícil e influência do meio 

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Douglas Oliveira nasceu em meio a uma realidade muito comum para crianças e jovens de comunidades. O pai, ladrão, foi assassinado aos 15 anos, 5 dias antes do seu nascimento. Já a mãe, traficante de drogas, foi assassinada quando Douglas tinha apenas 11 anos, ambos no Complexo da Coruja. 

"Da minha mãe, o que fica pra mim é uma grande idolatria que as pessoas tinham em relação a ela. Era uma pessoa que procurava ajudar, que tinha aquele populismo, então a grande maioria das pessoas chora, me abraça e sorri quando descobrem que sou filho dela. Já em relação ao meu pai, por ser homem e ter morrido mais novo, tiveram algumas situações em que cheguei a apanhar na rua porque era filho dele, sem eu ter feito nada. Tinha um cara que me batia sempre e eu perguntei porque ele fazia isso, e ele contou que quando era pequeno meu pai fazia isso com ele, então reproduzia comigo. Mas graças a Deus meus avós me fortaleceram a ponto disso não me afetar numa escala maior", contou Douglas. 

"Meus avós paternos salvaram a minha vida"

Criado pelos avós paternos Aniceia e Luiz Ângelo, mesmo em meio à dura realidade de saber que os pais foram mortos no local onde vive, Douglas conseguiu ter acesso a uma boa educação, que visava ocupar seu tempo ocioso para que não fossem abertas brechas para escolhas erradas.

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"Tive uma infância que não é muito diferente da infância de crianças que foram criadas dentro de comunidades, não foge muito do comum. Infância difícil, complicada. Mas tive um bom lar, uma boa educação através dos meus avós, que me criariam e me fortaleceram de uma maneira que eu conseguisse manter a minha integridade dentro do ambiente que eu vivia", iniciou Douglas. 

"Tudo funcionava bem, porque a minha vó já tinha esse olhar, de que eu trazia comigo essa questão dos meus pais e que existia uma torcida muito grande para eu dar errado. Então ela pensava que precisava investir em mim, me vigiar, mais do que qualquer outra coisa, porque tinha esse peso em cima de mim. Então se tinha escola de manhã, tinha explicadora a tarde. Ela procurava ocupar ao máximo o meu tempo, a minha cabeça. Não tive acesso a escola particular, nada disso, mas minha vó sempre prezou que eu frequentasse a escola", completou. 

As duas faces da favela 

Para Douglas, e muitas crianças que cresceram junto a ele, o lado triste das comunidades não era majoritário, e também havia espaço para momentos felizes, que trouxeram boas recordações. Porém, isso não impedia que as cicatrizes deixadas pelas mortes precoces dos pais, não doessem e interferissem, de certa forma, na forma em que lidava com a vida. 

"A gente meio que conviveu vendo essas mortes assim né. Tinha a parte muito boa da favela, que são as pessoas, e tinha a parte ruim também, que é essa realidade que todo mundo conhece né, do tráfico de drogas e consequentemente as mortes e tragédias que tudo isso traz. Ver a minha mãe morta numa capa de jornal, por exemplo, mudou toda a minha trajetória, tudo se tornou muito mais difícil a partir disso, apesar de ter um bom lar e uma boa educação, foi um baque muito forte. Não é fácil ter os pais que eu tive", afirmou. 

"Tenho duas recordações que meio que descrevem como foi a nossa infância. Uma das nossas brincadeiras era jogar bola, e isso marcou muito, eu era apaixonado pelo futebol, e a outra brincadeira era ir ver os mortos, quando matavam alguém dentro da favela, um chamava o outro e cada dia era um corpo diferente, bem pior do que é hoje. Minha infância foi essa", contou. 

Do luto à luta 

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Douglas, que foi criado no Morro do 40, dentro do Complexo da Coruja, foi morar, em um determinado momento da vida, no Morro da Alegria, também no Complexo, devido a alguns problemas com a família. Nesse período, conheceu a esposa, Paola e, depois de um tempo, retornou ao local onde nasceu para, agora casado e já pai da Kamily, recomeçar. 

