Reviravoltas, sabor e tradição no Bar da Baiana do Porto do Rosa; conheça!
Série de reportagens 'A História de Cada lugar' resgata a trajetória da gastronomia local na região
Quem passa pela BR-101, na altura do Porto do Rosa, já consegue avistar a grande tenda na rua. Se for dia de samba, de futebol ou uma noite de calor, daquelas que 'pede' uma cerveja com os amigos, o grande movimento do lugar chama a atenção. Mas, se o local virou, recentemente, point dos jovens, a tradição e a história impediu que os mais velhos deixassem de frequentar seu bar do coração.
Enquanto agrada gregos e troianos, ou jovens e idosos, o tradicional Bar da Baiana, que existe desde 1997, em pleno 2023 está no auge da sua 'juventude'. Cheio de novidades, inovações e mimos para os gonçalenses, o estabelecimento, carregado de memória e emoção, abriu as portas para a equipe de O SÃO GONÇALO contar um pouco de sua história na série de reportagens que contará o trajetória da gastronomia de São Gonçalo e região metropolitana.
Origem
Fundado em 1997, por Miguelina Ribeiro dos Santos, uma baiana oriunda de Elísio Medrado, uma cidade pequena no interior do estado, o Bar da Baiana, que no início era na verdade um trailer, já chegou agradando pelo tempero arretado e o cardápio de "levantar defunto". Estrategicamente instalado ao lado de um campo de futebol, a gastronomia da mulher, mãe de dois meninos, logo virou o prato perfeito para o pós jogo da rapaziada.
Contudo, em 2010 a baiana faleceu. A rapaziada, que frequentava o local semanalmente pós jogo, já levava filhos e netos ao estabelecimento. Por isso, os filhos dela resolveram então, que as portas não poderiam ser fechadas. O Bar da Baiana, virou um novo Bar da Baiana. Sem ela, mas com o tempero ensinado por ela.
Série 'A HISTÓRIA DE CADA LUGAR' reconta a origem e os bastidores da gastronomia regional
Assim, para cumprir tabela e honrar seus clientes, João Vinícius Noberto, de 38 anos, filho mais velho da baiana, e sua esposa, Aline Ferreira, de 34, mantiveram a casa aberta. Mas não deixaram seus trabalhos fixos. O bar ainda não era o sustento daquela familia.
"Eles abriam de duas a três vezes por semana. Para atender o público do futebol mesmo. Eram pessoas que já vinham acompanhados dos netos, semanalmente, e meu irmão e minha cunhada seguiram para não deixar esses fiéis clientes sem o local. Era para manter o trabalho da minha mãe. Nada além disso", contou Rafael Noberto, de 34 anos, caçula da baiana.
Pandemia mudou o rumo da história
Mas, o legado da nordestina seria muito maior. Eles só não sabiam disso ainda! Até que em 2020, em plena pandemia, tudo mudou. Rafael, someliê de vinhos; João, barman. Ambos desempregados já nos primeiros meses da pandemia. João já era pai; Rafael estava com a esposa grávida de seis meses. E aí eles pensaram: porque não?
"Tínhamos menos de dois mil reais. Mas, assim, era tudo que a gente tinha mesmo. Raspamos tudo que tinha guardado e resolvemos arriscar. Fazer do bar o nosso sustento. Nossa ideia era usar nosso conhecimento técnico no assunto de bar, restaurante, e aplicar aqui. Com muita qualidade e preço baixo. Para que o público de São Gonçalo tivesse acesso a bons produtos, pagando pouco. Era para fazer do nosso bar, um local que se destacasse pelo diferencial que apresentava" contou Rafael.
E assim surgiu o novo Bar da Baiana.
Um bar instagramável
Tudo igual, mesmo sendo diferente.
Letreiros luminosos, paredes de madeiras, grana sintética e diversos pontos 'instagramáveis'. Baiane-se, como mandam as placas no local.
Drinks bonitos - e muito gostosos-, servidos em taças. Petiscos fáceis de comer, de dividir e com preço baixo. Sai as refeições completas, entra o prato para petiscar. Sai as antigas mesas de ferro, entram as mesas bistrô, feitas em madeira. As cervejas populares dividem a geladeira com as cervejas gourmet. O som do rádio a pilha deu lugar ao soar do tantã, do repique e do pandeiro, todas as quintas-feiras, quando tem uma roda de samba na rua, com músicos da cidade, que recebem convidados, cantam o que gostam e fazem do bar um verdadeiro terreiro de samba, tal qual aqueles que acontecem em tradicionais pontos do Rio de Janeiro e da Baixada Fluminense.
No primeiro final de semana da nova era do bar os irmãos, que trabalham junto com a Aline, - esposa de um, cunhada do outro-, resolveram arriscar. Dezoito quilos de peixe para os dois dias do final de semana. Venderam tudo em uma hora e meia. Chegaram a vender 180 quilos de peixe por dia. Mas, agora o peixe só é vendido em porção, como gorjão.
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De lá para cá, o local só cresceu. Mas, para atender a demanda os proprietários precisaram ir se adequando. "O bar da minha mãe era conhecido por ter a cerveja mais gelada da região. Quando a gente funcionava até tarde e abria no dia seguinte para almoço, a cerveja não tinha tempo de gelar. Tivemos que ir fazendo escolhas e com isso, passamos a abrir somente a noite", explicou o Rafael.
Geração de empregos
Hoje, além de música de qualidade, televisões espalhadas para garantir uma boa visão a todos que acompanham o futebol na casa, e cerveja gelada, o local ainda oferece uma comida que se destaca pelo tempero e pelo preço. Atualmente, o Bar da Baiana é o sustento de seus dois filhos e de mais um monte de famílias, que trabalham no local. Entre garçons, cozinheiros, ajudantes e seguranças, o local tem uma equipe de dezenas de pessoas.
As porções mais baratas são batata frita e tábua de frios. Elas custam R$25. As mais caras são as de peixe, carne seca e contrafilé, que custam R$45. Contudo, todas são bem servidas e com ótima aparência.
"Nossa ideia é que com R$50, um casal coma, beba, ouça uma boa música e saia satisfeito", garantiu Rafael.
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Resenha degustativa
A carne seca servida com farofa e aipim frito é divina. A carne é desfiada e temperada na medida certa. Suculenta e com bastante cebola, o petisco faz o maior sucesso.
Mas, o peixe... não é atoa que vendiam 180 quilos por dia. Temperado a perfeição. Fritura crocante, sequinha e limpa. A farinha do empanado foi servida dourada, como tem que ser. O peixe, molhadinho, com a carne branca e um toque de limão sentido já na primeira mordida.
Mas, o destaque da casa são os drinks. Servidos em copos de 700ml, os drinks custam em média R$10. Um preço muito abaixo do comum. A caipirinha da casa, desenvolvida pelo João, é uma obra de arte. Não que essa pobre repórter que vos escreve tenha bebido álcool em serviço! Mas se eu tivesse provado, eu diria que ela é perfeita.
Mesmo servida em copo descartável, o cliente recebe o produto decorado com folhas de hortelã e pimenta biquinho. Você sabe que está boa antes mesmo de provar. O cheiro é incrível.
Os drinks também podem ser comprados na taça por um valor maior, e o cliente pode levar a taça de acrílico para casa.
Serviço
O bar funciona de quarta a domingo, das 18h às 3h, na Avenida Progresso, 2158. Porto do Rosa, São Gonçalo.
➢ Este artigo não é um texto publicitário e reflete a opinião da repórter no momento em que visitou o estabelecimento. Valores e condições de atendimento podem sofrer alterações algum tempo depois da publicação.