Recordar é viver
Ex-jogador Assis completou dois anos de morte
min de leitura | Escrito por Redação | 03 de agosto de 2016 - 09:34
Recordar é Viver
Por Marcos Vinicius Cabral
O mês de julho foi de comemorações e saudades para os cerca de 3,6 milhões de tricolores espalhados pelo país. No dia 21 de julho o clube completou 114 anos de fundação e o dia 24, marcou a passagem de dois anos da morte de Benedito de Assis da Silva, ou melhor, o ex-centroavante Assis, um dos maiores ídolos da torcida tricolor.
Assis chegou às Laranjeiras em 1983 para escrever seu nome na história do clube, deixando como principal legado aos torcedores tricolores o inesquecível bi-campeonato carioca contra o arquirrival Flamengo em que balançou as redes rubro-negras nas duas finais seguidas, em 83 e 84.
Depois deste feito, ganhou o apelido de "Carrasco do Flamengo" e passou a ser saudado pela torcida tricolor com o refrão "Recordar é viver, Assis acabou com você", que sempre é cantado nas arquibancadas do Maracanã a cada partida entre as duas equipes.
Mas o começo de carreira do craque foi modesto. Com apenas 20 anos de idade, ingressou no Francana, do interior paulista onde permaneceu por oito anos até se transferir, já com 28 anos, para o São Paulo, onde se tornou bi-campeão paulista em 80 e 81.
Em 81 foi negociado com o Inter/RS onde conquistou o Gauchão, indo em seguida para o Atlético/PR, em 82, onde sagrou-se campeão paranaense. Ali, no rubro-negro paranaense, formou com o centroavante Washington uma das duplas de ataque mais conhecidas do futebol brasileiro dos últimos anos. Com o sucesso alcançado, levando o Atlético-PR às semifinais do Brasileiro de 1983, a dupla chamou a atenção do presidente tricolor Sílvio Kelly, que numa longa negociação, os contratou. Nascia então o 'Casal 20'.
Uma dupla talentosa e carismática, que balançou por 179 vezes as redes adversárias, conquistando nove títulos e entrando em definitivo para um grupo seleto de jogadores que cravaram seus nomes na história do Fluminense, clube este em que viveram seus melhores momentos na carreira, sagrando-se inclusive campeões brasileiros de 84 além do tri-carioca. Os dois chegaram a ser convocados para a Seleção Brasileira: Assis, em 84, e Washington em 87.
Mas nada se compara a grande fase vivida pela dupla no Fluminense: viveram felizes e fizeram seus torcedores felizes e orgulhosos; deram shows com grandes atuações, sendo ovacionados pela exigente torcida pó de arroz; conquistaram títulos memoráveis e tiveram como retribuição o livro ‘Washington & Assis - Recordar é viver’, lançado ano passado; marcaram a vida de milhares de pessoas e hoje estão eternizados em bustos de bronze, na sede em Álvaro Chaves, no bucólico bairro das Laranjeiras.
O famoso camisa 10 de pernas longas e com seu jeito tresloucado de jogar bola, fez sucumbir os rubro-negros, atônitos pelos gols marcados, levando às lágrimas torcedores de gerações passadas que tiveram orgulho de afirmar: "eu vi o carrasco jogar".
Portanto, no mês que o futebol brasileiro fazia história no gramado mineiro na Copa do Mundo ao ser derrotado por um placar acachapante de 7a1, para os alemães, há dois anos os torcedores tricolores sofriam com a morte de seu eterno carrasco. Sem esquecer que quarenta e dois dias, no mesmo ano, 2014, Washington, o parceiro de Assis, também se despedia da torcida tricolor, após uma longa batalha contra uma doença degenerativa que o deixou numa cadeira de rodas nos seus últimos anos de vida.