"Achei que a vida estivesse fazendo sentido de novo, dando tudo certo, porque sempre que as coisas iam bem, acontecia uma tragédia e a esperança bambeava de novo. Nisso que estava bem, a gente recebe um telefonema e minha tia diz: "seu primo Ramon morreu", relatou Douglas. 

Ramon, primo de Douglas, o via como um pai. Eles passaram um bom tempo juntos quando Douglas morou no Morro da Alegria. Com uma personalidade forte e carismática, o jovem ficou até os 18 anos sem se envolver com nada ilícito. Porém, aos 19 anos, após se envolver com o tráfico, foi assassinado também no Complexo da Coruja.

"Assim que ele se envolveu com tráfico de drogas, esse nosso vínculo se desfez, porque eu não aceitava que ninguém da minha família, sabendo que esse foi o motivo da morte da minha mãe, se envolvesse com isso. E aí a gente passa a ser conhecido e com 19 anos ele morre. Imediatamente saí daqui com a roupa que estava e quis ver o corpo dele, porque não acreditava naquilo. Atravessei o Complexo da Coruja todo e ao chegar no Morro da Alegria ele realmente estava morto. Eu sabia que um dia isso iria acontecer, mas ao mesmo tempo tinha fé de que ele iria sair daquela vida. Infelizmente foi essa escolha que ele fez", detalhou. 

Decisão e primeiro passo 

"A partir desse momento eu tomo uma decisão, por estar cansado daquela realidade, daquele ciclo. Pensei "hoje ele ta morto, amanhã vão fazer uma camisa pra ele, vamos pro enterro, chorar, colocar luto na internet e esperar o próximo", afirmou. 

"O Primeira Chance nasce no luto"

Cansado da dura realidade que vivia, o luto despertou em Douglas o desejo de fazer algo que pudesse, de alguma forma, transformar toda aquela situação. Ainda sem saber o que faria e trabalhando, na época, como faxineiro de um colégio particular em São Domingos, Niterói, Douglas voltou ao trabalho, na segunda-feira, após se despedir do primo, e, pela primeira vez, abriu seu olhar para o que estava a sua volta. 

"Comecei a observar, pela primeira vez, a dinâmica de educação que acontecia naquele colégio. Eu só estava ali, ia trabalhar, mas sem nunca ter prestado realmente atenção naquilo tudo. E aí foi Deus mesmo, que colocou essa ideia no meu coração. Foi quando pensei: "e se eu levar tudo isso aqui pra favela, pra Coruja? Teremos menos enterros e mais formaturas", e isso ficou na minha cabeça. Voltei pra casa e falei pra minha esposa o que queria fazer, sempre fui de ação. No final de semana arrumei a parte de baixo da minha casa, tudo muito humilde. Saí pra rua e peguei cinco crianças. Como sou cria daqui, todo mundo confiava. E assim começo o Projeto Primeira Chance: cinco crianças no chão, um cachorro quente e o "tio" Douglas falando que elas precisavam fazer uma escolha, que se fossem por um lado iam morrer, e se fossem para o outro, o da educação, teriam uma chance real de ter uma vida melhor aqui dentro ou ate mesmo fora daqui. Assim começou o projeto, no ano de 2015, com um ideal, com um sonho", contou Douglas Oliveira. 

"Meu sonho é frequentar menos enterros e mais formaturas"

Resiliência e foco no ideal 

Com o projeto em andamento, ao mesmo tempo em que continuava trabalhando na escola, agora como inspetor, Douglas teve a primeira divulgação de seu Projeto através de uma reportagem feita por O SÃO GONÇALO, que viralizou e alcançou até mesmo as pessoas do local onde trabalhava. 

"Uma mãe de aluno me parou e perguntou se era eu que tinha o projeto social, e eu nunca tinha ouvido falar dessa expressão "projeto social", mas respondi que sim, mesmo sem saber o que significava. Daí pra frente o Projeto começou a crescer, as crianças começaram a chegar e era bem trabalhoso, porque eu buscava elas a pé e depois levava de volta. Foi então que, com a divulgação, a direção do colégio me chamou e disse que não poderia haver essa relação de pais e funcionários dentro da instituição, já que muitas mães estavam me procurando para ajudar", contou Douglas.

