Restaurante traz a culinária do Oriente Médio para Niterói; conheça Donna Zaya!
Esta é mais uma reportagem da série 'A História de Cada Lugar'
Para muitos moradores da Região Metropolitana, o mais próximo de uma experiência com a culinária árabe que se pode ter em Niterói ou São Gonçalo é uma esfiha de fast food ou um quibe na padaria. Foi para quebrar essa barreira e trazer um pouco mais do sabor do Oriente Médio para cá que os proprietários da Donna Zaya inauguraram o espaço, aberto desde março de 2022, em Pendotiba, Niterói.
Quem conhece os detalhes do restaurante árabe, da decoração ao tempero dos pratos, pode até imaginar que o estabelecimento seja fruto da ideia de imigrantes ou descendentes orientais que morem na região. Na verdade, porém, o espaço foi idealizado por um grupo bem brasileiro, que não só não tem nenhuma relação familiar com a Arábia como também sequer colocaram os pés em algum território próximo aos que compõem o Oriente Médio.
"Eu e Carol somos apreciadores da culinária árabe. A gente sempre gostou, íamos para São Paulo comer em restaurantes do estilo lá. Daí surgiu a ideia, justamente porque não tinha por aqui. Você tem lugares que até vendem um ou outro prato, mas não um restaurante inteiro", explica o publicitário João Augusto Oliveira, de 46 anos, que idealizou a casa junto da esposa, a psicóloga Carolina Serravalle, de 43 anos.
Eles administram o espaço com outro casal de sócios: o também publicitário Léo Moreira, de 43 anos, irmão de João, e a decoradora Michelle Chermautt, de 46 anos. Juntos, há 10 anos, eles cuidam de uma rede de restaurantes que começou com a primeira unidade da pizzaria Donna Toscana. Na época, a ideia surgiu de maneira parecida.
"Nós, os quatro sócios, frequentávamos um country club aqui ao lado e nossos amigos saíam do clube chamando para ir comer pizza no Rio. E a gente não queria sair, depois de um dia inteiro de atividades, para ir ao Rio. Aí nós vimos a oportunidade de abrir a pizzaria em Pendotiba, onde tudo começou", relembra João. Hoje, a rede conta com quatro pizzarias em Niterói, uma unidade da Donna Grill e a Zaya.
Mesmo com a experiência em outros points gastronômicos, abrir o restaurante árabe foi um passo bastante desafiador, não apenas pelas especificidades de um cardápio estrangeiro como pela reputação das experiências bem-sucedidas da rede. "Se você abre para o público sem ficar sabendo exatamente como tudo vai funcionar, você ‘queima’ a casa. E a gente já tinha o nome Donna Toscana a zelar, então não podíamos falhar", relata Carolina.
Como tudo começou
Uma das estratégias para evitar que isso acontecesse foi contar com o apoio de um consultor libanês para ensiná-los a fazer o que já sabiam comer. Depois do treinamento com ele, vieram os jantares de teste com amigos e familiares, que experimentaram os pratos antes de todo mundo para saberem se a casa estava pronta para ser aberta.
O casal relembra que, insatisfeitos com o resultado inicial em um desses jantares, preferiram ter o prejuízo de adiar a inauguração prevista do restaurante para acertar os detalhes que faltavam. Na opinião deles, a decisão poupou possíveis dores de cabeça após a abertura.
Com a estreia da Donna Zaya, chegaram ao estabelecimento não só antigos amantes da culinária árabe como também curiosos. "Já tínhamos feito uma pesquisa de mercado para saber se tinha público para isso aqui. Não adianta eu gostar e abrir só por isso. Depois que abrimos, a gente descobriu que tem muita gente que gosta e muita gente que nem sabia e gosta", compartilha João.
Há também, eles não negam, aqueles clientes que optam por se arriscar menos com os sabores mais conhecidos, como os adultos que escolhem o filé com fritas do menu infantil. Apesar disso, ter “gostinho” da cultura árabe é inevitável mesmo para quem só entra no espaço e não come nada. Da iluminação aos tapetes e pratos na parede, a viagem a Arábia começa na decoração, escolhida a dedo pelos proprietários.
