Salgueiro sonha com Paraíso, mas dificuldades no desfile infernizam escola
"Delírios de um Paraíso Vermelho" se inspira em temas bíblicos e apocalípticos para falar sobre intolerância, moral e liberdade
Uma das mais tradicionais escolas do Grupo Especial, o Acadêmicos do Salgueiro levou seu 'paraíso' para a Sapucaí durante a madrugada desta segunda-feira (20/02) com o enredo "Delírios de um Paraíso Vermelho". Alguns problemas no andamento da performance, no entanto, transformaram a performance num pequeno inferno para a agremiação carioca.
A maior dificuldade da escola do Andaraí foi manobrar seus carros para entrar na Sapucaí. Seu desfile ambicioso tinha a proposta de acoplar alguns carros para formar enormes alegorias. O problema é que, em quatro ocasiões, os condutores não conseguiram entrar de primeira com os carros na avenida, deixando um longo buraco entre alas e setores.
Realizar a tal conexão entre os veículos também se provou um desafio para a equipe de apoio do Salgueiro. Uma das tentativas de acoplagem quase danificou um dos carros, que encostou nas grades várias vezes. Não há de se negar, porém, que ambição não faltou ao projeto. O abre-alas, por exemplo, foi o maior de todo o Grupo Especial no ano de 2023 até o momento.
O carnavalesco Edson Pereira contou ter se inspirado no trabalho do saudoso Joãozinho Trinta, considerado uma lenda do Carnaval, para criar o enredo, que utiliza o imaginário religioso para falar de certo e errado, intolerância e liberdade de expressão. Paraíso e inferno se misturaram na reflexão, que também carregava, de acordo com a equipe de organização da escola, um cunho social para trata de combate à desigualdades.
O célebre intérprete Quinho, conhecido por seu grito "explode coração" no início de cada apresentação da escola, não pôde cantar o tema desse ano por questões de saúde. Recentemente, ele descobriu um câncer de próstata, e vem lutando para se recuperar da doença desde então. Ainda assim, ele marcou presença na Sapucaí para lançar o grito de guerra da escola.
Ao OSG, ele comentou, antes do início do desfile, sobre os preparativos para o Carnaval desse ano. "Não participei de forma tão intensa como eu queria mas o enredo é maravilhoso e nós vamos mostrar o que é ser Salgueiro", afirmou. Neste ano, a escola contou com Emerson Dias na interpretação, além do apoio de Xande de Pilares, voz inconfundível do samba carioca, torcedor da escola desde a infância.
A bateria foi liderada pela rainha Vivianne Araújo, que voltou de um desfile na Mancha Verde, em São Paulo, diretamente para o sambódromo carioca. No Carnaval do ano passado, ela desfilou grávida de seu primeiro filho, Joaquim, que nasceu em setembro. "No último, ele estava aqui [no ventre]. Agora, ele está lá em casa. Eu acabo aqui e vou correndo para casa", revelou a musa do Salgueiro.
Ficha Técnica:
Presidente: André Vaz da Silva
Carnavalesco: Edson Pereira
Diretor de Carnaval: Julinho Fonseca
Samba de autoria de Moisés Santiago, Líbero, Serginho do Porto, Celino Dias, Aldir Senna, Orlando Ambrósio, Gilmar L. Silva e Marquinho Bombeiro
Intérprete: Emerson Dias
Mestres de Bateria: Guilherme e Gustavo
Rainha de Bateria: Viviane Araújo
Mestre-Sala e Porta Bandeira: Sidcley Santos e Marcella Alves