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Vovó tricolor de 87 anos prevê vitória do Fluminense na Libertadores

Dona de pastelaria em Niterói, dona Alda é apaixonada pelo time e acredita em título na Libertadores

relogio min de leitura | Escrito por Felipe Galeno | 04 de novembro de 2023 - 11:12
Idosa escala times 'de cabeça' e acompanha todos os jogos do Flu
Idosa escala times 'de cabeça' e acompanha todos os jogos do Flu -

Enquanto o elenco do Fluminense realiza os últimos preparativos para entrar em campo contra o argentino Boca Juniors, pela final da Conmebol Libertadores neste sábado (04), milhões de torcedores preparam os corações para assistir uma partida que pode ser histórica. Caso o carioca vença, esse será seu primeiro título na competição latina. A taça é aguardada com ansiedade por boa parte dos torcedores mais antigos, mas poucos deles estão esperando por ela há tanto tempo como a dona Alda Quintanilha, de 87 anos.

Moradora de Niterói e fundadora da tradicional pastelaria “Fla-Flu”, em Itaipu, a idosa é apaixonada pelo tricolor das Laranjeiras desde a infância e está com uma expectativa positiva para a final neste sábado. “Estou achando que vai ser 2 a 1. Acho que pode vir gol de Cano, do Ganso ou do Arias, mas vamos ver”, prevê a torcedora, que carrega o amor pelo futebol no sangue.


Pastelaria foi tema de série gastronômica do O SÃO GONÇALO; relembre:

Quase meio século de tradição e amor pelo esporte: conheça a Fla Flu Pastelaria, em Niterói


Dona Alda conta que foi com o pai, em casa, que começou a tomar gosto pelo esporte e, principalmente, pelo time. “Na minha casa, éramos 13. Os homens lá em casa tudo torcia para o Fluminense. Meu pai sempre foi tricolor”, ela recorda. Com o passar dos anos, o entusiasmo na torcida pela camisa verde e grená só aumentou e permaneceu firme mesmo depois que se casou com o flamenguista Antônio Esteves.

A rivalidade nos gramados não impediu o relacionamento de dar certo. Pelo contrário; o casamento foi feliz até a morte de Antônio, em 2000. Da união, vieram cinco filhos, muitos netos e bisnetos, e um ‘point’ que se tornou referência na Região Oceânica de Niterói: a pastelaria Fla-Flu, inaugurada em 1977 e batizada por dona Alda, que escolheu brincar com a competição entre seu time e o do marido.

Torcedora fundou o Fla-Flu, conhecida lanchonete em Itaipu, com o marido em 1977
Torcedora fundou o Fla-Flu, conhecida lanchonete em Itaipu, com o marido em 1977 |  Foto: Filipe Aguiar

Atualmente administrado pelos filhos, o espaço segue uma das lanchonetes mais movimentadas da região. Dona Alda já não acompanha mais tão de perto os negócios, mas ainda aparece no salão do espaço ocasionalmente. Sua rotina hoje, ela explica, é bem diferente da que tinha na época em que administrava a pastelaria. Algumas coisas, porém, não mudaram: seu amor pela família ao seu redor e pelo Fluzão continuam intactos.“Hoje eu já não faço mais tanta coisa”, compartilha a idosa. “Mas ainda acompanho os jogos”.

Entre os filhos e netos, a torcida se espalhou. Segundo a idosa, teve filho que escolheu o Botafogo, filha que se apaixonou pelo Flamengo, neto que torce pelo Vasco. Alguns, porém, herdaram seu sangue tricolor, como é o caso da neta Juliana Moraes, de 29 anos. No caso dela, o amor pelo time está totalmente ligado ao amor pela avó.

