Equipe de São Gonçalo disputa campeonato nacional de crossfit
Time é o primeiro da cidade a se classificar para o torneio
A próxima equipe campeã do maior torneio nacional de crossfit pode ser, pela primeira vez, formada por gonçalenses. Um grupo de ‘crossfiteiros’’ do box CF Nit II, localizado no Centro de São Gonçalo, se classificou para a etapa final do Torneio CrossFit Brasil 2023, o TCB, e vai viajar para Sorocaba, em São Paulo, para concorrer ao principal título da modalidade no país.
Hélder Ferreira, Thaísa Melo, Vanessa Reis e Igor Lopes foram os competidores da cidade que levaram a melhor nas etapas seletivas, disputadas por 2.500 atletas de todo o país. Comandados pelos treinadores Rodrigo Cunha e Hugo Gouveia, eles serão o primeiro time de um centro de treinamentos da cidade a participar de uma final do TCB desde o lançamento do torneio no país, em 2010.
O sonho de alcançar a conquista já existe há um bom tempo, conforme conta ao treinador Rodrigo, de 38 anos, fundador do box. “A gente já está aqui há sete anos e há sete anos que a gente almeja essa classificação. É o primeiro ano que a gente tenta. Tem que ter muito condicionamento físico, muito conhecimento técnico para chegar à seleção”, ele explica o professor de educação física, que tem expectativas positivas para o desafio.
“Eu acredito que, sendo bem otimista, a gente consiga ir até a bateria final e estar entre os doze classificados para a prova final. Chegando lá, a gente vai sempre procurar ganhar, a gente tá se preparando muito para essa última bateria. A magia do esporte é sempre buscar o lugar mais alto do pódio, sem desrespeitar ninguém, claro”, ele defende. O sócio e parceiro de treinamento, Hugo, compartilha da crença.
“Apesar de estarem numa jaula cheia de leões, eu sei que eles são muito fortes, podem lutar de igual para igual com todo mundo. E a minha expectativa é a melhor. A gente treina, a gente trabalha e vamos lá para dar nosso melhor e carregar o nome da nossa cidade. Acho que não tem nada mais justo sermos os primeiros a levar nossa cidade para o cenário nacional, sendo o primeiro box da cidade”, reforça Hugo.
A final inclui três baterias de disputa, combinando diferentes movimentos comuns aos treinos da modalidade. Uma boa parte dos classificados que o grupo do CF Nit II enfrenta nessas provas inclui atletas profissionais que se dedicam exclusivamente ao crossfit. A equipe de SG, em contrapartida, conta com dois professores de educação física e duas entusiastas da atividade profissionais de outras áreas.
“É um campeonato de alto nível. Tem muita gente lá que vive disso, muita gente que é atleta e trabalha com isso há muito anos. Para nós, essa é a primeira experiência, então a gente está muito ansioso, sem saber muito bem o que esperar. Mas vamos dar o nosso melhor, com certeza”, conta a geofísica Thaísa Melo, de 28 anos, uma das integrantes do time.
Ela explica que, apesar do histórico como atleta de ginástica rítmica, já não estava tão inserida no universo das competições esportivas quando entrou no box em 2018. O interesse, a princípio, era apenas fazer uma atividade física e cuidar da saúde. “Sempre fui muito competitiva, então, para entrar no mundo da competição foi bem rápido. Comecei a evoluir rápido, me dedicar muito e hoje a gente tá aí, colhendo um pouquinho dos frutos”, ela relembra.
A situação é parecida com a da professora Vanessa Reis, de 38 anos. “Não vinha da área esportiva, meu trabalho não tem nada a ver com esporte, mas sempre pratiquei musculação e sempre gostei muito de levantamento de peso. Acho que foi isso que me fez gostar cada vez mais do crossfit, a parte da carga, mas não tinha intenção nenhuma de competir. Conforme fui evoluindo, aprendendo um pouco mais de ginástica, aprendendo movimentos novos, fui gostando e estou aí até hoje”, ela explica.
No caso dos colegas de time Hélder Ferreira e Igor Lopes, ambos de 32 anos, o esporte já estava um pouco mais próximo da rotina. Os dois são instrutores de crossfit e formados em educação física há anos. Isso não torna os treinos mais tranquilos, eles explicam. “Pra mim, é um pouco mais cansativo porque acabo vendo isso o dia inteiro. Acordo de manhã para dar aula, aí treino, aí dou aula de novo, treino de novo”, desabafa Hélder.
Para as meninas, o desafio é outro: conciliar o dia-a-dia com o desafiador universo das competições. “A gente vai adaptando nossa rotina. Venho direto do trabalho, já trago as roupas, a marmita. Vai adequando a nossa realidade para poder treinar”, conta Vanessa.
“Tem sido duro desde que a gente se propôs a participar. A gente começou a treinar para isso em dezembro do ano passado e, em janeiro, desse ano, já estávamos em loucura total. Eu, por causa do trabalho, tenho que treinar às seis horas da manhã e depois voltar à noite para treinar. Tem sido doído, mas tem valido a pena”, complementa Thaísa, resumindo o otimismo de toda a equipe.
“Tô com expectativa muito boa porque sei o quanto a gente vem se dedicando. Sei que a gente tem total capacidade de fazer um bom campeonato em time”, enfatiza Hélder. O grupo viaja para São Paulo no início de setembro. O evento acontece na Arena Sorocaba entre os dias 7 e 10 de setembro.
Pioneirismo na atividade
Para os treinadores, a oportunidade de representar a cidade no torneio é também um reconhecimento, já que o box foi o primeiro da modalidade vinculado à marca oficial CrossFit inaugurado na cidade, segundo os proprietários. Rodrigo relembra que se encantou com a modalidade desde que a conheceu, em 2013, nos Estados Unidos. Quando voltou ao país no ano seguinte, começou a praticar em um box de Niterói.
“Desde 2014, eu tenho a ideia de trazer o crossfit para São Gonçalo. No início, todo mundo me chamava de maluco. Até profissionais mesmo, que não conheciam, falavam. Com o tempo, a gente foi ganhando espaço. Hoje a gente é uma referência dentro da cidade, dentro do estado e, agora, nacionalmente”, ele celebra. No meio do caminho, veio a parceria com Hugo.
O colega de treinos conheceu o treino na mesma época, pela televisão. Se apaixonou pelo ritmo da atividade e decidiu aceitar o convite para embarcar na jornada de gerir um CT da atividade em 2016. Sempre vivenciei o esporte, sempre fiz muita luta, futebol, natação. Mas o crossfit foi algo mais desafiador, o mais que até hoje eu fiz. Porque o crossfit depende de muitas coisas. Você tem que ter muita habilidade, muita força, um mindset pronto. É algo que te desafia mais a cada dia. Quando você acha que está preparado, vem algo mais para te desafiar”, conta Hugo.
“Com esse tempo, a gente conseguiu desmistificar o lance do ‘o crossfit lesiona’. O crossfit é uma atividade funcional que todo mundo pode fazer. A diferença de usar o nome crossfit ou não é pela formação e pela anuidade que a gente paga, mas, fora isso, a gente consegue incentivar pessoas a fazerem movimentos que sejam naturais sem nenhum tipo de exigência de ser atleta ou competir. Não é só competir. Temos poucos atletas, mas temos muitos casos de obesidade, problema de pressão. Nosso sucesso hoje não é só levar esse atletas para a competição, mas também conseguir com que eles atinjam pessoas que jamais estariam aqui para buscar qualidade de vida e saúde”, conclui Rodrigo