"O tempo foi passando e veio a primeira ameaça, onde a escola disse que eu iria me dar mal. Mas eu não tinha o que fazer, como iria recusar as doações? Não sabia o que fazer. Até que, um dia, acabei pegando uma conjuntivite e fiquei afastado alguns dias, e uma mãe de aluna, que era oftalmologista, me convidou para ir lá tratar. Quando cheguei na escola no dia seguinte, fui demitido. A princípio foi um baque e foi muito confuso, porque eu fui demitido por estar fazendo uma coisa boa, o que foi bem desmotivador na época", afirmou. 

Porém, mesmo diante de motivos que pudessem fazê-lo desistir, Douglas tomou a decisão de usar os cincos meses de auxílio desemprego para fazer o Projeto crescer, o que foi difícil, na prática, já que nesse tempo ele não tinha mais a ajuda dos pais dos alunos, que fazia diferença. 

O impossível

"Perguntei para as crianças quais atividades elas achavam impossível de ter e elas responderam: balé, violino e reforço escolar. Falei que então era isso que elas teriam. Corri atrás igual um louco na internet e consegui as aulas, que eram pagas", contou Douglas. 

"Porém, nesse crescimento do projeto, as crianças entravam aqui com violino na mão, com roupa de balé, mas a Kamily, minha filha, não tinha o biscoito que ela queria pra comer, porque eu tirava do dela para comprar as coisas para as crianças do projeto. Ali, já no quinto mês, me veio, pela primeira e única vez em todos esses anos, a vontade de desistir, porque minha filha não podia ficar sem as coisas, então foi bem complicado. Mas eu bato no peito pra falar que nesses 9 anos eu sempre estive disponível para qualquer coisa. Podem me investigar, fazer o que quiser, porque eu durmo de cabeça tranquila, em saber que aqui nunca entrou dinheiro sujo, nunca vendemos a favela para que alguém se beneficiasse do projeto"

Diante das dificuldades, e, pela primeira, vez, da vontade de desistir do seu sonho, Douglas procurou um casal de amigos e pediu ajuda para manter o projeto, que até hoje se mantém graças ao trabalho voluntário e às doações. 

"Fui na casa de um casal, Vitor e Hana, que tinham uma condição financeira melhor e pedi a ajuda deles, coisa que fiz pela primeira vez na minha vida. E aí esse casal me ajuda com R$ 1000 por mês, e até hoje, oito anos depois, continuam ajudando. O projeto não tem salário, é totalmente voluntário. Só quem recebe são alguns professores, o resto é tudo voluntariado, então não temos uma segurança financeira. Tenho ajuda de amigos e faço bicos sempre que posso, mas não tenho salário fixo, porque me dedico totalmente ao Primeira Chance, não consigo conciliar com um emprego de salário fixo", contou tio Douglas. 

Visibilidade e reconhecimento 

A vida de Douglas tomou novos rumos com uma participação marcante no quadro "Um por todos", do Caldeirão do Huck, na TV Globo, que reformou a casa que abriga o Projeto, no Morro do 40 . O líder do Projeto Primeira Chance emocionou o público quando a sua história foi ao ar, no dia 14 de dezembro de 2019.

"A visibilidade que nos foi dada veio como uma coisa boa e ruim, porque acabamos perdendo muitos patrocinadores, que achavam que depois da ajuda do programa a gente estava rico, que não precisava de mais nada. Então a gente ficou com uma estrutura maior, mas ao mesmo tempo as coisas ficaram muito mais difíceis. Sendo sincero, do fundo do meu coração, o projeto só não acabou, por conta do apoio do Luciano Huck pós obra, pós programa. Na pandemia, 50% das doações vieram dele, então posso deixar de ser grato por tudo isso em relação ao projeto", afirmou. 

