Obras do Hospital da Mãe estão paradas há oito anos e população de SG lamenta: 'Descaso'
Hoje, é possível ver o esqueleto da construção abandonado em meio a entulhos
Diversas pessoas denunciam, por dia, os leitos dos hospitais cada vez mais cheios no município de São Gonçalo. Pensando nisso, em 2013, a Secretaria Estadual de Saúde anunciou a construção do Hospital da Mãe, no Colubandê, em São Gonçalo. A ideia com o novo projeto era 'aliviar' os outros hospitais da município que atendem à mulher, principalmente a maternidade municipal, no Alcântara. O Hospital da Mãe, no entanto, não foi concluído. Hoje, é possível ver o esqueleto da construção em meio a entulhos, abandonado.
No local onde seria construído o hospital, é possível ver plantas crescendo ao redor, além de pichações e entulhos. O abandono é completo. A situação causa a indignação do povo gonçalense e, principalmente, do público que seria o mais beneficiado com a nova unidade de saúde: as mulheres.
É o caso da enfermeira Mara Feitosa, de 42 anos, que enxerga de perto como a saúde está sobrecarregada na região. "Eu acho que esse abandono é um descaso com a saúde pública e com o ser humano. Com certeza, se o Hospital da Mãe estivesse pronto, hoje, ele estaria aliviando a saúde de outras unidades de saúde do município, principalmente nessa época de Covid, onde os leitos ficam cheios. O Hospital da Mãe estaria fazendo a diferença na saúde", contou ela.
Há cerca de cinco anos, o aposentado Luiz Batista dos Reis, de 63 anos, para na estrada com o objetivo de comprar cocos em um caminhão que fica estacionado de frente para o esqueleto do Hospital da Mãe. Então, com o tempo, ele foi vendo o abandono com a construção crescendo cada vez mais. "Eu venho aqui cerca de duas ou três vezes na semana há cinco anos comprar os cocos e eu nunca vi ninguém vir aqui. O local está cheio de entulho e, se a unidade estivesse pronta, poderia ajudar na enorme dificuldade da pandemia, já que as mulheres teriam seus partos aqui e não correriam tanto o risco da doença numa unidade de saúde normal", disse.
O aposentado ainda contou que perdeu um parente para a Covid recentemente por causa do estado das unidades de saúde de São Gonçalo. "Hoje eu perdi um parente que estava com Covid. A filha dele o encaminhou para uma cidade de Minas, onde ela mora, pois aqui em São Gonçalo não tinha leitos. Ele acabou não resistindo e o médico disse que a distância de cá para Minas ajudou na piora de seu quadro de saúde", relatou.
Construção do hospital
Em matérias anteriores feitas por O SÃO GONÇALO, ficou explicado como funcionaria o Hospital da Mãe em São Gonçalo: no primeiro andar, ficaria a recepção, a área de espera, os consultórios, quatro salas equipadas com ultrassom, Raios- X, entre outras dependências. Já no segundo andar, funcionariam 40 quartos com capacidade para dois leitos cada, totalizando 80 leitos. O terceiro pavimento abrigaria seis UTI’s para as mães, além de quarto de isolamento e um materno. No quarto andar, estariam localizadas 14 salas de pré-parto, parto e pós-parto; três salas de parto cirúrgico e uma sala para parto normal. Haveria, ainda, um espaço para observação do recém-nascido.
Procurada sobre o caso, a Secretaria Estadual de Saúde (SES) contou, por telefone, que ainda não tem um prazo para o retorno das obras no Hospital da Mãe, principalmente com o agravante pandemia.