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Uma lenda nas praias de Niterói: conheça o sanduíche natural do Marcelo!

Esta é mais uma reportagem da série gastronômica 'A História de Cada Lugar'

relogio min de leitura | Escrito por Renata Sena | 14 de abril de 2023 - 13:28
Marcelo Torres da Costa
Marcelo Torres da Costa -

"Olá, meu amiguinho! Sanduíche natural e mate?" Foi assim, com abordagem gentil, bebida gelada e sanduíche inovador, e de qualidade, que o Marcelo dominou as areias das praias de Niterói. Se você é do 'lado de cá da poça',  certamente sabe do que estamos falando. Mas, você conhece a história do Marcelo? O homem que dominou o cardápio das praias niteroienses e criou a tradição de que praia só é praia se tiver sanduíche e mate já chegou até às areias das praias da Barra da Tijuca. E nesta semana, o criador do sanduíche mais famoso de Niterói abriu o baú de memórias e contou para a série 'A História de Cada Lugar' como tudo começou, lá em 1984.

Nascido no Morro Souza Soares, em Santa Rosa, Niterói, aos sete anos de idade, Marcelo Torres da Costa, hoje com 57 anos, perdeu o pai e passou a morar no Sapê, em Pendotiba. Caçula de oito irmãos, foi criado pela mãe, que lutava como doméstica para garantir o sustento do lar. A realidade difícil, e comum na região, fez com que os irmãos precisassem trabalhar cedo. E assim, Marcelo iniciou seu caminho de vitória, na areia da Praia de Camboinhas, na Região Oceânica de Niterói.

Em 1984, com 17 para 18 anos, Marcelo passou a vender sanduíches em Camboinhas. Antes, chegou a vender refrigerantes e salgadinhos. Ele, e o irmão Sérgio - que também ficou conhecido por vender os sanduíches - iam de ônibus até Itaipu, e de lá seguiam para a praia vizinha.

Imagem ilustrativa da imagem Uma lenda nas praias de Niterói: conheça o sanduíche natural do Marcelo!
 

"A gente colocava os sanduíches nas cestas e jogava para o alto para atravessar o canal. Passamos por muitos perrengues, vimos muitas coisas ruins ali. Teve um dia que eu estava atravessando o canal com todos os sanduíches na cesta e veio uma onda e molhou tudo. Dali a gente já voltou pra casa, sem poder vender nada. Mas, na maioria das vezes, era uma aventura legal. Eu conheci muita gente, a gente se apoiava e muitos vendedores que começaram comigo ainda trabalham no ramo", relembrou Marcelo.

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Marcelo começou vendendo os sanduíches que a irmã fazia. No início eram cerca de 30 sanduíches por dia. Mas a produção logo foi crescendo e ele mesmo passou a produzir seus produtos. Mas, engana-se quem pensa que os sanduíches eram diferentes do que conhecemos hoje. A estrela das areias de Niterói, já nasceu como vemos atualmente. Talvez, lembra Marcelo, um pouco mais 'magro'. Mas o estilo, sabor e produtos, já eram os mesmos.

Em 1985, um ano após o seu início, Marcelo trocou as areias de Camboinhas pelas areias de Itacoatiara. Mas, os frequentadores da primeira praia não poderiam ficar órfãos do sandubão, não é mesmo? E, por isso, ele já colocou o primeiro revendedor do Sanduíche do Marcelo. Nesse mesmo período, surgiu o mate como a bebida escolhida para acompanhar o sanduba.

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Enquanto seguia abordando e apresentando seu produto para os clientes em Itacoatiara, quem já conhecia seguia comprando em Camboinhas. Não demorou muito para Marcelo perceber que se produzisse mais, ele venderia mais. E foi aumentando a produção, chamando a família para ajudar e contratando funcionários. Itaipu e Piratininga também passaram a receber os sanduíches e, em pouco tempo, todas areias das praias de Niterói eram 'pintadas' com o amarelo das blusas dos vendedores do Marcelo.

"O sanduíche mudou a minha vida e a vida da minha família. Sérgio, meu irmão que já faleceu, também construiu a vida dele nas areias da praia. Tudo o que tenho hoje, eu consegui através do trabalho, da dedicação e da venda dos sanduíches e mate", relembrou Marcelo, que aproveitou para negar o boato de que ele e o irmão não se falavam por causa das vendas nas praias.

"Os vendedores do Sérgio usavam a roupa azul e existia aquela competição legal, a concorrência. Mas era na areia. Em casa, sempre fomos amigos e parceiros", explicou Marcelo, que após 15 anos de venda nas praias passou a se dedicar exclusivamente à produção do produto, deixando a venda com seus representantes.  

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Se no início Marcelo chegou a se dividir entre um emprego CLT e a venda dos sanduíches, atualmente o homem se divide para conseguir participar de todos os processos que envolvem, desde a compra dos insumos até a produção dos sanduíches. A rotina começa antes das 4h da manhã, na fábrica no Sapê, e vai até à noite.

