UFRJ diz que governo federal bloqueou orçamento da universidade
Reitoria afirmou que R$ 9,4 milhões do orçamento discricionário da universidade foram bloqueados durante jogo do Brasil
A Reitoria da UFRJ disse ter sido surpreendida, na tarde desta segunda-feira (28), com a informação de que R$ 9,4 milhões do orçamento discricionário da universidade tinham sido bloqueados pelo governo federal.
"Enquanto o Brasil marcava gol contra a Suíça em jogo da Copa do Mundo, no Catar, o governo também marcava gol, mas contra a educação, ao operacionalizar novo contingenciamento que deixa o orçamento já manco da maior universidade federal do país em voo cego", relatou a universidade em publicação seu site.
A reitora da UFRJ, Denise Pires de Carvalho, considera o cenário dramático.
“A situação é muito grave. Se o bloqueio não for revertido, não teremos como pagar os salários de cerca de 900 profissionais extraquadros que complementam a mão de obra do Complexo Hospitalar e da Saúde da UFRJ, que conta com nove unidades, entre elas o Hospital Universitário Clementino Fraga Filho, o maior do estado do Rio em volume de consultas ambulatoriais, e a Maternidade Escola da UFRJ, terceiro maior centro do planeta no tratamento da doença trofoblástica gestacional, um tipo de tumor que pode evoluir para o câncer de placenta”, aponta.
“Além disso, o novo bloqueio afeta cerca de R$ 2 milhões que seriam investidos na conclusão de módulos laboratoriais do Museu Nacional/UFRJ”, complementa Denise.
O pró-reitor de Planejamento, Desenvolvimento e Finanças da UFRJ, Eduardo Raupp, espera que o desbloqueio ocorra o quanto antes, para que as atividades da universidade não sejam prejudicadas.
“No momento, a UFRJ empenhou todo orçamento possível e não conseguiu cobrir integralmente as despesas de outubro, muito menos de novembro e dezembro. As consequências podem ir desde paralisações pontuais de serviços até a confirmação de um déficit de mais de R$ 100 milhões que terá que ser atacado com o orçamento menor de 2023. Com certeza, isso tem impedido que façamos novas contratações programadas, como na área de combate a incêndios, manutenção predial, conservação de áreas verdes e muitas outras”, afirma.
Em outubro, entidades já teriam mencionado um bloqueio na verba das universidades. Na época, o ministro da Educação, Victor Godoy, alegou que não houve um corte, mas sim um limite na movimentação financeira até dezembro. Segundo ele, caso as UFs precisassem de verba acima do limite, poderiam procurar o próprio ministério.