Agora é a vez delas! Saiba o que as mulheres esperam da Copa do Mundo de Futebol Feminino 2023
Apesar da falta de incentivo ao esporte feminino, elas seguem sonhando e acreditando com um futuro em que o reconhecimento será para todos
Paixão. É com essa palavra que Luana e Maria Luíza, ambas de 20 anos, descrevem o sentimento que têm pelo futebol. De amores de infância a tradições de família, o futebol é unanimidade para essas mulheres, que agora, têm uma nova oportunidade de se sentirem representadas no maior evento de futebol do planeta: a Copa do Mundo de Futebol Feminino 2023.
Um dos maiores problemas do esporte feminino, desde seu início, é a falta de investimento, visibilidade e apoio às jogadoras. No futebol, principalmente, é comum que muitas mulheres sofram com o estigma de que o esporte “é coisa de homem”, e por isso deve ser jogado e assistido por homens, ou que elas não são capazes de serem tão boas quanto jogadores do sexo masculino. Assim, o reconhecimento do futebol masculino e do futebol feminino podem ser notados de formas completamente diferentes, mas, aos poucos, as mulheres têm ganhado cada vez mais espaço no esporte.
Esse ano, a Copa do Mundo Feminina, que está em sua oitava edição, será a maior já vista, contando com a participação de 32 seleções. O torneio será sediado na Austrália e na Nova Zelândia, e tem seu início agendado para a próxima quinta-feira, 20 de julho.
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Com o começo dos jogos, renasce o sentimento de torcida pela camisa verde e amarela, e as expectativas de uma taça inédita para a seleção feminina. Mas para as jovens, Luana e Maria Luíza, o evento vai muito além do título.
Para a estudante de Jornalismo e flamenguista declarada, Luana Rafael, o amor pelo futebol nasceu da identificação com o Flamengo, e cresceu a partir da conexão da família com o esporte.
“Primeiro eu me apaixonei pelo clube e depois pelo esporte em si. Na minha família, meus avôs sempre tiveram o costume de assistir jogos de futebol e assim eu aprendi a gostar também e escolhi o meu time de coração.”, contou. Desde então, Luana acompanha o esporte e não perde um jogo do Flamengo, seja presencialmente, seja pela televisão.
Apesar de ser uma grande fã do esporte, Luana admite que assiste ao futebol masculino com mais frequência, justamente pela maior visibilidade da modalidade. “Eu acompanho mais o futebol masculino. Sempre tento saber o que está acontecendo no feminino também, mas infelizmente ainda é o masculino que tem mais visibilidade e espaço. Por isso, acabo não acompanhando assiduamente os campeonatos nacionais, mas quando a seleção feminina joga, principalmente na TV aberta, é quando paro pra assistir de fato.”, explicou.
Agora, com o início da Copa do Mundo, a jovem está animada com a oportunidade de resgatar o sentimento que teve em 2019, no último mundial feminino que aconteceu, e finalmente ver a seleção feminina brasileira campeã pela primeira vez, e revela que vai convidar a todos que conhece para acompanharem o torneio também: “Com os jogos tendo espaço na TV aberta, quem gosta de futebol não tem desculpa para não assistir.”, mas complementou, “infelizmente, acredito que a maioria dos jogos eu assistirei sozinha, porque ainda não tem a mesma mobilização da Copa masculina - em que amigos e familiares se reúnem para torcer.”.
Luana, que sonha em um dia trabalhar com o esporte, acredita que valorizar o futebol feminino durante esse momento emblemático para o futebol, que é a Copa do Mundo, é essencial para conquistar torcedores para além de jogos da seleção ou eventos de grande porte.
“Acredito que devemos valorizar o espaço dado à modalidade durante essa época, para que se expanda também para outras competições, durante o ano inteiro. Abrir cada vez mais espaço para que as pessoas possam ver um estadual, um campeonato brasileiro e outras competições femininas na TV aberta também.”