Quatro meses após a participação no programa, que ajudou a dar visibilidade ao seu sonho, Douglas continuou fazendo a diferença em sua comunidade, mobilizando todos em meio a pandemia de coronavírus, mesmo estando, dessa vez, diante de problemas de saúde que quase tiraram sua vida.

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"Na parte pessoal, durante a pandemia eu peguei a covid, tive trombose na perna, cicatriz no pulmão e fiquei bem mal. O que fica pra mim do Luciano, não foi a casa, nem o programa, mas sim a parte pessoal, que me tocou bastante. Na pandemia, 3h da manhã ele me ligava dizendo que mandaria um helicóptero, uma ambulância, e que eu podia ir para o hospital que ele pagava o que fosse. Acabou que não fui, mas teve toda essa preocupação dele, além da ajuda financeira durante sete meses com remédios caros da trombose", contou Douglas.

"Cuidamos do Complexo da Coruja por inteiro"

Junto à vinda da pandemia, o Projeto, que antes atendia apenas crianças, foi levado a atender um público muito maior: a comunidade. 

"A pandemia acabou com as aulas das crianças e nos jogou para a comunidade como um todo. Cuidamos do Complexo da Coruja por inteiro, com 500 cestas básicas por quinzena. Então foram mais ou menos 17 mil cestas distribuídas para a comunidade em 2 anos e meio. Isso leva a gente para um outro público", explicou Douglas, que hoje possui dois espaços para o Projeto, onde são realizadas as atividades: Morro do 40 e Morro da Alegria, ambos no Complexo da Coruja.

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Hoje, o Primeira Chance oferece uma variedade de opções de atividades para os mais diversos públicos. Para as crianças: balé, violino, tênis, futebol e inglês; Para o público adolescente: capacitação, com barbearia, maquiagem, curso técnico de conserto de celular e notebook e o pré-vestibular; Para o público idoso: alfabetização e reforço escolar. 

"Minha filha entrou no projeto no final de 2022, e o Primeira Chance é muito importante na minha vida e na vida da minha família, porque eu sempre tive vontade de botar minha filha pra fazer balé e nunca tive condições. Através do projeto e da força de vontade do tio Douglas e da tia Paola , esse meu sonho e da minha filha está se tornando realidade. Minha filha também faz aula de violino e  ama, se encontrou. É uma coisa que eu nunca iria ter condições pra proporcionar pra ela. Sou muito grata a Deus e Douglas e Paola por isso", disse Joyce Kelly Barreiros, mãe da pequena Kettelyn Vitória, de 9 anos, aluna do Projeto. 

Palestra em Harvard

Ao final de 2019, após a entrega da casa no quadro "Um por todos", o apresentador Luciano Huck havia prometido à Douglas que o levaria para palestrar em Harvard com ele. Porém, com todas burocracias em andamento, como passaporte e visto, veio a pandemia, que cancelou tudo. 

"Só que eu comecei a seguir a 'Brasil Conference' e vi que em 2022 iria ter um novo evento, com vagas para os embaixadores, que são pessoas que estão fazendo a diferença no Brasil. Foi então que me inscrevi, fui passando pelas etapas e fui aprovado. Mandei mensagem para o Luciano, contando que eu iria estar em Harvard em 2023. Ele quis ir comigo, e no meio da palestra falou sobre mim, que eu estava presente no local. Foi quando Harvard levantou e me aplaudiu de pé", contou Douglas.

"Um gestor que já trabalhava lá há alguns anos me contou que nunca tinha visto um negro, sem status financeiro, ser aplaudido de pé nesses lugares. Mas eu não tenho essa vaidade de ser aplaudido. Foi emocionante, mas eu estava lá pelo Projeto, para conseguir ajuda. Na minha segunda oportunidade de fala, eu disse isso para a plateia, que eles me deram 150 dólares e eu vim disposto a fazer jejum, não usar o dinheiro e ficar dois dias só consumindo o café de lá, pra poder levar essa grana e pagar a minha aula de balé, por exemplo. Eu contei pra eles sobre a realidade do Primeira Chance", completou. 

