Você sabia? Partes do Cristo Redentor, que completa 90 anos hoje, foram feitas em São Gonçalo
Monumento mais famoso do Brasil completa 90 anos nesta terça-feira (12)

Quem passa pela Rua Heitor Levy, no bairro Barro Vermelho, em São Gonçalo, talvez não saiba que o local tem uma forte ligação com o Cristo Redentor, que completa 90 anos nesta terça-feira (12). O monumento, que é o principal símbolo do Brasil, teve sua cabeça esculpida em São Gonçalo antes de se juntar ao restante do corpo, no Morro do Corcovado, no Rio.
Conhecido como "pai do Cristo Redentor", o arquiteto brasileiro Heitor Levy foi um dos responsáveis por coordenar a construção da estátua, que é reconhecida como uma das sete maravilhas do mundo moderno. Com materiais provenientes da França, a cabeça do Cristo Redentor foi montada em São Gonçalo, no Barro Vermelho, pelo artista romeno Gheorghe Leonida.
Heitor Levy se entregou de corpo e alma ao principal projeto de sua vida: a construção da estátua que se tornaria o principal símbolo do país. Seu engajamento com a obra foi tanto que cedeu uma de suas chácaras, localizada em São Gonçalo, para que os moldes e partes do monumento pudessem ser confeccionados antes de serem levados ao Morro do Corcovado. Assim, a cabeça do Cristo foi projetada entre as ruas Siqueira Campos e Heitor Levy, que recebeu esse nome em homenagem ao arquiteto.
Composta por 50 peças e pesando 30 tonelas, a cabeça foi a primeira parte do monumento a ser concluída, norteando todo o restante do corpo. A parte externa do monumento é revestida com de inúmeros pequenos mosaicos formados de pedra-sabão, material resistente ao tempo e às variações de temperatura. A cabeça tem uma leve inclinação, fazendo com que o Cristo olhe para baixo, reverenciando e abençoando a cidade do Rio de Janeiro.
Apesar de ser judeu, Heitor Levy estabeleceu uma relação muito forte com o monumento, fazendo com que posteriormente ele se convertesse ao cristianismo. Ainda durante as obras, o arquiteto concretou no coração do Cristo uma garrafa, onde pôs um pergaminho com os nomes de seus ascendentes e descendentes.

História do Cristo Redentor
As primeiras discussões sobre a construção de uma estátua no alto do Morro do Corcovado, no Rio, começaram ainda na época do império. Abolicionistas desejaram homenagear a princesa Isabel, com uma estátua após ela ter assinado a Lei Áurea, declarando o fim da escravidão no Brasil. Por conta disso, ela ficou conhecida como "a redentora".
No entanto, em documento de 2 de agosto de 1888, a princesa sugeriu aos idealizadores da proposta que fosse feita uma estátua em homenagem a Jesus Cristo, o qual afirmou ser o "verdadeiro redentor dos homens". Apesar disso, o projeto iniciou-se apenas em 1921, após discussões entre autoridades do governo carioca. Em 1923, foi realizado um concurso para escolher a imagem que seria construída, tendo vencido a proposta de Heitor da Silva Costa, que trabalhou junto com o xará Heitor Levy.
A construção do Cristo Redentor só foi iniciada, de fato, em 1926, após uma longa campanha da igreja católica no Brasil para arrecadação de doações de fieis para financiar as obras. Em 1931, o projeto foi inaugurado oficialmente com a presença de autoridades, entre elas o então presidente da República, Getúlio Vargas.
Em 2011, uma pesquisa de opinião feita pela internet e divulgada pelo Jornal do Brasil apontou que o Cristo Redentor é considerado como o maior símbolo da América Latina. O monumento recebe, em média, dois milhões de turistas por ano. Em 2012 a Unesco considerou o Cristo Redentor como parte da paisagem do Rio de Janeiro, incluída na lista de Patrimônios da Humanidade.

Um Cristo Redentor para chamar de nosso!
Após 46 anos da primeira parte do Cristo Redentor ter sido construída em São Gonçalo, gonçalenses do bairro Porto da Pedra se organizaram para criar uma estátua própria, similar à original, mas de menor proporção. Em 1977, com a visita do Papa João Paulo II ao Brasil, o casal José Alves de Azevedo e Elvira Santos de Azevedo tiveram a iniciativa de criar uma estátua na a esquina da Av. Joaquim de Oliveira com a Rua Governador Macedo Soares.
Na imagem, está fixado um pedestal de mármore com as inscrições “Homenagem ao Papa João Paulo II em Visita ao Brasil em 02-10-1997” na parte de cima, e “In Memorian Padre Eugênio 02-10-1997” na parte de baixo. Além do Papa, o monumento também homenageou o cônego Eugênio Moreira, muito popular na cidade, que morreu no dia 3 de julho daquele ano.
O local se transformou em um "ponto turístico" do bairro, sendo visitado por fieis que costumam celebrar missas e outras ações ao pé da estátua. O monumento também é um ponto de referência do bairro, sendo motivo de muito orgulho para os criadores e moradores do Porto da Pedra.