Morador de São Gonçalo disputa maior desafio de triatlo do Brasil
Marinheiro da reserva é único atleta da região selecionado para Ultraman Brasil, maior campeonato de ultra distância da América Latina

Um triatleta de São Gonçalo está entre os poucos selecionados para disputar uma das competições mais desafiadoras do mundo. O marinheiro da reserva José Waldez Guimarães Junior, morador do Zé Garoto, vai para Ubatuba, em São Paulo, no início de abril para disputar o Ultraman Brasil, edição brasileira da maior prova de triatlo de longa distância do mundo. Ao todo, ele vai precisar percorrer 515 km para enfrentar o desafio.
Nascido no Pará, o oficial superior da Marinha, de 54 anos, mora em São Gonçalo desde a juventude e é o único morador do município a integrar a lista dos 45 atletas escolhidos para enfrentar o desafio. Dividida em três dias, a prova inclui um desafio de 10 km de natação e 145 km de ciclismo no primeiro dia, 276 km de ciclismo no segundo e, por fim, uma maratona dupla, com 84 km de corrida, no último dia.
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A prova marca a consolidação da breve, mas vitoriosa trajetória do paraquedista no triatlo. Desde que se aposentou, em 2017, Waldez, que faz parte da equipe Ezk Team decidiu se dedicar a realizar o sonho de se tornar triatleta competitivo. Ele já participou de cinco edições do Ironman, segunda maior prova de longa distância do triatlo, atrás apenas do Ultrama - além de una dezena de participações no Ironman 70.3, versão reduzida da prova.



“Eu me lembro de, ainda quando era capitão de fragata, já pensar em virar triatleta. Eu já estava completando o meu tempo e até podia continuar [na Marinha], mas queria ter a experiência de ser triatleta. Os colegas da Marinha normalmente querem ser almirante; já eu queria ser um Ironman”, narra Waldez. Depois de realizar o sonho do Ironman, que soma mais de 225 km de percurso, ele seguiu disputando em torneios da modalidade até surgir a oportunidade de participar do Ultra.
Criada no Havaí, a prova tem o objetivo de “testar todos os limites” dos triatletas, como conta Waldez. Diferente do IronMan, que costuma contar com cerca de 2 mil participantes, o Ultraman inclui um detalhado processo seletivo para participação. Antes de ser selecionado para o evento, Waldez precisou enviar um currículo e participou de uma entrevista com a organização para comprovar sua experiência como triatleta.

“Quando você lê o termo de responsabilidade, fica até difícil de assinar, porque tem muitos riscos. O esforço pode gerar um problema muito sério. Você tem que treinar muito, porque corre um risco de exaustão profunda, de desidratação, de insolação…”, explica o oficial de reserva. Para se preparar, ele tem mantido, desde o ano passado, uma regrada agenda de treinamento, que inclui preparação para as três modalidades na orla da Boa Viagem, em Niterói.
Para os treinos, ele costuma contar com a companhia da esposa, Valéria Moreira, de 50 anos, que também é atleta e já venceu duas competições de aquatlo. “Eu não faço todas as modalidades que ele faz, mas sempre venho treinar. É muito bom. Quando a gente tá triste ou preocupado, a gente descarrega tudo aqui”, conta Valéria.

Ela vai acompanhá-lo no início do mês que vem para a prova em Ubatuba. O torneio acontece entre os dias 11 e 13 de abril; todas as provas começam em Ubatuba, mas algumas chegam a cruzar a fronteira - com etapas de ciclismo passando por Paraty, no Rio de Janeiro, por exemplo. Ao fim do torneio, no dia 14, acontece a cerimônia de premiação. No entanto, o foco não é celebrar quem foi melhor, como destaca Waldez.
“Não tem a ver com ganhar. É muito mais do que só o desafio. É um esporte que te faz descobrir os limites, perceber coisas que você não sabia que era capaz de fazer. E aí ultrapassa a fronteira do esporte. Quando você termina uma prova, você pensa: ‘poxa, se posso no esporte, então em outras coisas da vida eu também posso ir além’. Além disso, a gente também acaba motivando outras pessoas a irem atrás da superação”, completa o triatleta.