Petição pública pede pela manutenção das atividades do Hospital Orêncio de Freitas

Quase 1.200 pessoas assinaram uma petição pública online que pede que a Fundação Municipal de Saúde de Niterói não feche o Hospital Orêncio de Freitas, conhecido como Hospital dos Marítimos. Os boatos de que o hospital seria fechado começaram dentro da própria unidade e se espalharam pelo Barreto, segundo informações de funcionários do local. O hospital tem mais de 80 anos de história e é referência em cirurgia gástricas até fora do eixo Niterói/ São Gonçalo. 

Uma equipe do OSG esteve no hospital nesta terça-feira (30) e constatou que o clima entre os funcionários era de medo. Alguns temem não saber para onde serão mandados após o fechamento do hospital e outros temem que a população local sofra ao ficar sem os serviços oferecidos pela unidade de saúde. 

Jorge Luis de Oliveira Sampaio, de 41 anos, atua como atendente da unidade há seis anos. Ele está inconformado com a notícia do fechamento do hospital. 

“Fiquei sabendo da situação por comentários dentro do hospital mesmo, mas a informação oficial foi repassada apenas pela chefia, em reuniões. Ainda não nos informaram para onde seremos mandados após o fechamento disso aqui. Eu me sinto rejeitado, abandonado, quem manda no serviço público agora são aqueles com cargos comissionados. Eu sou concurso, mas e o pessoal que não é? O que vai ser deles?”, afirmou o morador do Fonseca, em Niterói.

Jorge afirma que os funcionários do hospital estão buscando contorna a situação por meio dos abaixo-assinados. 

“Temos um online e temos um outro físico que fica aqui na unidade. Todos tem mais de mil assinatura e é a nossa forma de tentar salvar a unidade de saúde. Fico pensando no que vão fazer com os equipamentos novos que chegaram, ia abrir um segundo centro cirúrgico aqui na unidade que é referência em cirurgias abdominais, ginecológicas e outras”, afirmou ele.

O hospital tem mais de 80 anos de história |  Foto: Filipe Aguiar

Geraldo do Nascimento, de 60 anos, conta que não sabe o que seria da vida de sua sogra hoje sem o hospital em questão. Isso porque em maio ela teve complicações na bexiga e precisava de uma cirurgia. A idosa de 80 anos foi encaminhado para aqui, mesmo morando em Silva Jardim, e passou por uma cirurgia na bexiga. 

“Eu não sabia que o hospital ia fechar, estou sabendo agora e é uma notícia triste pra mim que acompanhei a situação da minha sogra. Eu falo por ela, já que ela fez o tratamento dela aqui, a cirurgia, ficou internada e hoje ainda recebe o suporte. Ela foi bem tratada e todas as colegas de quarto dela aqui na unidade falam a mesma coisa, nunca vi ninguém reclamar. Não tínhamos dinheiro para pagar o tratamento dela e aqui fomos recebidos bem e tivemos todo o suporto. Sem esse hospital, a minha sogra não estaria viva, devo muito a eles e fico triste de quererem fechá-lo”, afirmou o mecânico aposentado. 

Lidiane Nogueira dos Santos, de 48 anos, também contou que seu filho hoje está bem graças ao hospital em questão. O jovem, que hoje tem 25 anos, precisou passar por uma cirurgia de apêndice em 2018 e foi salvo pelos médicos. Hoje, ele retornou ao hospital para verificar um problema na barriga. 

“Nós moramos na Região Oceânica de Niterói e fomos encaminhados para cá pelo Hospital Mário Monteiro, quando meu filho deu entrada lá com o problema no apêndice. Aqui, ele foi atendido e fizeram uma cirurgia, agora todo problema na barriga dele temos que vir aqui, pois foi onde ele foi operado. Vai ser complicado para nós se isso aqui fechar, vamos ter que achar outro lugar para cuidar dele”, contou a doméstica. 

Procurada sobre o caso, a Prefeitura Municipal de Niterói negou a informação de que o hospital irá encerrar suas atividades. "A secretaria municipal de Saúde de Niterói esclarece que não procede a informação do fechamento do Hospital Orêncio de Freitas. A unidade segue em funcionamento normal, atendendo a população. A secretaria está realizando um estudo de qualificação da rede hospitalar e o Hospital Oceanico Gilson Cantarino irá realizar, a partir de 2022, cirurgias de câncer de mama, dentro das ações do Programa Niterói Mulher, que tem por objetivo melhoria no acesso de diagnóstico e no tratamento adequado", disse a nota do órgão.