"Deus é meu maior patrocinador e é Ele que comanda tudo isso aqui"

Dia a dia com a comunidade 

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O "tio Douglas" se tornou, para as crianças do Complexo da Coruja, referência do que há de bom. Os pequenos ligam sua imagem à bons momentos, oportunidades, sonhos realizados e esperança. 

"Você nunca vai me ver falando que te ajudei, que te dei alguma coisa. O que eu faço é minha missão, e missão não se joga na cara de ninguém. Eu faço porque eu faço, sem nunca esperar nada em troca. Acontece naturalmente, a colheita vem, mas 99% das coisas que faço é no impulso, na ação de ajudar, sem esperar recompensas, porque não tenho compromisso com a gratidão de ninguém, tenho compromisso com a necessidade", declarou o fundador do Primeira Chance. 

"O Douglas nos ajuda desde o início da pandemia. E ele ajudou muito, porque eu e meus filhos estávamos desempregados e foi uma ajuda que chegou na hora certa. É uma benção esse trabalho que o Douglas vem fazendo. Hoje estou na escola, no reforço e mesmo tendo um pouco de dificuldade, estou lá estudando", contou Alice Gonçalves, a "Kika", de 59 anos, aluna do Projeto. 

Ele faz História 

Douglas Oliveira representa a força de vontade dos que não desistem dos seus sonhos. Representa o caminho do bem, que pode até ser o mais difícil, mas é compensador. Ele muda vidas através do propósito da sua própria vida e escolheu não ser "mais um", e sim fazer a diferença. 

"Eu não sei fazer mais nada. O ser humano se adapta em qualquer situação, mas se você tirar o Primeira Chance de mim hoje, vai ser muito difícil, porque eu não comecei o Primeira Chance esperando acabar um ano. Eu comecei o Primeira Chance sabendo que ele só iria acabar, na minha vida (porque ele é maior que eu, eu vou passar, ele permanece) quando eu não estiver mais aqui. O Primeira Chance é minha escola, ele é maior que eu", afirmou Douglas.

"Eu sou o primeiro aluno do Projeto"

Exemplo para a comunidade onde nasceu, cresceu e permanece até hoje, Douglas tem como uma de suas principais motivações, as crianças, que ao longo dos anos puderam se desenvolver através das atividades oferecidas no Primeira Chance e hoje são motivos de orgulho não para ele, mas para todo o Complexo da Coruja. 

"Entrei no Projeto Primeira Chance em 2017, aos 9 anos. Eu vejo o Projeto como uma segunda casa, porque me sinto acolhido quando estou lá. E o Tio Douglas é sensacional, eu sou muito grato por tudo que ele fez e continua fazendo por todos que fazem parte do Projeto. Ele é uma pessoa incrível, do coração puro e cristalino. Se não fosse por ele, as crianças do projeto não teriam a oportunidade de fazer tantas aulas maravilhosas, como: balé, futebol, violino, flauta, inglês etc. Hoje, com 16 anos, ainda faço aula de inglês, futebol e violino, mas já fiz flauta, tênis, curso de barbeiro e curso de celular e notebook", contou João Pedro da Silva, morador do Complexo da Coruja.

João Pedro Silva faz parte do Projeto Primeira Chance desde os 9 anos de idade
João Pedro Silva faz parte do Projeto Primeira Chance desde os 9 anos de idade |  Foto: Divulgação

"Da mesma forma que toda vez que penso em desistir, eu vou lá onde mataram a minha mãe, para lembrar o por que que eu faço isso, eu também olho para o João e vejo a materialização de tudo que deu certo, e isso me motiva a continuar. Ele é um exemplo pra nós e pra toda a comunidade, porque você olhar para um aluno e ver um comportamento seu nesse aluno é muito gratificante. Quanto vale isso? Isso tem preço ou tem valor? Pra mim tem valor", disse Douglas Oliveira, que finalizou afirmando: "Eu sou o primeiro aluno do Projeto. Antes de mudar a vida de outras crianças, ele mudou a minha vida, mudou o meu olhar", concluiu Douglas Oliveira. 

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