Em vistoria, vereador encontra alimentos estragados que seriam destinados à merenda em São Gonçalo
Sacos de arroz e fubá estavam contaminados e próximos da data de validade
O vereador Romário Regis realizou uma vistoria em algumas escolas municipais nessa segunda-feira (19) com o objetivo de verificar as condições sanitárias para continuidade do sistema híbrido de educação (com aulas online e presencial). Durante a fiscalização, foi descoberto que, além de poucos profissionais de limpeza para a sanitização constante dos espaços das unidades, alguns alimentos destinados para a merenda dos alunos estavam próximos da data de validade, como feijão, e outros, como sacos de arroz e fubá, estavam com larvas.
Ao todo, o vereador, acompanhado de diretores do Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação do Rio de Janeiro (Sepe) de São Gonçalo, Luiz Cláudio Almeida e Thiago Paz, visitou sete escolas, sendo elas: a Escola Municipal Castello Branco, no Boaçu; a Escola Municipal Mentor Couto, no Califórnia; a Escola Municipal Estephania de Carvalho, no Laranjal; o Jardim de Infância Menino Jesus, no Zé Garoto; Escola Municipal Prefeito Nicanor Ferreira Nunes, no Jardim Catarina; Escola Municipal José Manna Junior, no Antonina; e a Escola Municipal Paulo Reglus Neves Freire, no Portão do Rosa e diversos problemas foram detectados.
"Não achamos alimentos vencidos, mas que estavam por vencer no dia de hoje. Em várias escolas, por exemplo, o feijão venceria hoje (20), algumas instituições teriam que descartar o alimento e outras escolas conseguiriam aproveitar, mas era um feijão que chegou há menos de dois meses e tinha a data de validade com problema. Sobre o caso mais grave da alimentação, foi que no Paulo Freire, no Porto do Rosa, tinha uma escola com arroz e fubá com traças. Conseguimos fiscalizar e verificamos que haviam itens com bichos e falamos com a direção para que o material fosse descartado, mas é uma cena muito grave. Em outra denúncia, foi informado que alguns alunos que voltaram para as escolas no sistema híbrido anteriormente recebiam merenda fria, além de biscoitos e sucos, mesmo tendo carne em vários freezers", explicou Romário Regis.
"Sobre funcionários de limpeza, quase todas as escolas têm um número de funcionários de limpeza menor do que o necessário nesses tempos de pandemia. Por exemplo, a Castelo Branco tem dois profissionais de limpeza para uma escola com mais de 1.500 alunos, uma escola enorme que precisaria de uma demanda maior de profissionais de limpeza porque, se estamos numa crise sanitária, a sanitização precisa ser constante. Com dois profissionais de limpeza, a sanitização não ocorre de forma correta e adequada", acrescentou o vereador.
Segundo Romário, essa é apenas a primeira das diversas vistorias que o vereador e o SEPE farão juntos. "Vamos fazer outra vistoria nesta quinta-feira (22) e isso vai virar uma rotina, vamos fazer duas vezes por semana uma circulação em torno de sete escolas por dia, ou seja, 14 por semana. Depois da visitação, faremos um relatório com os principais pontos e encaminharemos esse documento para a Secretária de Educação do município, para a Comissão de Educação da Câmara de Vereadores, para o Conselho Municipal de Educação e para o Ministério Público", informou.
O vereador ainda afirmou que atua em duas frentes na fiscalização da volta às aulas. "Vemos os protocolos sanitários, de merenda e alimentação, mas, ao mesmo tempo, vemos também a parte de sistema híbrido para saber como está a adesão de alunos que não estão indo para a escola. Na maioria das escolas, por exemplo, nas que eu fui ontem (19), quase 70% das crianças não estão indo para as aulas presenciais. E aí a pergunta é: dessas 70%, quantas estão aderindo ao programa híbrido online? Ou se não estão, isso seria por qual razão? E aí descobrir se é pela falta de internet, se é falta de algum tipo de estrutura e aí a fiscalização também in loco dessas famílias que não tem estrutura pra poder participar da aula online. Então, são essas duas características de fiscalização que a gente tá fazendo", contou ele, que incentiva a população a denunciar casos do tipo.
Maria do Nascimento, representante do SEPE-SG, também foi ouvida por O SÃO GONÇALO. Ela informou que a situação dos alimentos foi uma surpresa para a categoria deles. "Para todos nós foi uma triste surpresa, já que foi deliberada na assembleia, do dia 15 de abril, a corrida às escolas para ajudar a verificar o cumprimento dos protocolos de alimentação e isso também foi proposto e aceito pelos vereadores na audiência pública da educação, que ocorreu no dia 22 de março. Qualquer cidadão têm o direito de saber a qualidade dos alimentos que serão servidos aos seus filhos. Em relação a isso, soubemos da informação de que algumas escolas estavam recebendo merenda fria e não estavam com aulas presenciais, isso seria um desperdício de alimentos e do dinheiro público. O SEPE fez algumas visitas e constatou que em algumas escolas faltam alimentos e em outras está sobrando, porém a grande preocupação está na validade de alguns gêneros, tivemos a informação de que alguns vencerão em dois ou três dias. Outro problema é que muitos pais ainda não receberam o cartão alimentação e outros disseram que receberam de apenas um dos filhos, sendo que têm casos de famílias com dois, três e quatro filhos. O SEPE estará enviando todas as informações ao Conselho de Alimentação Escolar para que o Conselho tome as medidas cabíveis", relatou.
Sobre o caso dos profissionais de limpeza, ela explicou um pouco da dinâmica da categoria que ocorre no município de São Gonçalo. "Existe uma grande carência dessa categoria nas escolas. Muitas vezes, as escolas recebem o funcionário que geralmente é DAS (sem concurso público), mas, ao chegar lá para trabalhar, este se recusa a ficar na limpeza e, então, sai da escola ou acaba ficando em outra função, e, com isso, a carência vai se mantendo", justificou ela.
Procurada, a Secretaria Municipal de Educação, por meio da Prefeitura Municipal de São Gonçalo, informou que "equipes de nutricionistas realizam visitas semanais às unidades de ensino, para avaliar as condições dos alimentos. Caso encontrem algum tipo de alimento impróprio ao consumo dos alunos, o mesmo é descartado. A secretaria lembra que as unidades ficaram fechadas em função das medidas restritivas de combate ao coronavírus, o que gerou atrasos na checagem semanal e que itens em estoque em algumas unidades foram adquiridos antes da atual gestão, sem que houvesse tempo hábil para sua utilização, tendo em vista a suspensão do retorno às aulas no início do período letivo".