Após ação na Justiça, obras no Vila Hulda passam por segunda fase, com previsão de conclusão em 2022, entenda!
O prefeito e o secretário de Desenvolvimento Urbano atuais fiscalizam as obras
Uma luz de esperança e felicidade invadiu a rotina dos moradores do Vila Hulda, sub-bairro de Rio do Ouro, que conseguiram ver a conclusão da primeira parte das obras de pavimentação, saneamento, urbanismo e iluminação do local, projeto que tanto ansiavam. A conquista foi resultado de muita luta, principalmente por parte dos participantes da associação de moradores do local, representados pelo músico profissional Celso Pontes, de 73 anos, que é deficiente visual. Há cerca de 18 anos, eles entraram com uma ação na justiça pedindo melhorias no bairro, que passava por diversos problemas, incluindo buracos, falta de acessibilidade e esgoto à céu aberto. Hoje, os moradores conseguem caminhar com tranquilidade pelo bairro e aguardam agora a segunda parte das obras ser finalizada, cujo início foi em outubro de 2021.
A ação judicial pedindo que a Prefeitura Municipal de São Gonçalo revitalizasse o espaço teve início em 2003 e foi acompanhada de perto pelo O SÃO GONÇALO. "Em 1982, eu comecei a trabalhar em um hotel e cassino em países como Europa, África, Ásia, mas, principalmente, pelo Oriente Médio e minha mãe continuou morando aqui. Lembro que a rua era muito boa, era de terra, mas era bem feita e bem acabada. Até que, quando eu voltei para cá no início dos anos 2000, vi que haviam diversos problemas que foram iniciados por tratores eleitoreiros. A rua passou a ter muitos buracos, esgoto a céu aberto, sem calçada, sem pavimentação e sem acessibilidade para mim que sou cego. O meu cão guia da época não queria nem sair de casa, pois tinha os buracos e um esgoto de uma ponta a outra da rua e ele não queria passar por isso. Foi quando eu entrei como uma ação no Ministério Público pedindo a revitalização do bairro que estava arruinado", contou Celso, que também é presidente da associação de moradores do local que trata de diversos temas do tipo.
Depois de muita batalha na Justiça e muitos pedidos de recursos da Prefeitura, no dia 8 de março de 2017, saiu o parecer: a prefeitura teria sim que revitalizar todo o espaço do sub-bairro, segundo decisão do juiz titular da Terceira Vara Cível Euclides de Lima Miranda. Na época, ainda foi dado um prazo para que essas obras tivessem início ou haveria uma multa diária de R$ 5 mil que seria paga pelo então prefeito José Luiz Nanci.
"A luta foi muito árdua, mas conseguimos. A prefeitura ainda tentou alegar que não tinha condições de realizar a obra e pediu para que a reparação do sub-bairro fosse dividida em duas, o que foi autorizado pelo juiz. Na ação, está escrito que eles deveriam criar um espaço de acessibilidade para mim, além de duas galerias fluviais para que o esgoto escoe e um centro de tratamento de esgoto", contou ele. Os dois primeiros itens dessa lista foram concluídos na primeira parte das obras, finalizada em 2019, mesmo com alguns atrasos. Agora, o local não alaga mais, tem escoamento de esgoto, que não fica mais à céu aberto, rampas para cadeiras de rodas, e foi colocado 420 metros de piso tátil, em cada lado da rua, até o ponto de ônibus mais próximo, que inclusive mudou de local para mais perto ainda do sub-bairro, facilitando a locomoção de Celso e de outros deficientes visuais que precisem passar pelo local.
"Eu me sinto muito feliz de ver como tudo está ocorrendo e como tenho sido bem assistido pela Justiça. Agora, até os mal humorados do bairro estão felizes (risos). Agora, temos calçada também e as pessoas podem passar com carrinhos de bebê. É muito bom ver tudo o que está sendo feito. Eu quero agradecer ao jornal O SÃO GONÇALO por todo o suporte desde 2003. Vocês fizeram uma pressão pública no caso e conseguiram nos ajudar. O meu advogado, nas audiências do caso, mencionava diretamente as reportagens feitas por vocês sobre o Vila Hulda e isso ajudou bastante, então, deixo os meus agradecimentos a todos", afirmou Celso.
As obras da segunda parte devem contar com a finalização de uma central de tratamento de esgoto no local, como determinado judicial, e com a revitalização de mais três ruas. O processo teve início no dia 25 de outubro de 2021 e vem sendo acompanhado de perto pelo prefeito Capitão Nelson e pelo secretário de Desenvolvimento Urbano, Júnior Barboza. A previsão para a conclusão dessa segunda parte é de 8 meses, finalizando em meados de 2022 e o valor do investimento feito pelo órgão público foi de R$ 3.591.811,69.