Navios à deriva na Baía de Guanabara são um perigo constante e imprevisível, diz especialista
Embarcações abandonadas podem causar acidentes com outros barcos e também desastres ambientais
min de leitura | Escrito por Lara Neves | 15 de novembro de 2022 - 12:14
A colisão de um navio à deriva na Ponte Rio-Niterói, no início da noite desta segunda-feira (14), acendeu um alerta sobre o perigo iminente que outras embarcações abandonadas na Baía de Guanabara podem causar.
Segundo a Marinha, o navio petroleiro 'São Luís' estava ancorado há seis anos. Este é um dos exemplos do que especialista estão chamando de "cemitério de embarcações", na Baía.
"Devido à oxidação, pelo tempo de abandono, uma embarcação à deriva pode ter sua âncora rompida. Sem controle, pode acabar atingindo um terminal de passageiro, uma área portuária ou até mesmo um navio que esteja navegando próximo", alerta Helvio Lopes, sócio-diretor da Aquafender do Brasil, empresa especializada em infraestrutura portuária e tecnologia subaquática.
A Marinha do Brasil informou, em nota, que um Inquérito sobre Acidentes e Fatos de Navegação (IAFN) será instaurado para apurar causas, circunstâncias e responsabilidades do acidente.
"A destinação da embarcação “SÃO LUÍS” é objeto de processo judicial. Enquanto aguarda a decisão judicial, a embarcação permanecia fundeada em local predefinido pela Autoridade Marítima, na Baía da Guanabara, desde fevereiro de 2016, sem oferecer riscos à navegação", disse em comunicado.
A ONG Movimentos Baía Viva já vem alertando, há anos, autoridades sobre o risco de novos desastres ambientais, como vazamento de óleo e de outras substâncias químicas e metais pesados, por conta da presença de muitas embarcações abandonadas.
"No Canal de São Lourenço, em Niterói, há cerca de três décadas mais de uma centena de barcos, chapas e outras embarcações de diferentes portes estão abandonadas, apodrecendo. Isso tem provocado crescentes impactos e prejuízos à pesca e o impedimento da navegação naquele trecho da Baía de Guanabara", aponta trecho de publicação feita pela ONG.
Especialistas afirmam que dezenas de navios ou peças de embarcações são abandonados nas águas da Baía de Guanabara por uma série de razões. Impedimentos com impostos ou tributos, problemas com manutenções e até falência são alguns dos motivos para o abandono.
Procurada pelo portal Metrópoles, o Inea informou que as embarcações localizadas na região são de responsabilidade do seu proprietário, independentemente do estado de conservação. Já a Companhia Docas do Rio de Janeiro sustentou que não há navios abandonados na área da Baía pertencentes aos portos do Rio e de Niterói.
A Marinha esclareceu que tem atribuição sobre os assuntos referentes à segurança da navegação, a salvaguarda da vida humana no mar e a prevenção da poluição hídrica.