Torcida em Niterói vai à loucura com classificação do Fluminense
Tricolores da região se reuniram em bar de Icaraí para assistir partida contra o Al-Ahly
A esquina da Rua Domingues de Sá com a Gavião Peixoto, em Icaraí, Niterói, virou um pequeno pedaço da Arábia Saudita na tarde desta segunda-feira (18) - e não foi só por causa da temperatura elevada! Um grupo de tricolores se reuniu no Bar Flórida para assistir, na TV, à vitória do Fluminense sobre o Al-Ahly e festejou como se estivesse no estádio em Jidá acompanhando a partida que classificou a equipe carioca para a final do Mundial de Clubes da Fifa.
Dezenas de torcedores da região se reuniram para ver o jogo no estabelecimento, que é conhecido por reunir as torcidas do Flu em Niterói. No jogo desta segunda (18), a maior parte dos presentes era da Flu Oceânica, uma das organizadas da região, que levou também seus bandeirões para a rua do bar, onde o público vibrou com os dois gols que garantiram ao time chance de disputar pelo título mundial na próxima sexta (22).
O clima era de tensão no minutos iniciais. Os olhares apreensivos dos tricolores niteroienses dificilmente desviavam das telas no bar e, mesmo com a pequena multidão reunida, os barulhos vinham todos da televisão e dos carros na rua ao lado. Aos poucos, mais torcedores foram chegando e dando mais alguma confiança ao grupo reunido para gritar com alguns lances, ensaiar algumas músicas e xingar o árbitro Szymon Marciniak.
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"O cara quer apitar tudo quanta é falta, qualquer um que cai ele apita. Tá complicado", reclamou o editor de TV João Gabriel, de 27 anos, durante o intervalo. Mesmo assim, a reação ao 0 a 0 do primeiro tempo era de altas expectativas para o segundo. "Estamos esperançosos. A torcida é uma família. A gente tá reunido como uma família, juntos por um mesmo objetivo", completou o editor.
Na segunda metade, a torcida acompanhou o time em campo e foi ficando mais entrosada e empolgada. As canções de torcida foram ficando mais frequentes e as reações coletivas mais uníssonas. No meio da galera, um dos mais empolgados era Mário Brévis, de 57 anos, que logo nos primeiros minutos de 2º tempo lançou um olhar místico para a TV e bradou: "Vai ter gol nos 25 minutos. Eu profetizo".
Dito e feito. Aos 25 do 2º, Jhon Arias bateu o pênalti que deu início às comemorações dos fanáticos tricolores nesta tarde. Daí até o segundo gol, aos 44 com chute de John Kennedy, foi só festa no Bar Flórida. Gritos, abraços, lágrimas de emoção e cerveja para o alto marcaram a celebração. Alguns sentiram o peito acelerar até demais, como o 'profeta' Seu Mário, que revelou ao fim do jogo: "Eu fiquei até preocupado. Senti a pressão subir bastante".
Depois de garantida a vitória, o clima aliviou e o torcedor celebrou tanto a vitória como sua acertada previsão. "Eu acertei o placar de um Fla-Flu uma vez. Falei que o gol ia sair aos 25:48 do segundo, e acertei. E hoje acertei de novo. Não é coincidência não; é a emoção, o prazer de ser tricolor", compartilhou Mário, que, apesar do susto, está com o coração tranquilo para sexta: "Eu estava nervoso era pra hoje. O que eu esperava já aconteceu".
Na opinião da torcida, os nomes do jogo foram o de Kennedy e do técnico Fernando Diniz, exaltado à heróis entre a torcida em Icaraí. "O JK tem que ser titular. Vimos um time muito nervoso no primeiro tempo, mas no segundo, com as mexidas do Diniz e com ele, o Fluminense jogou muito bem", comemorou o estudante de jornalismo João Victor Silva, de 20 anos, que, apesar de confiante para a final, se diz muito pé no chão para cravar uma vitória.
Outros torcedores já pareciam mais otimistas, como é o caso da jovem Marcella Lopes, de 24 anos. A torcedora, que tatuou a taça da Libertadores na panturrilha esquerda, já está com o espaço marcado para tatuar o troféu do Mundial na outra perna.
"Sendo bem sincera, no primeiro tempo eu não achei que o Fluminense deu tudo o que ele podia dar. Acho que estavam um pouco nervosos. Mas, enfim, no segundo tempo o Diniz conseguiu trabalhar o mental do time, principalmente, fez alterações que funcionaram e o John Kennedy é ídolo, não tem como! O Fluminense ganhou a Libertadores sem soberba, ganhamos agora sem soberba e, se Deus quiser, vamos ganhar o Mundial sem soberba", afirmou a jovem.
Quem também ficou bem feliz com o resultado desta tarde foi Francisco Pinto, de 57 anos, e sua esposa Antônia, de 47. Responsável pelo Bar Flórida, o casal, além de comemorar a vitória de seu time, viu seu estabelecimento encher em plena segunda.
A lotação é comum para eles em dias de grandes jogos para o tricolor das Laranjeiras. Francisco explica que o espaço é antigo e não tinha muita tradição com o público esportivo, mas que foi se transformando em point tricolor naturalmente desde que ele assumiu a casa.
"Eu tinha um outro bar e já tínhamos um encontro dos tricolores lá. Quando eu vim para cá, eles acabaram vindo também. Um fala para outro, vai vindo gente, depois pintou esse lance das torcidas daqui. Aí agora toda vez que tem jogo do Fluminense a galera comparece assim", explica Francisco.
A grande disputa do Fluminense no Mundial acontece na sexta-feira (22). Às 15h, o time enfrenta um adversário ainda não definido e tenta levar para casa o primeiro título na competição internacional. A equipe pode enfrentar o inglês Manchester City ou o japonês Urawa Reds, a depender do resultado da semifinal disputada pelos dois nesta terça (19).