“Para que possamos chegar em um momento em que o futebol feminino seja tão valorizado quanto o masculino, é preciso que tenha incentivo e que a mídia se convença de que vale à pena investir nas mulheres também, para mostrar às futuras jogadoras que estamos progredindo e que vale a pena insistir no esporte, que elas terão espaço e reconhecimento também”, disse a futura jornalista.
Para Maria Luíza Garuba, de 20 anos, também estudante de Jornalismo e jogadora de futebol em uma liga universitária nos Estados Unidos, a falta de mobilização é um dos principais motivos para a perpetuação do preconceito com a modalidade. Segundo a atleta, muitas pessoas não se dão sequer a oportunidade de assistir ao futebol feminino, apenas pelo fato de serem mulheres jogando, e por isso, é tão importante que a visibilidade dada às jogadoras em época de Copa, seja estendida para o ano inteiro.
“Na época de grandes competições como a Copa do mundo, marcas e empresas se prontificam a dar apoio, mas esse suporte e visibilidade precisam ser constantes para que o futebol feminino cresça e que meninas que estejam por aí brincando de jogar bola saibam que o sonho de ser jogadora de futebol, jogar em estádios lotados, ter seus jogos transmitidos na televisão…, pode se tornar realidade.”, comentou.
Com ela, o amor pelo esporte surgiu naturalmente quando tinha apenas 4 anos, idade em que começou a jogar.
“Eu ficava fascinada vendo os meninos jogarem na rua, na frente da casa da minha tia, e um dia me aventurei a chutar a bola entre os dois chinelos que marcavam o gol. Depois daquele dia, não parei mais… da rua, ao futsal, do futsal ao campo, a paixão só foi crescendo. E quando eu não estava jogando, estava assistindo futebol na TV.”
“A minha relação com o esporte feminino sempre foi muito forte, sempre sonhei em ser jogadora de futebol e hoje, também como telespectadora, posso dizer que essa relação tem crescido cada vez mais. Fico feliz que agora temos mais acessos aos jogos e à informações sobre as jogadoras. O caminho ainda é muito longo, mas o progresso é nítido mesmo que a passos curtos, fico contente de ver as mulheres conquistando mais espaço.”, contou Maria Luíza, que assiste tanto ao futebol masculino quanto ao feminino.
Começando na próxima quinta-feira, 20 de julho, até o dia 20 de agosto, as madrugadas e manhãs da atleta já tem programação garantida: acompanhar as partidas da Copa do Mundo. Ela, que vive na pele a experiência de se preparar para um campeonato, dessa vez estará de frente para a TV com todo o seu otimismo na seleção brasileira. “Eu quero muito ver o Brasil trazendo essa taça para casa.”, revelou.
Mas muito além do título, Maria Luíza quer reconhecimento à modalidade, e o evento é a chance de mostrar a todos que as mulheres merecem o apoio dos brasileiros. “Pra mim é muito importante mostrar não só apoio mas também torcida para as nossas meninas que estão lá representando o Brasil. Acho que a Copa serve muito como uma vitrine pro mundo ter a oportunidade de acompanhar o futebol feminino. Infelizmente ainda lidamos com muito preconceito com a modalidade e espero que depois desse evento as coisas possam mudar.”
Ainda que a realidade do futebol feminino seja difícil e que exista um longo caminho até a igualdade, a parte mais importante de valorizar o esporte feminino é incentivar meninas e mulheres, como Luana e Maria Luíza, de que vale a pena sonhar.
Quando questionadas sobre o que o futebol significa em suas vidas, ambas responderam com a mesma palavra: paixão. Seja dentro ou fora de campo, como hobby ou profissão, provando que, independente das adversidades, o amor pelo futebol é o que realmente importa.
“O futebol para mim, além de um passatempo, é um sonho. Eu entrei na faculdade de Jornalismo sonhando em trabalhar nesse meio, em transformar a minha maior paixão em profissão.”, contou Luana.
E Maria Luíza, finalizou, “O futebol é minha paixão. Acho que seja jogando ou torcendo, é quando eu tenho a maior oportunidade de ser feliz e compartilhar desse sentimento com quem está por perto".
Sob supervisão de Marcela Freitas*