Decoração diferenciada e votação democrática na escolha do nome
“Zaya”, variante da palavra árabe “zahrah”, significa “sorte” ou “flor que floresce”
“A maior parte da decoração fui eu quem planejei. Queria tudo que remetesse ao Líbano. As crianças quando vêm gostam muito das lâmpadas, lembram do Aladdin”, conta, orgulhosa, Carolina. E, realmente, a lâmpada mágica como a da animação da Disney chama atenção na parede de lâmpadas e itens decorativos por detrás de uma das mesas. A ideia, explica o casal de sócios, nem era necessariamente ter um espaço instagramável. Ainda assim, a parede acabou se tornando o atrativo para os afeitos às redes sociais que visitam o local.
Outra coisa que foi escolhida com muito cuidado foi o nome da casa. “Escolhemos por votação, entre nós quatro. Ah, nossos filhos também fizeram parte do processo”, conta Carolina. No fim, foi eleito o nome “Zaya”, variante da palavra árabe “zahrah”, que significa “sorte” ou “flor que floresce”. À sorte do nome árabe, eles somaram o “Donna” da rede de restaurantes, que, para eles, também significa sorte, de certa forma. “Deu certo e deu sorte”, reforça João.
Resenha degustativa
Há diversas maneiras de abordar o cardápio da Donna Zaya e combinar suas opções de aperitivos, entrada, pratos e sobremesas. Uma das escolhas mais interessantes no menu, porém, é o Menu Degustação, que abarca os sabores mais característicos da culinária árabe em um só pedido.
É uma excelente opção tanto para quem vai em grupo porque agrada tanto os curiosos indecisos que querem provar de tudo quanto os de paladar mais assustado, que podem, com o Degustação, se ater a receitas mais familiares como o kibe e o kafta.
Falando neles, aliás, são uma delícia. O kafta é muitíssimo bem temperado e não sacrifica o sabor da carne pelo gosto aromático da hortelã como fazem algumas das tentativas brasileiras de replicar o prato. O kibe também é uma sutil reeducação no paladar acostumado com os kibes de padaria - que também são deliciosos à sua maneira, mas que não costumam ter o apimentado árabe e a crocância peculiar dos oferecidos pelo restaurante em Pendotiba.
Os veganos podem ficar com os falafels, que, neste Menu Degustação em especial, cumprem bem o papel de combinarem com as pastas e molhos. Estes, por sua vez, parecem representar bem o escopo dos sabores árabes. O hommus e a babaganoush são os mais "coringa", combinam bem boa parte das opções do Menu. Já a acidez da coalhada seca e a conversa entre nozes e pimenta no muhammara despertam reações um pouco mais específicas e bastante saborosas.
Apesar dos sabores fortes, nenhum deles abusa; são temperos pontuais, nunca exagerados, que acabam gerando um impacto bem mais imediato e sutil do que se espera de culinárias orientais. E, se tem um sabor que, mesmo sutil, se destaca no prato, é o do mjadra, o arroz com lentilhas decorado com cebolas fritas. É uma delícia; a secura inevitável da mistura pode ser reparada pelos molhos e pastas do menu e, sinceramente, nem atrapalha graças ao sabor agradável da combinação, que faz ainda um dos melhores usos possíveis de canela em um prato salgado.
Destacam-se ainda no Degustação os "charutos" de folhas de repolho e os de folha de uva. Além da divertida textura dos enrolados e do sabor do tomate no molho que acompanha, eles se complementam entre si em uma dinâmica bem peculiar, da surpreendente delicadeza no repolho ao adocicado estimulante da folha de uva. É um Menu Degustação bem acessível, que traz um pouco de cada canto do cardápio por um bom custo-benefício, além de alimentar bem de 2 a 3 pessoas.
Depois dele, ainda vale a pena pedir uma sobremesa para adoçar o fim da visita. Os menos curiosos ficarão mais que satisfeitos com as esfihas doces abertas, enquanto quem curtiu o clima de viagem gastronômica também deve sair feliz com uma das sobremesas típicas: o ninho árabe de nozes, o balorie de pistache ou o folhado balewa. São três sobremesas finas e sofisticadas para comer com as mãos, um contraste divertido que encerra bem a noite no espaço em Pendotiba.
Serviço
Donna Zaya fica localizado na Estrada Caetano Monteiro, n° 164, e todos os dias. De segunda à sexta, o espaço fica aberto de 18h às 00h; já aos sábados e domingos, de 11h à 00h.
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➢ Este artigo não é um texto publicitário e reflete a opinião do repórter no momento em que visitou o estabelecimento. Valores e condições de atendimento podem sofrer alterações algum tempo depois da publicação.