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Após agressão, Pedro não comparece a treino do Flamengo nesta segunda

A psicóloga Francilene Torraca, ouvida por OSG, falou sobre as consequências da violência e do assédio moral na vida profissional de um atleta

relogio min de leitura | Escrito por Redação | 31 de julho de 2023 - 18:30
Agredido no último sábado (29) pelo preparador físico Pablo Fernández, Pedro não compareceu ao treino desta segunda-feira (31)
Agredido no último sábado (29) pelo preparador físico Pablo Fernández, Pedro não compareceu ao treino desta segunda-feira (31) -

Agredido no último sábado (29) pelo preparador físico Pablo Fernández, o atacante Pedro, do Flamengo, não compareceu ao treino desta segunda-feira (31), no Ninho do Urubu. A atividade estava marcada para às 9h.

O jogador foi protagonista da polêmica ocorrida neste final de semana, após a partida contra o Atlético-MG, pelo Campeonato Brasileiro. O preparador físico foi desligado do clube.

De acordo com informações do GE, os demais jogadores e o treinador Jorge Sampaoli se reapresentaram no CT do Flamengo no início desta manhã. Pedro, no entanto, não compareceu. Nem a assessoria pessoal do jogador, nem o clube, se pronunciaram sobre a não presença do atleta.


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Ouvida por OSG, a psicóloga Francilene Torraca falou sobre as possíveis consequências da violência e do assédio moral na vida profissional de um atleta. "Nos últimos anos o assédio moral tem aumentado muito, devido à competitividade acirrada que o mundo atual impõe, tanto aos profissionais quanto às organizações. É importante pontuar que o assédio moral viola de forma cruel a dignidade de uma pessoa, assim como os valores sociais. Ele emputa peso de humilhação, é uma cobrança exagerada por resultados e mais do que isso, expõe a pessoa à situações vexatórias, que acabam denegrindo a imagem dela e principalmente no meio em que ela está inserida. O indivíduo pode ficar também com a sua imagem profissional denegrida e interferir na sua recolocação no mercado de trabalho", afirmou a psicóloga. 

O motivo da confusão entre Pedro e Pablo Fernández teria sido a recusa do atacante de ir para o aquecimento. Essa atitude, inclusive, será punida pelo clube carioca, que ainda não revelou qual será a sanção aplicada. Fernandéz se revoltou com a postura do jogador e acabou agredindo o atacante no vestiário.

O camisa 9 passou por exame de corpo de delito, que identificou lesão na parte interna do lábio. "O fato do jogador em questão ter uma postura de uma pessoa que provavelmente não recebeu uma educação violenta, faz com que ele acabe sendo interpretado, inclusive pelo agressor, como uma postura de passividade, já que na sociedade, de uma maneira geral, as pessoas reagem às agressões sofridas. Essa postura cordata desse atleta, faz com que o agressor acabe aumentando o volume do desrespeito, levando ao ato de uma agressão física", declarou a psicóloga. 

Após o ocorrido, Pablo pediu desculpas publicamente para Pedro. No início da noite do último domingo (30), o Flamengo decidiu pela demissão do funcionário. Já o treinador Jorge Sampaoli, que foi mantido no cargo, publicou em seu Instagram pessoal uma condenação à violência. 

Em relação a exposição à qual o atleta foi inserido e os consequentes desdobramentos do ocorrido, a psicóloga afirma que "o assédio moral causa uma tensão psicológica, um sentimento de amargura, de fracasso e isso desencadeia casos de depressão, ansiedade, doenças gastrointestinais e também uma espécie de desestabilização permanente. O fato desse jogador, inclusive, não ter conseguido ir treinar e retomar sua rotina nesta segunda, mostra que ele realmente está muito afetado psicologicamente".

"Falando a nível de grupo, é importante também pontuar que uma equipe que assiste de forma permanente, sem interrupção, um colega sendo assediado moralmente, também gera grande tensão. Ou seja, não vai prejudicar só o assediado, pois o clima de desconforto se instala, gerando inclusive desconfiança sobre aquele ambiente profissional. Os prejuízos causados por agressão são imensuráveis, em virtude dessa enorme diversidade de danos que ocasiona", concluiu Francilene  Torraca.

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