Juliana seguiu o caminho da avó e já 'ensinou' a filha mais velha, Laura, a torcer pelo tricolor
Juliana seguiu o caminho da avó e já 'ensinou' a filha mais velha, Laura, a torcer pelo tricolor |  Foto: Filipe Aguiar

“Minha mãe torce para o Flamengo e sempre me colocou como flamenguista, sempre comprou as blusas para mim. Só que eu sempre admirei muito minha vó e sempre admirei o amor que ela tem pelo time. Aí quando eu fiz 15 anos, eu falei que ia virar tricolor, muito pela admiração que eu sinto por ela”, se declara a neta. Poder torcer ao lado da avó é motivo de enorme alegria, ela explica.

“É incrível ter ela junto com a gente. Ela é a base de tudo. Nossa família só é o que é hoje por conta dela, é nossa pilastra principal. Para mim, é maravilhoso não só poder conviver com ela, mas também poder ver minhas filhas convivendo com ela. Espero que ela permaneça conosco por muito tempo ainda”, afirma Juliana.

Atualmente, ela também assume a missão da avó e ‘cultiva’ a semente tricolor nas gerações mais novas da família. “Agora tenho a Laura e a minha mais nova, a Lua, que eu espero que sejam tricolores também”, conta, sobre as filhas. Se não seguirem a mesma torcida, vão, ao menos, crescer sabendo de tudo o que acontece no Fluminense, já que a ‘bisa’ está sempre antenada na equipe.

"Sempre admirei muito minha vó e sempre admirei o amor que ela tem pelo time", declara neta
"Sempre admirei muito minha vó e sempre admirei o amor que ela tem pelo time", declara neta |  Foto: Filipe Aguiar

Além de saber tudo o que está acontecendo nas partidas atuais, a moradora de Itaipu também lembra de boa parte dos detalhes na trajetória da equipe ao longo das últimas décadas. Ao comentar sobre sua formação predileta do elenco, por exemplo, ela puxa do baú da memória o time de 1948 do Fluminense. “Era Castilho, Pé de Valsa, Hélvio, Índio, Mirim, Bigode, 109, Santo Cristo, Simões, Orlando e Rodrigues. Jogavam muito”, escala a torcedora.

Do elenco atual, ela também gosta bastante. Seus preferidos são o lateral Marcelo - “fiquei muito feliz quando ele voltou” - e o meia Matheus Martinelli. “Eu sempre reclamo quando aquele menino fica fora, o Martinelli. Não sei por causa de que o Fernando Diniz deixa ele de fora às vezes. Teve um jogo que ele entrou e logo, uns seis minutos, marcou gol”, narra dona Alda.

O resto do time também é aprovado por ela. Sua única reserva na escalação de Fernando Diniz é o zagueiro Felipe Melo, que a deixa meio preocupada em algumas partidas. “Eu não vou dizer que não gosto do Felipe Melo. Acho que ele joga sério, joga duro. Quando ele joga por um time, ele leva a sério. Mas às vezes fico com medo porque acho ele meio brigãozinho. Essas coisas podem prejudicar o time. Eu gosto de ver pessoas calmas jogando; o Marcelo, o Arias”, ela defende.


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Falando em brigas, uma outra coisa que a preocupa no futebol atual são os frequentes conflitos entre torcidas. A torcedora não esconde que acompanhou com tristeza as notícias de confusão entre torcedores do Boca e do Flu nos últimos dias. “Hoje em dia é muito torcedor que é mais ‘moleque’ que qualquer outra coisa indo aos estádios. Antigamente, era mais família. Iam para torcer mesmo, não era para brigar. Naquele tempo, se podia levar criança para ver. Eu acho que quem torce tem que se dar bem, respeitar”, declara

A expectativa de dona Alda é que a partida deste sábado (04) ocorra sem confusões e com a vitória do melhor em campo. E, claro, se depender de sua torcida, o melhor em campo vai ser o Fluminense, para afastar de vez as memórias ruins da derrota no torneio em 2008 e sacramentar sua jornada de paixão pelo clube. “Amanhã vai dar Fluminense, se Deus quiser. Vou ficar felicíssima com o título”, já comemora a idosa.

Dona Alda aposta em 2 a 1 para a final contra o Boca Juniors
Dona Alda aposta em 2 a 1 para a final contra o Boca Juniors |  Foto: Filipe Aguiar

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