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Atleta olímpica refugiada de taekwondo treina em São Gonçalo

Esta é a terceira vez que a iraniana Dina Pouryounes vem ao país para ter acompanhamento com a equipe técnica através de um 'training camp'

relogio min de leitura | Escrito por Redação | 25 de janeiro de 2024 - 11:18
Atleta iraniana Dina Ouryounes
Atleta iraniana Dina Ouryounes -

A iraniana Dina Pouryounes, 32 anos, atleta refugiada do Comitê Olímpico Internacional (COI) escolheu o Brasil para intensificar os treinos e garantir uma vaga nas Olimpíadas de 2024. E é com o acolhimento da equipe do projeto "Energia pra Vencer - Craque Olímpico” que ela tem treinado diariamente no CT Craque do Amanhã, nas dependências do Sesi, no Centro de São Gonçalo, na companhia dos atletas da seleção brasileira de taekwondo.

Esta é a terceira vez que ela vem ao país para ter acompanhamento com a equipe técnica através de um 'training camp' (ou campo de treinamento em português), oportunidade de desenvolver habilidades técnicas com infraestrutura de treinamento além da troca experiências com vários atletas.


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"Nunca me senti tão bem em um país como me sinto aqui no Brasil. Sempre fui muito acolhida com bons treinos e amizade de todos. Sempre que vou embora quero logo retornar para treinar minhas habilidades com a equipe que conheci assistindo vídeos de treinamento nas redes sociais", conta Dina, se referindo aos profissionais do projeto que também atuam em seleções nacionais, como é o caso do Diego Ribeiro, Mayra Ishibashi e o coordenador Ariel Longo.

Imagem ilustrativa da imagem Atleta olímpica refugiada de taekwondo treina em São Gonçalo

O treino é puxado e essencial para que atletas de alta performance tenham preparo e condicionamento físico acima da média, fatos determinantes para o sucesso de um atleta no cenário competitivo, tanto que no último ano atletas da equipe "Energia para Vencer" conquistaram 346 medalhas em competições nacionais e internacionais, além de garantirem a convocação para os Jogos Pan-Americanos e Camping Olímpico da Confederação.

“É importante pra ela enquanto profissional de alta performance e para nós sabermos que uma atleta estrangeira nos escolheu no meio de tantos profissionais para treina-la. Ela disse que nos acompanhava no Instagram, via meus vídeos de treino com os atletas olímpicos e se interessou em vir para o Brasil para treinar com a gente. Esse suporte full time é essencial para a qualificação do atleta e pode ser garantia de boas colocações nas competições", explica o preparador fisico Ariel.

História de vida

O esporte desempenha um papel importante na vida da Dina. Ela começou a praticar o taekwondo aos três anos de idade porque os pais são professores da modalidade e a partir dos oito começou a colecionar medalhas em campeonatos regionais, chegando a ser membro da seleção iraniana por oito anos até passar pela experiência de ser forçada a deixar amigos e familiares na sua terra natal, o Irã, em 2014.

"Não foi uma decisão fácil mas por problemas políticos tive que deixar tudo pra trás e ir em busca dos meus sonhos. Além disso, eu apanhava do meu treinador diariamente então não tive mais condições de continuar por lá. O taekwondo é muito importante pra mim, se não fosse importante eu não teria o porque largar minha família no Irã. Minha vida é feita de pequenas escolhas", conta emocionada.

Apenas no ano seguinte conseguiu ser uma atleta federada pela Holanda e logo garantiu sua primeira medalha internacional no Aberto da Polônia enquanto ainda vivia em um centro de exilados. Ela acabou se estabelecendo no país e começou a receber uma bolsa de 1.000€ (mil euros) para se manter e continuar sua carreira esportiva como atleta de taekwondo treinando sozinha e sem apoio técnico dentro de seu apartamento. De la pra cá, a lutadora da categoria de -46kg e -49kg alcançou o 3º lugar do mundo, ganhou 55 medalhas no ranking mundial, participou das Olimpíadas de Tóquio em 2021 e está classificada como número 3 no ranking mundial de taekwondo, além de ser vice-campeã no Campeonato da Europa de 2018. Em 2017, ela ganhou seu primeiro Aberto da Turquia, um dos torneios de classificação mais difíceis do mundo e se tornou a primeira atleta refugiada a competir em um campeonato mundial de taekwondo.

O Projeto Energia pra Vencer

O projeto "Energia para Vencer", que tem como madrinha a judoca Rafaela Silva, garante apoio aos 20 atletas de alto rendimento de taekwondo, judô e natação, tendo acesso a uma academia personalizada com estrutura diferenciada para o desenvolvimento esportivo; custeio de hospedagem, transporte, taxas e inscrições para participações em competições nacionais e internacionais além de acesso a equipe multidisciplinar composto por preparador físico; nutricionista; fisioterapeuta; dentista; psicólogo; treinador; fisiologista; custeio de hospedagem, transporte, taxas e inscrições para participações em competições nacionais e internacionais.

Com menos de um ano de execução, o projeto Energia para Vencer já vem chamando atenção nos bastidores olímpicos, com toda infraestrutura oferecida aos seus atletas. Nos Jogos Pan-Americanos de 2023, realizado na cidade de Santiago, no Chile, entre os dias 20 de outubro e 5 de novembro, o projeto teve 6 atletas convocados para a competição: Rafaela Silva (Judô); Gabrielle Assis da Silva (Natação); Paulo Ricardo Souza de Melo (Taekwondo); Henrique Marques Rodrigues Fernandes Taekwondo); Gabriele Cristina Ribeiro de Siqueira (Taekwondo); Edival Marques Quirino Pontes (Taekwondo), conquistando 5 medalhas: 3 de ouro, 1 de prata e uma de bronze.

O gestor do projeto conta que os resultados alcançados no curto período de trabalho foram além das expectativas. “Estamos alcançando resultados incríveis. Temos uma estrutura de primeiro mundo, um alto investimento, e o apoio da Enel é de extrema importância para colocar o Brasil na briga com as grandes potências mundiais. Isso mostra que se mais empresas investissem em projetos sérios, o Brasil se torna imbatível. Temos muitos talentos que precisam de apoio”, disse Felipe Espose.

O projeto é patrocinado pela ENEL Distribuição Rio e integra o projeto socioesportivo Craque do Amanhã que atende mais de 2500 famílias nas cinco unidades presentes atualmente em São Gonçalo, Caxias, Belfort Roxo e Santa Izabel, em São Paulo e tem como padrinhos os jogadores de futebol Ibson, Vagner Love, Éverton Ribeiro, Paulo Henrique Ganso e a atriz Juliana Paes.

Além do apoio aos 20 atletas de alto rendimento, o projeto ainda atende cerca de 50 crianças com transtorno do espectro autista (TEA), através de atividades psicomotoras. Além disso, jovens que fazem parte do projeto Craque do Amanhã recebem aulas de reforço escolar de matemática, português e oficinas de robótica através da Firjan SESI e cursos de qualificação profissional, por intermédio da Firjan SENAI. A intenção é ampliar as oportunidades de inserção dos estudantes no mercado de trabalho.

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