"Todos os dias, os produtos que chegam à areia das praias são frescos. Nenhum sanduíche de praia é reaproveitado no dia seguinte. Quando sobra algum, a gente doa ali perto da fábrica mesmo, para as crianças da região", contou.

Produção e mais produção

A produção do sanduba foi crescendo de forma progressiva. Se a irmã fazia 30 sanduíches por dia, e às vezes sobrava, Marcelo passou a preparar 500  para vender junto com seus colaboradores. Contudo, atualmente, em um final de semana de verão, a equipe chega a vender 2 mil sanduíches por dia.

Com 10 opções de sabores, nos pães branco ou integral, embalados no papel exclusivo do Marcelo, o sanduíche saiu das praias e passou a ser revendido em comércios de Niterói e São Gonçalo.

Mas, a 'joia' de Niterói atravessou a poça e já é produzida e vendida nas areias das praias da Barra da Tijuca. "Meu filho produz e vende lá. Ele, claro, segue nossos padrões, com os mesmos ingredientes e produtos de qualidade. O mesmo sanduíche que você come aqui, pode comer lá", garantiu Marcelo, que tem três filhos.

Preocupação Ambiental

Mesmo no início da trajetória, Marcelo fazia sua parte para ajudar seu entorno. "Eu era moleque quando, me chamou pra sair das ruas, onde só queria brincar, e ir trabalhar. Eu ia para Itacoatiara limpar a praia", contou Ângelo Gomes, de 28 anos, que trabalha com Marcelo há 15.

Marcelo contou que contratou Javali, como o jovem é conhecido, para retirar copos descartáveis e laminados dos sanduíches das areias, já que alguns consumidores não recolhiam seus lixos. Mas, a preocupação não parou e logo depois, a embalagem precisou ser alterada.

"Quando a limpeza na praia passou a ser rotina, eu consegui mudar o papel laminado pelo papel encerado, para cuidar do meio ambiente e tirar tanto laminado de circulação", explicou Marcelo.

RESENHA DEGUSTATIVA
 

Vou dizer para vocês que essa é uma das resenhas que estou tendo mais dificuldade para escrever. O motivo é simples: todo mundo sabe que o sanduíche do Marcelo é uma mistura perfeita entre tradição, sabor e conforto.

Apesar de o nome popular ser sanduíche natural, o tradicional sanduba da praia leva maionese e catupiry. Natural, não é, sabemos! Mas, fresco e de qualidade, eu posso garantir. O sanduíche do Marcelo apresenta um cardápio que agrada a quase todos os paladares, com ingredientes de qualidade e misturas perfeitas.

Com proteínas como frango, ovo e peito de peru, os sabores são desenvolvidos com azeitona, passas, cenoura e ameixa. Cada sanduíche tem uma opção com uma ou duas proteínas e alguns acompanhamentos.

Imagem ilustrativa da imagem Uma lenda nas praias de Niterói: conheça o sanduíche natural do Marcelo!
 

O sanduíche tem um pão de qualidade, que apesar de fresco, consegue segurar todos os recheios, tem um frango, ou peito de peru, desfiado, que apesar de não ter molho ou caldo, é suculento. Tem a cremosidade da maionese ou do catupiry, que é abundante, mas na medida que não torna enjoativo, e a batata palha, que traz a crocância, e o 'salzinho' do sanduba.

Além dos ingredientes padrão, os 'complementos', como azeitona, ovo de codorna, cenoura e ameixa, garantem a 'personalização' do sanduíche e permitem que você e seus amigos comam a mesma coisa, com sabores completamente diferentes.

Outro destaque que preciso pontuar, é que os sanduíches pesam mais de 300g e podem substituir facilmente uma refeição.

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Agora, e o mate? Gente, vocês sabem que a erva mate pode amargar se fervida em demasia? Pois é. Esse é um dos segredos para o fato de que seu mate não fique igual aos vendidos na praia. Mas, tudo bem! Você sabe que não pode ferver muito, - há quem diga que sequer pode ferver, na verdade-, mas o tempo de infusão faz diferença no sabor e, por isso, quase sempre os mates que fazemos em casa tem sabores diferentes de um dia para o outro.

Mas aí eu pergunto: como os do Marcelo são sempre perfeitos?

O mate tem a cor âmbar, sem ser forte demais. Tem uma intensidade característica, que pode ser quebrada com o limão, tem o açúcar na medida... É a mistura perfeita e transforma qualquer dia de praia numa maravilhosa experiência gastronômica.

Não é à toa que o Marcelo dominou o ramo e segue trabalhando, e crescendo, até hoje.

Ah, um detalhe: após anos sem vender nas areias, o Marcelo pegou o isopor, colocou a camisa amarela e foi na areia de Camboinhas conversar com a nossa equipe. O bordão que ele usava para abordar seus clientes, o que eu usei para abrir o texto, foi logo relembrado por um outro vendedor de praia, que relembrou como era corrido o início do trajeto deles juntos. 


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➢ Este artigo não é um texto publicitário e reflete a opinião da repórter no momento da entrevista. Valores e condições de atendimento podem sofrer alterações algum tempo depois da publicação. 

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