Justiça determina que Cláudia Leitte se manifeste em até 15 dias no inquérito de suposto racismo religioso
O inquérito diz respeito ao caso envolvendo a alteração da letra da música “Caranguejo”, em que a artista substitui a referência à Yemanjá por “Yeshua”, em alusão a Jesus Cristo
O Ministério Público do Estado da Bahia (MPBA) determinou que a cantora Cláudia Leitte se manifeste, em até 15 dias, no inquérito aberto para apurar eventuais danos morais à honra e dignidade das religiões de matriz africana.
O inquérito diz respeito à alteração da letra da música “Caranguejo”, em que a artista substitui a referência à orixá Yemanjá por “Yeshua”, em alusão a Jesus Cristo, durantes suas apresentações. Além do procedimento, o MPBA marcou uma audiência pública sobre o assunto para janeiro e determinou que a cantora se manifeste sobre os fatos.
A portaria expedida também prevê a oitiva [procedimento legal que consiste em ouvir testemunhas, partes ou peritos] dos compositores da música “Caranguejo”. A audiência pública está marcada para o dia 27 de janeiro, às 14h, no auditório da sede do Ministério Público da Bahia, em Salvador. Um edital convocando a participação na audiência será publicado na próxima semana, segundo o ministério.
Leia também:
Cotada no BBB25, Daniele Hypólito pede exoneração de cargo no governo do Rio
Entenda do caso
Vídeos de shows da cantora realizados em dezembro passaram a "viralizar" nas redes. Neles, a artista aparece substituindo o trecho original “Saudando a rainha Iemanjá” por “Eu canto meu Rei Yeshua”, uma ação que gerou polêmica e foi amplamente criticada por líderes religiosos e especialistas em cultura afro-brasileira.
A alteração na letra da canção ocorre em um contexto específico, uma vez que Claudia Leitte se converteu, em 2014, e desde então se considera evangélica.
De acordo com o MP, a investigação foi motivada após uma representação feita pela Iyalorixá Jaciara Ribeiro e pelo Idafro. O inquérito civil foi aberto pela Promotoria de Justiça de Combate ao Racismo e à Intolerância Religiosa do Ministério Público do Estado da Bahia.
A polêmica surge em um momento em que a cidade de Salvador comemora os 40 anos do movimento 'Axé Music', um dos maiores expoentes da música popular brasileira. À época, o secretário de Cultura e Turismo de Salvador, Pedro Tourinho, criticou a atitude da cantora e se posicionou contra a remoção dos nomes de orixás de músicas que originalmente os mencionam.
Confira a nota do MPBA na íntegra:
“O Ministério Público do Estado da Bahia informa que instaurou nesta quarta-feira, dia 8, um inquérito civil para apurar eventual responsabilidade da cantora Cláudia Leitte por danos morais causados à honra e dignidade das religiões de matriz africana. A apuração diz respeito à alteração da letra da canção “Caranguejo”, em que o termo “Yemanjá” teria sido substituído por “Yeshu’a”.
A portaria expedida pelo MPBA estabelece um prazo de 15 dias para que a cantora apresente sua manifestação sobre os fatos relatados. O documento também determina a realização de uma oitiva com os compositores da música “Caranguejo” e a realização de uma audiência pública para o dia 27 de janeiro de 2025, às 14h, no auditório da sede do Ministério Público da Bahia, localizado no bairro de Nazaré, em Salvador.
Na próxima semana será divulgado o edital de convocação da audiência pública. O MPBA ressalta que o inquérito civil foi instaurado após representação formulada pela Iyalorixá Jaciara Ribeiro e pelo Idafro”.